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Com a alta do dólar, Polo Industrial de Manaus é prejudicado

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30/10/2020

Fonte: EM TEMPO

Com o dólar comercial em alta desde o início de 2020, em meio à pandemia, e alcançando o valor de R$ 5,765, na quinta-feira (29), instabilidades estão sendo criadas na economia mundial e, consequentemente, na Bolsa Brasileira (B3). Especialistas da indústria explicam como as movimentações são prejudiciais para o Polo Industrial de Manaus (PIM), que depende de insumos importados.

O indicador da Bolsa Brasileira, o Ibovespa, chegou a cair mais de 2%, mas fechou em alta de 1,27%, a 96.582 pontos, enquanto o dólar chegou a R$ 5,70, no mês de outubro. Essa estremecida no mercado, potencializada por uma nova mutação da Covid-19, que se espalhou pela Europa, assustou investidores e balançou o mundo dos negócios.

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, explica o porquê do aumento do dólar e quais as consequências dessa ascensão para a economia local. “O principal deles é a redução da taxa de juros que castigou o mercado especulativo, fazendo com que os investidores buscassem outras formas de ganhar dinheiro. Uma delas é comprar dólar, a moeda mais forte do planeta”, esclarece.

Segundo ele, outro fator é o risco-país, as incertezas da reforma fiscal, as políticas monetárias, que incluem a inserção do Brasil no mercado internacional. “Tudo isso tem provocado muita insegurança. O grande impacto destas medidas é saber de onde vai ser tirado o recurso para o novo bolsa-família do governo ou Renda Brasil, seja lá qual nome for escolhido. O Brasil não tem caixa. O orçamento do próximo ano não tem verbas para investimento”, analisa.

A problemática principal, explica ainda, é que o Brasil ficou com um saldo devedor ainda maior, por conta da crise econômica mundial ocasionada pelo coronavírus. O país deve chegar a uma dívida bruta de 101,4% do Produto Interno Bruto (PIB) até o final de 2020, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

PIM é afetado

Para tentar amenizar as consequências e estabilizar, os impostos vão aumentar e a privatização pode ser uma solução, segundo Azevedo. Ele ainda avalia o impacto causado na Zona Franca de Manaus (ZFM). “Nessa incerteza, uma das saídas é reduzir as vantagens fiscais competitivas da ZFM. Tudo para fazer caixa. As primeiras medidas já estão aparecendo com as vantagens fiscais para alguns produtos importados, como similares fabricados em Manaus. Mais empregos lá e menos aqui. É por isso que faz muita falta um marco regulatório. Ninguém consegue trocar o pneu com o carro em movimento”, reflete.

Segundo o consultor industrial José Laredo, a pandemia causou uma verdadeira devastação na economia e contribuiu para o aumento da dívida externa. “O aumento do câmbio impacta a economia como um todo, porque temos a necessidade de importação dos equipamentos e insumos que não temos no Brasil, usados pelas indústrias em Manaus”, declara.

Ele ainda explica que todas as indústrias têm, pelo menos, uma parte de insumos importados. E esses componentes agregam para o resultado do valor final. “Caso uma pessoa faça um bolo pelo preço de R$10,00 e os ovos aumentam, precisa cobrar mais caro para compensar o acréscimo gerado pelo ingrediente. Assim funciona a economia para os produtos", salienta.

Com o aumento no valor do material importado para a fabricação de produtos nos setores de eletroeletrônica, duas rodas, químico, informática, entre outros, o impacto ainda é maior. “O PIM tem de 60 a 70% de importação de matéria-prima. Então, ele tem um prazo para assimilar esse aumento. Quem sabe, tentar acabar com o estoque e criar situações para manter o preço”, sugere.

A economista Socorro Correa confirma a dependência da ZFM em relação aos materiais importados. “A taxa Selic de 2% é excelente para quem tem empréstimos, pois os juros não aumentam tanto, como oportunidade para tomar financiamento e investir. Quanto ao dólar caro, encarece também os produtos do PIM, que dependem de insumos importados, acaba comprometendo a competitividade das indústrias locais”, enfatiza.

Para ela, é necessário buscar estratégias para tentar equilibrar a crise, pois o consumo baixo atinge as indústrias e os comércios de imediato. “É preciso encontrar soluções para manter o consumo normal para o período de final de ano, com manutenção dos protocolos de segurança sanitária. Criatividade, inovação e transformação digital são itens importantes neste novo contexto para que a crise não se agrave”, finaliza.

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