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Confiança recua na maior parte dos segmentos da indústria

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29/10/2021

Marco Dassori

A confiança da indústria caiu em 22 de seus 30 segmentos, em outubro. O destaque veio de “outros equipamentos de transporte”, que inclui o polo de duas rodas. O recuo foi disseminado em todos os portes de empresa – especialmente as pequenas – e na maior parte das regiões brasileiras. É o que mostra o ICEI (Índice de Confiança do Empresário Industrial), da CNI (Confederação Nacional da Indústria). A região Norte, contudo, foi ponto fora da curva, com aumentos nas variações mensal (+1,66%) e anual (+1,32%) no otimismo. O mesmo se deu entre vários subsetores que carreiam o PIM.

A entidade empresarial destaca que, a despeito do recuo generalizado, o indicador segue acima dos 50 pontos, em uma sinalização de que os empresários de todos os subsetores consultados se mostram confiantes, sendo o sexto mês seguido em que isso acontece, desde a segunda onda da pandemia. O indicador setorial, que sinaliza as mudanças de tendência da produção nas indústrias extrativa, da construção e da transformação, varia de 0 a 100 pontos, com uma linha de corte em 50, o que divide a confiança da falta de confiança.

Em 22 subsetores ouvidos pela CNI, a confiança continuou em queda. Os maiores retrocessos se deram em “outros equipamentos de transporte (-7,23% e 53,9 pontos), celulose, papel e produtos de papel (-4,96% e 55,5 pontos) e serviços especializados para construção (-4,58% e 54,2 pontos). Sete outros registraram variações positivas do ICEI em outubro, principalmente os de couro e artefatos de couro (+8,20% e 60,7 pontos), impressão e reprodução de gravações (+3,63% e 57,1 pontos) e móveis (+3,47% e 56,6 pontos).

Embora também tenham experimentado abalo no nível de otimismo, segmentos fortes no Polo Industrial de Manaus, como os de metalurgia (62 pontos) e de máquinas e equipamentos (60,3 pontos), estão entre os mais confiantes do Brasil, conforme o levantamento da CNI. Produtos químicos (57,7 pontos), artigos de material plástico (57,2 pontos), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (56,2 pontos), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e outros (55,4 pontos) e bebidas (53,7 pontos), entre outros, também fazem parte dessa lista.

Na sondagem da CNI, a região Norte é a única a aparecer com aumento na confiança (+1,66%), além de ter o escore mais alto da lista (61,2 pontos). Na outra ponta, a maior queda veio do Sul (-2,49% e pontos), enquanto o Nordeste (-1,89% e 57,2 pontos) ficou em último lugar, em termos de pontuação. Na sequência estão o Centro-Oeste (-0,51% e 58,1 pontos) e o Sudeste (-0,18% e 55,9 pontos). Na análise por porte, as pequenas empresas (56,9 pontos) diminuíram a confiança com mais força (-1,21%), do que as médias (-1,20% e 57,3 pontos) e grandes (-0,69% e 57,6 pontos).

Inflação e desabastecimento

Em texto e vídeo divulgado pela assessoria de imprensa da CNI, a economista da entidade, Larissa Nocko, reforça que os dados mais recentes do indicador se dão após uma queda mais forte e generalizada, no mês anterior. “Em setembro, houve uma queda que atingiu todos os segmentos. Em outubro, esse comportamento já foi mais heterogêneo. A gente nota que houve um recuo na indústria de transformação e na extrativa, apesar de não ter atingido todas as atividades. Já na indústria da construção houve uma expansão da confiança, ainda que não tenha incluído todas as suas atividades”, ponderou.

A economista avalia que o principal fator que motivou o tropeço na confiança industrial foi a percepção negativa sobre o presente, mas lembra que todos os segmentos seguem acima do patamar dos 50 pontos, indicando otimismo para os próximos seis meses. “Dos quatro elementos perguntados aos empresários, foram avaliadas de forma mais negativa as condições atuais da economia brasileira. Isso envolve um ambiente de incertezas, relacionado à elevada inflação, à necessidade de elevação de taxas de juros, etc. É o que tem puxado o indicador para baixo. Por outro lado, o que tem elevado a confiança é a expectativa, que se mantém positiva fortemente disseminada entre os subsetores, para os próximos meses”, amenizou

Larissa Nocko observa que normalmente o índice de expectativa do ICEI costuma contar com pontuações mais elevadas entre os empresários industriais, mas ressalva que há horizonte para otimismo. “Além dessa estimativa positiva intrínseca aos empreendedores, também se espera uma normalização dos preços e no fornecimento das matérias-primas, a partir da normalização das cadeias produtivas, que hoje se encontram descasadas em virtude dos efeitos da pandemia”, ressaltou.

Crise com investimentos

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e vice-diretor executivo da CNI, Antonio Silva, concorca que a queda generalizada na confiança dos empresários do setor é reflexo do atual momento de instabilidade econômica e política. Mas, ressalva que a região Norte foi a única do país a avançar no indicador e que isso tem “tudo a ver” com o crescimento dos investimentos aprovados pelas reuniões do CAS (Conselho de Administração da Suframa) e do Codam (Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas), neste ano.

“As medidas do governo para contenção da crise têm impactado negativamente o índice de confiança do empresariado. A desvalorização da moeda nacional e a crise de fornecimento de insumos têm implicações temerárias sobre o segmento. Há que se ressalvar, todavia, que o Polo Industrial de Manaus tem sustentado bons indicadores ao longo do ano, a despeito do cenário adverso”, analisou.

“Recuperação consistente”

Em nota, a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) respondeu à reportagem do Jornal do Commercio que o subsetor de duas rodas apresenta “recuperação consistente” dos níveis de produção de motocicletas e bicicletas. A entidade assinala que, no acumulado dos nove primeiros meses do ano, já foram produzidas 896,5 mil motocicletas, volume 29,3% superior ao registrado no mesmo período de 2020. “O resultado ultrapassa também em 7,2% o total produzido em 2019, período pré-pandêmico”, acrescentou.

No segmento de bicicletas, prossegue a entidade empresarial, já foram fabricadas 586,5 mil unidades, o que equivale a uma alta de 26,4% na comparação com o mesmo período de 2020. “Apesar de impactado pela falta de insumos, os números comprovam o esforço das fabricantes em atender ao mercado. Além disso, recentemente revisamos para cima as projeções para 2021. Com a nova previsão, deveremos fechar o ano com a produção de 1,22 milhão de motocicletas e 850 mil bicicletas”, finalizou.

Fonte: JCAM

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