10/03/2020
Fonte: Jornal do Commercio
O PIB brasileiro encerrou 2019 com alta de 1,1% sobre 2018 e R$ 7,257 trilhões, conforme divulgado pelo IBGE, nesta quarta (4). Foi o terceiro ano seguido com desempenho positivo para a economia nacional, embora o índice de crescimento tenha ficado aquém dos registrados em 2017 e 2018 (ambos com +1,3%). O PIB per capita variou 0,3%, em termos reais, alcançando R$ 34.533, no ano passado.
A expansão foi sustentada basicamente pelo consumo das famílias (+1,8%), em detrimento da poupança – que recuou e 12,4% para 12,2% – e do consumo do governo (-0,4%), embora a formação bruta de capital fixo (+2,2%) tenha se mantido positiva, elevando taxa de investimentos de 15,2% para 15,4%. O dado negativo é que o PIB sofreu desaceleração entre o terceiro (+0,6%) e o quarto trimestre (+0,5%) – justamente o mais forte em datas sazonais e com maior apelo ao consumo.
O setor de serviços cresceu 1,3%, puxado por atividades de informação e comunicação (+4,1%), atividades imobiliárias (+2,3%), comércio (+1,8%), outras atividades de serviços (+1,3%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (+1%) e transporte, armazenagem e correio (+0,2%). A atividade de administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social se manteve estagnada no ano.
Na indústria, a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos cresceu 1,9% em relação a 2018, puxada pelo crescimento de 1,6% na construção. Já o destaque negativo ocorreu em indústrias extrativas, com queda de 1,1% no ano. Indústrias de transformação ficaram praticamente estáveis com incremento de 0,1%.
Na agropecuária, que tem um peso de apenas 5% no cálculo do PIB, os destaques foram lavouras como o milho (+ 23,6%) e expressivo ganho de produtividade. Algodão (+39,8%), laranja (+5,6%) e feijão (+2,2%) vieram em seguida. Em contrapartida, houve variação negativa nas culturas de café (-16,6%), arroz (-12,6%), soja (-3,7%) e cana (-1,0%). O desempenho da pecuária em 2019 foi influenciado positivamente pelo estreitamento da relação comercial com a China, por conta da peste suína no país asiático.
“São três anos de resultados positivos, mas o PIB ainda não anulou a queda de 2015 e 2016 e está no mesmo patamar do primeiro trimestre de 2013”, ponderou a coordenadora das Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, no texto postado no site do órgão. De acordo com a pesquisadora, a queda da inflação e dos juros ajudaram, assim como a liberação do FGTS e a recuperação do mercado de trabalho – apesar do avanço da informalidade.
Base apreciada
O presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Amazonas), Aderson Frota, disse ao Jornal do Commercio que a desaceleração sofrida pelo PIB nacional, entre o terceiro e o quarto trimestres, se deu em função de uma base de comparação mais forte em 2018, para o período que vai de outubro a dezembro. Lembrou ainda que o dado divulgado ontem pelo IBGE se refere a uma média nacional na qual o Amazonas, entre outros Estados, costuma ser um ponto fora da curva.
“O PIB reflete do quarto trimestre leva em conta a comparação com um período anterior em que já havia mais otimismo e consumo. Mas, é importante dizer que ainda não atravessamos totalmente o vale da crise, apesar de a recessão ter ficado para trás. Ainda estamos em um processo de recuperação de confiança e de investimentos. Devemos ter um arrefecimento nestes primeiros meses, em virtude da sazonalidade e das chuvas, mas o crescimento deve vir mais forte, a partir de maio, mês do Dia das Mães”, avaliou.
“Perspectivas alvissareiras”
No mesmo tom, o vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e presidente do SIMMMEM (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus), Nelson Azevedo, salientou ao Jornal do Commercio que, embora a primeira metade de 2019 tenha sido marcada pelo compasso de espera pela Reforma da Previdência e pelos atritos entre Executivo e Legislativo, a economia brasileira começou a deslanchar na segunda metade do ano, e as perspectivas são positivas para 2020, a despeito dos impactos econômicos do Covid 19.
“O setor voltou a crescer em 2019. É claro que essas questões do coronavírus e dólar, assim como os ataques à Zona Franca, preocupam a indústria de Manaus. Mas, nossas expectativas ainda são alvissareiras para o cenário econômico deste ano. já podemos ver uma demanda aquecida em nosso polo de componentes do PIM. Teremos ainda uma recuperação lenta, mas com um horizonte mais longo”, arrematou.