10/10/2018
Notícia publicada pelo site Diário Comércio Indústria & Serviços
O volume do comércio entre o Brasil e os Estados Unidos (EUA), México e o Canadá aumentou 9% até setembro deste ano, contra igual período de 2017, para US$ 52,7 bilhões, puxado, principalmente, por uma alta de 15,7% nas importações brasileiras, para o montante de US$ 26,5 bilhões.
As vendas do País para a América do Norte também cresceram, mas em um ritmo menor (+3,2%,
para US$ 26,2 bilhões), fazendo com que o saldo casse
negativo em US$ 351 milhões.
Para Diego Coelho, coordenador do Observatório de Multinacionais da ESPM, a elevação das trocas
com os parceiros do Norte é positiva e mostra que há uma continuidade da recuperação da
corrente de comércio com a região. Em 2017, os negócios chegaram a avançaram 11,5%, para US$
48,3 bilhões, após perdas em 2015 (-15,7%) e 2016 (-10,2%).
Contudo, os rumos deste comércio são incertos. Segundo Coelho, as recentes declarações do
presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, apontam que o Brasil e a Índia podem ser os
próximos alvos da agenda comercial norte-americana.
Logo após o fechamento do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), que substituiu o
Nafta, na semana passada, Trump armou
que o Brasil “faz o que quer” nas suas relações
comerciais com os EUA e que é um dos países mais “duros” para se fazer negócios.
“Essa é uma declaração fortíssima. É um sinal de que o Brasil entra na agenda de negociações
comerciais de Trump”, ressalta Coelho. “Vamos ter que monitorar para ver se ele voltará ao assunto
nos próximos dias”, acrescenta.
Para o especialista da ESPM, ainda é difícil prever quais setores seriam tema das conversas de
Trump. Contudo, Coelho lembra que os produtos manufaturados são as principais mercadorias de
troca entre o Brasil e os EUA e que o setor automotivo é sempre objeto de discussão quando se
trata das negociações com a América do Norte.
“O Brasil é, de fato, um país protecionista. E talvez eles [os EUA] queiram discutir barreiras tarifárias.
No entanto, não é verdade que as empresas norte-americanas sofrem discriminação aqui. Pelo
contrário, elas até se beneciam
por sermos fechados, pois isso reduz a concorrência delas no
nosso mercado”, critica Coelho.
O professor do curso de economia da Faculdade Armando Alvares Penteado (FAAP), Johnny
Mendes, comenta que, apesar das incertezas, a perspectiva de crescimento de 1,2% do Produto
Interno Bruto (PIB) do Brasil este ano e de 2,2% em 2019, divulgada pelo Banco Mundial semana
passada, indica que o País tem espaço para avançar nas suas compras
“Apesar do Banco Mundial ter reduzido pela metade a sua projeção de PIB para o Brasil em 2018
[antes era de 2,4%], a expansão da economia cria boas expectativas de comércio”, diz Mendes.
“Para este ano, mesmo com as incertezas, a tendência é de continuidade do aumento do comércio
com os países da América do Norte, até porque os contratos já estão fechados”, completa o
professor da FAAP.
Enquanto o Brasil está superavitário com os EUA e o Canadá, tem décit
com o México. Até
setembro, o País tem saldo positivo de US$ 751 milhões com os Estados Unidos, resultado de uma
alta de 13,3% das importações (a US$ 21 bilhões) e acréscimo de 3% nas exportações (a US$ 20,5
bilhões).
Já com o Canadá, o saldo é de US$ 681 milhões, reetindo
elevação de 22,3% nas compras (a US$
1,6 bilhão) e expansão de 13% nas vendas (a US$ 2,3 bilhões). Por m,
o resultado do nosso
comércio com o México é negativo em US$ 477 milhões, diante de alta expressiva de 22% das
importações, (a US$ 3,7 bilhões), e crescimento de 2,3% (a US$ 3,3 bilhões) nas exportações. As
compras brasileiras de automóveis vindos do México puxaram o décit
com o país.
Na última sexta-feira, o Departamento de Comércio dos EUA informou que o décit comercial do país cresceu de US$ 50 bilhões em julho, para US$ 53 bilhões em agosto, diante de alta de 0,6% nas compras e queda de 0,8% nas vendas.