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Com vacina, consumidor vai voltar a fazer compra por impulso, diz presidente da Mondial

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21/01/2021

Fonte: Folha de S. Paulo 21/01/2021

Por Sheyla Santos

A vacina contra a Covid-19 vai fazer os consumidores retornarem às ruas, às vitrines e às compras por impulso, avalia o presidente da Mondial, Giovanni Marins Cardoso.

A empresa, que é líder brasileira na fabricação de eletrodomésticos portáteis, cresceu com o isolamento social na pandemia, apoiada nas vendas online: estima para 2020 um crescimento acima de 40% e um faturamento de R$ 3 bilhões. Em dezembro, comprou a fábrica da Sony na Zona Franca de Manaus.

Em entrevista dada à Folha em dezembro, antes do início da vacinação, Cardoso afirmou que mesmo em um cenário de retorno ao trabalho presencial, a descoberta do conforto do lar pelos brasileiros é um caminho sem volta.

Homem branco segura caixas de som pretas
Giovanni Cardoso, co-fundador da Mondial, no escritório em Alphaville - Gabriel Cabral - 21.dez.2020/Folhapress

Como foi o desempenho da Mondial na pandemia? A empresa encerra 2020 maior do que no ano anterior? A Mondial estima crescimento de 40% em 2020 na comparação com 2019 e um faturamento próximo a R$ 3 bilhões. Esperamos, ainda, obter um crescimento de 36% de participação de mercado no segmento de eletroportáteis.

O brasileiro descobriu o lar neste ano. O consumo das famílias com a casa normalmente é cerca de 12% do salário. No período da pandemia, subiu de 12% para 18%. As pessoas viram o quanto é importante ter uma residência mais aparelhada, mais funcional, pensar no conforto doméstico, no home office, e isso tudo passa pelos nossos equipamentos.

Qual foi a estratégia para crescer em um ano de pandemia? As pessoas ficaram mais em casa, passaram a aumentar o consumo e isso favoreceu muito o nosso segmento. Os mercados que mais cresceram este ano [2020] mostram isso: escova secadora, aspirador robô, aspirador vertical, Airfryer, batedeira planetária, que é aquela maior do que as convencionais, e o bodygroom, que é um aparador de barba.

O ano exigiu medidas do governo para evitar o impacto da pandemia na economia. Acha que foram adequadas? Na minha visão, sim. As decisões foram positivas, tomadas rapidamente. Não tenho nada a reclamar. O primeiro semestre de 2021 será de incertezas, nada está 100% normal ainda. Tem que ter um olhar geral do governo para ver se pode socorrer um setor ou outro, apoiar de alguma forma para não haver queda de empregos em setores específicos. Tem setores que estão indo bem, outros não. Tem que olhar de cima e apoiar, principalmente, os setores de serviços, hotelaria, eventos, que foram os mais prejudicados.

Qual é a importância de um plano de vacinação para garantir a retomada da economia em 2021? Com a vacina, acredito que a vida vai voltar ao normal antigo, mas mesmo depois a gente ainda vai ter mais cuidado com higienização, as pessoas vão estar mais voltadas para a saúde. O varejo, de uma certa forma, já se adaptou à menor circulação nas ruas. Estão vendendo bem por ecommerce. Existe o comércio de rua, mas hoje tem uma alternativa para comprar sem sair de casa. Acredito que com a vacina, o comércio vai voltar a ter uma compra por impulso, porque hoje o consumidor está com uma compra mais racional. Ele vai voltar a se sentir impactado por uma vitrine. Isso está um pouco prejudicado hoje.

O fim do auxílio emergencial irá impactar o consumo? Estou com um sentimento positivo de que mesmo que o governo reduza a verba haverá um novo impacto positivo no consumo, que irá puxar essas categorias de eletroportáteis. A maior renda ajudou, mas, na realidade, também existe um outro lado [por trás da alta das vendas], que é a descoberta da casa. Essa linha continua aquecida para 2021. Evidentemente que se antes se consumia 12% do salário com a casa e foi para 18% esse ano [2020], talvez esse consumo fique em 14%, 15% em 2021. As pessoas descobriram as suas casas. Isso é um caminho sem volta. Até mesmo a volta aos escritórios não será para todos. Muita gente se adaptou ao home office.

Quais são os planos da empresa para 2021? A Mondial terá investimentos 67% maiores em comparação com 2020. No primeiro semestre, vamos lançar 46 produtos de eletrodomésticos portáteis e ferramentas. Hoje, nosso portfólio tem 401 [produtos]. No segundo semestre, vamos ingressar em três novas linhas: quatro tipos de microondas, modelos de ar-condicionado e televisores.

Qual o papel do avanço de reformas, como a tributária, para manter esse ritmo de investimentos? O sr. trabalha com a perspectiva de aprovação dessas medidas, que acabaram não andando em 2020? Temos várias reformas em pauta. Tivemos um 2020 bastante crítico para o país. Tivemos a Previdência em 2019. Acho que 2021 é muito mais propenso para que essas reformas sejam discutidas e aprovadas, vai ter clima para isso. É importante para o país em 2021 e em 2022 conseguir dar um rumo, mostrar lá na frente um futuro mais estável para a nossa economia e para os investidores de fora, aumentar a confiança no macroeconômico. As reformas são fundamentais para o Brasil.

A Mondial comprou em 2020 ano a fábrica da Sony na Zona Franca de Manaus. Qual é o impacto dessa decisão no negócio? A gente já iria dobrar a fábrica de Manaus no ano que vem [2021]. Agora, com a aquisição da Sony, estamos fazendo um replanejamento. Tudo aconteceu muito rápido. Iríamos lançar uma linha de produtos por ano. Em 2022, microondas, em 2023, ar-condicionado, e em 2024, televisores. Com essa aquisição, vimos uma oportunidade de acelerar em seis meses os planos previstos para executar em três anos.

A empresa tem unidades em São Paulo, Bahia e Manaus. Quais outros investimentos a companhia havia feito antes de a Sony anunciar que iria deixar o Brasil? Fizemos um investimento de R$ 47 milhões na ampliação da fábrica de eletroportáteis em Conceição do Jacuípe, na Bahia. Ampliamos em 30% o parque de injetoras plásticas, que preparam os moldes dos produtos, compramos terrenos nos arredores da fábrica e não descartamos ampliar o espaço em 2021. Somados todos os investimentos realizados desde o início do ano em estruturas industriais, equipamentos, moldes, ampliações e contratações, chegam a R$ 60 milhões. Com essa ampliação na Bahia, passamos a ser o maior transformador de plástico no Norte e no Nordeste. Compramos o plástico e transformamos ele em produtos.

Executivos contam como grandes empresas integraram seus canais
Executivos contam como grandes empresas integraram seus canais

A empresa contratou durante a pandemia? Sim, a ampliação da fábrica da Bahia gerou 400 novos empregos. Com a nova instalação em Manaus, vamos contratar mais 420 funcionários em 2021 —200 de fevereiro a julho, para dar suporte aos novos lançamentos, e 220 para a fabricação das novas linhas no segundo semestre.

A indústria tem sofrido com a falta de insumos. Como a Mondial enfrentou esse problema? Houve um desequilíbrio nas cadeias produtivas. Faltou aço e cobre. Em abril, maio e junho, não tinham aparas de papel no mercado, que servem para fazer embalagem. Na Mondial, a gente trabalha com um nível de estoque maior e conseguiu abastecer o mercado varejista. Meu setor vem de fora do Brasil e sofreu mais com o desequilíbrio de fornecimento de contêiner. A gente importa da China e há uma falta de contêineres no mundo, o que afeta os custos.

O ano de 2020 foi um ano de muitos IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) e crescimento do ecommerce. A Mondial considera fazer um IPO em 2021 e investir em vendas digitais? Não. A gente está fora de IPO. Trabalhamos com as principais varejistas. O nosso ecommerce é de indústria, trabalhamos com uma cauda longa, sem ofertas. Ele é muito pequeno diante dos gigantes que existem no setor. Não pretendemos fazer grandes investimentos nele em 2021.

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