03/09/2013
A variação cambial começa a pressionar para cima os preços dos bens de consumo duráveis produzidos no Polo Industrial de Manaus (PIM) que possuem alto nível de componentes importados.
Os impactos do aumento do dólar foram repassados aos varejistas em torno de 10% a 12%, principalmente, para os tablets e notebooks, afirma o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas (FCDL), Ezra Benzion.
“Não foi um reajuste na proporção da subida do dólar - acumulado de 10% desde o início do ano - mas os que têm a maior parte dos insumos importados tiveram aumento de até 12% para o consumidor”, afirma. Segundo Benzion, os televisores LED são alguns dos produtos que ainda não tiveram aumento ao consumidor.
“Os preços dos televisores ainda estão bastante competitivos, mas alguns celulares, por exemplo, que estavam vindo com desconto para o lojista, voltaram ao preço normal”, ressaltou.
A alta do dólar influencia diretamente na montagem de eletroeletrônicos no PIM, que utilizam de 60% a 70% de componentes importados, afirma o presidente da Associação Nacional de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula.
“A negociação com o varejo tem um atraso por causa dos estoques e do tempo de viagem, além disso, a concorrência não nos deixa repassar esse aumento imediatamente”, observa.
Segundo Kiçula, o repasse nos preços do televisor ainda não aconteceu porque alguns fabricantes ainda possuem estoque ou preferem baixar a margem de lucro. “Os televisores serão muito impactados no preço, já que são 14 milhões de unidades fabricadas no PIM, mas o repasse não ocorreu ainda por causa de estoque ou porque a fabricante resolveu segurar os reajustes”, afirma.
Baixo estoque
Na avaliação do presidente do Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus (Sinaees), Celso Piacentini, as empresas do PIM não possuem estoque e por isso não têm como não repassar os impactos da desvalorização do real.
“Todo mundo trabalha apertado, ninguém trabalha mais com estoque, por isso das compras feitas com o câmbio em alta já estão sendo sentidos”, destacou.
Os produtos mais afetadostêm maior nível de importação. Um televisor que possui 90% dos insumos importados terá um impacto maior do que a motocicleta com maior parte dos insumos nacionais.
“Depende do modelo e do nível de composição”, afirma o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco.
Grandes varejistas do País admitem correção dos preços
Os grandes varejistas do País admitem reajuste de preços para o consumidor com a variação cambial.
O CEO do Magazine Luiza, Marcelo Silva, disse que a companhia se esforça para evitar que o aumento de custos com componentes importados chegue ao consumidor, mas pela primeira vez admitiu que “vai chegar o momento” de um repasse.
Ideia semelhante foi expressa pelo vice-presidente de operações da ViaVarejo, Jorge Herzog. “Os fornecedores têm feito de tudo para repassar a alta dos componentes importados e até aqui nós temos conseguido frear, mas, se o câmbio continuar no atual patamar, é alto o risco de repasse”, disse.
O espaço para negociação entre as varejistas e fabricantes tem sido pequeno, e estes descartam por completo a possibilidade de os custos não serem repassados ou de os importados serem substituídos.
De acordo com o vice-presidente de Vendas, Novos Negócios e Supply Chain da Whirlpool, Sérgio Leme, os repasses devem começar a ser sentidos nos próximos meses. A companhia é a dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid.
No caso de itens de linha branca como geladeiras, fogões e lavadeiras, que a Whirlpool fabrica no Brasil importando apenas alguns componentes, Leme acredita que os preços podem subir até 5% considerando a manutenção do câmbio no patamar entre R$ 2,35 e R$ 2,40.
Fonte: Portal D24.com