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Confiança da indústria tem nova queda

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27/02/2014

Os motivos que levaram à desaceleração da indústria de transformação a partir do segundo semestre de 2013 continuam presentes neste início de ano e sinalizam que o setor terá reação pouco expressiva no primeiro trimestre, mesmo com a expectativa de desempenho positivo da produção em janeiro. A avaliação é de Aloisio Campelo, superintendente-adjunto de ciclos econômicos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).

Divulgado ontem pela FGV, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 1% entre janeiro e fevereiro, de 99,5 pontos para 98,5 pontos. Segundo Campelo, a deterioração nas avaliações sobre o nível de estoques, situação atual dos negócios, demanda interna e externa, produção prevista e expectativas é indício de que a relativa melhora da confiança observada no mês anterior foi motivada pela expansão da produção naquele período, sem apontar continuidade deste movimento.

Dentro do Índice de Situação Atual (ISA), que diminuiu 1,3% na passagem mensal, para 99,6 pontos, o superintendente destacou a influência negativa do indicador de estoques, que mede a diferença entre a proporção de empresas que têm mercadorias paradas em excesso e em nível insuficiente.

O indicador interrompeu a trajetória de queda que vinha desde outubro e subiu 2% em fevereiro sobre o mês anterior, com 8,7% das indústrias apontando inventários acima do desejado. Dos 14 gêneros industriais pesquisados, 7 tiveram aumento no índice de estoques este mês, enquanto 4 se consideraram superestocados: mecânica, produtos alimentícios, têxtil e material de transporte.

"A indústria parecia estar caminhando para ajustar seus estoques, mas o resultado deste mês foi pior novamente, então não está claro que o setor já tenha passado desta fase", afirmou Campelo. Para ele, o dado de fevereiro indica que a demanda voltou a enfraquecer.

Ante janeiro, o índice de demanda interna caiu 2,6%, para 97,2 pontos. Na comparação mensal, o percentual de empresas que percebem a demanda doméstica como fraca avançou de 10,1% para 13,9%.

Em relação à demanda externa, a retração do indicador foi de 4,5% em fevereiro, para 91,4 pontos. Essa tendência, de acordo com Campelo, pode estar associada à crise em países vizinhos, principalmente na Argentina.

O economista mencionou que os setores cuja avaliação sobre a demanda externa tiveram queda mais significativa na passagem mensal têm relações comerciais com o parceiro do Mercosul. São eles os segmentos de química (-78%); vestuário e calçados (-45,5%); metalúrgica (-40,4%) e material de transporte (-2,4%). "Mesmo com o câmbio mais depreciado, a indústria está demorando para recuperar espaço no mercado externo", disse.

Sobre o campo das expectativas - cujo indicador caiu 0,7% na passagem de janeiro para fevereiro, para 97,4 pontos - Campelo avaliou que o sinal é de que não haverá recuperação sustentável da indústria no primeiro semestre do ano, apesar de as perspectivas para a situação futura dos negócios num horizonte de seis meses terem melhorado

Fonte: Valor Econômico

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