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Com a recessão na Argentina, queda de 34,11% atinge exportações na ZFM

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10/11/2020

Fonte: EM TEMPO

Vanessa Lemes

A Argentina é o quarto principal destino das exportações da Zona Franca de Manaus (ZFM). No entanto, com a recessão no país, que já dura três anos, houve uma retratação de 34,11% nos números gerais das exportações, ao comparar o período de janeiro a setembro de 2020 com 2019, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam). Especialistas sugerem a exportação para outros países sul-americanos como meio de amenizar impacto no Polo Industrial da capital.

Ainda de acordo com os dados da Fieam, a Argentina é o segundo país que a ZFM mais exportou em 2019, chegando a US$ 105,9 milhões. Já em 2018, a Colômbia esteve em primeiro lugar como destino das exportações amazonenses, totalizando US$ 106, 8 milhões. Nos primeiros noves meses deste ano, o Polo Industrial de Manaus (PIM) exportou para a Argentina US$ 54,7 milhões, e US$ 82,9 milhões, no mesmo período de 2019.

O presidente da Fieam, Antônio Silva, credita a intensificação da crise por conta da pandemia, além de esclarecer o impacto da mesma em relação às exportações nacionais e locais. “O país vizinho passa por grave crise econômica, que deve ensejar em uma queda nas aquisições de produtos que não sejam de primeira necessidade, essencialmente estes produtos, que são manufaturados no PIM”, explica.

Apesar dos dados, Silva diz que é difícil mensurar o tamanho do prejuízo. Mesmo assim, propõe uma solução para a Zona Franca não ser ainda mais prejudicada. “Os números ainda não nos permitem precisar o quanto dessa redução é proveniente da crise sanitária e o quanto advém da crise econômica. Seria salutar, contudo, que essas exportações pudessem ser redirecionadas para outros países vizinhos que já representam grande parte dos destinos das exportações amazonenses, como: Colômbia, Bolívia e Paraguai”, sugere.

Para o economista Wallace Meirelles, o mundo todo foi afetado de alguma forma pela pandemia da Covid-19, mas o país sul-americano vem sofrendo economicamente há anos. Ele também critica a falta de estrutura da política nacional para investir no comércio exterior.

“Há uns dez anos, a participação da Argentina era razoável, mas vem caindo em termos de compra dos produtos do PIM. No entanto, a ZFM tem pouco investimento na exportação, na verdade, baixíssimo. O comércio internacional brasileiro não chega nem a 1%, porque não há uma política nacional voltada para atingir novos mercados. E o comércio exterior, a normatização e o planejamento, são responsabilidade do Governo Federal”, contesta.

Segundo Meirelles, apesar de ter tantas riquezas naturais, o Amazonas é deficitário em estrutura, dificultando ainda mais o progresso comercial interno e externo. “A ZFM é muito dependente do mercado interno, cerca de 90% dos produtos são direcionados para o nosso país. É perigoso! Precisamos descentralizar, buscar novos mercados. Nós estamos no meio do coração da floresta Amazônica, mas com as piores infraestruturas e a pior logística brasileira”, salienta.

Em nota, a assessoria da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) informou que a Argentina é um dos principais mercados internacionais dos produtos fabricados na Zona Franca de Manaus há alguns anos. Contudo, dados parciais de 2020 apontam que está havendo uma redução gradual nos valores exportados do PIM para a Argentina em comparação com 2019. Dentro da fatia destinada à exportação, o mercado Argentino representou cerca de 18% do total das exportações do PIM em 2019, com US$ 105 milhões com frete FOB à Argentina.

A assessoria ainda mencionou que o PIM faz parte de um projeto de desenvolvimento, com mais de 50 anos de existência, dotada de segurança jurídica e indústrias consolidadas há muitos anos. “As crises econômicas são um fenômeno cíclico vivenciado por alguns países e parceiros comerciais importantes desde sempre. As indústrias que exportam para a Argentina também exportam para outros países e, portanto, possuem mecanismos, como a diversificação de mercados, que podem amenizar eventuais impactos temporários”, declaram.

Consequências na Argentina

Com a recessão na Argentina, o país tem enfrentado quase 30 anos de crise. Com as consequências da pandemia, o Produto Interno Bruto (PIB) chegou a 19,1% de retratação no 2º trimestre de 2020, se comparado ao mesmo período do ano passado, segundo o relatório do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).

A dívida externa do país sul-americano chega a US$ 324 bilhões. O presidente da Argentina, Alberto Fernandez, negociou 99% das dívidas neste ano e há uma previsão de que, nos próximos dez anos, o país tenha uma tranquilidade do déficit fiscal de US$ 37,7 bilhões, segundo o ministro da economia, Martín Guzmán.

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