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Colapso anunciado: trânsito de Manaus pode ‘parar’ em menos de 10 anos, alerta especialista

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19/07/2021

É praticamente impossível morar em Manaus e nunca ter ouvido a famosa frase: "vou demorar um pouco, estou preso na Djalma". Fato é que, em horários de pico, as principais avenidas como a Djalma Batista, Constantino Nery, Torquato Tapajós, Grande Circular e outras espalhadas em todas as cinco zonas da capital são os lugares onde muitos manauaras já passaram grande parte do seu dia.

Segundo o estudo Summit Mobilidade Urbana, de 2019, os brasileiros gastam, em média, uma hora e vinte minutos para se deslocar (ida e volta) para as atividades principais do dia. Esse gasto chega a duas horas e sete minutos para que se cumpram todos os deslocamentos diários, ou seja, uma pessoa pode perder cerca de 32 dias por ano no trânsito.

Dados do Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas (Detran-AM) revelam que, só no primeiro semestre de 2021, foram emplacados 22.508 novos veículos (carros, motocicletas, ônibus, etc). O número é 22% superior se comparado ao mesmo período do ano passado, quando registrou o emplacamento de 18.447 novos veículos. Outro dado é que estes mais de 22 mil novos veículos do primeiro semestre de 2021 contemplam 44,89% do total de novos registros de veículos do ano passado, que foi de 50.136.

Com base nesses dados, levando em conta a crescente quantidade de veículos que não param de entrar nas já apertadas ruas de Manaus, o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e doutor em Engenharia de Trânsito, Augusto Rocha, chegou à conclusão de que, caso esse crescimento continuar anualmente, o trânsito pode vir a colapsar em até nove anos.

"Não há uma solução perfeita, mas há como realizar pequenas medidas que irão adiar esse colapso. É necessário que os órgãos de gestão que têm esse papel, tomem medidas para mitigar esse problema. Existe uma utopia de mobilidade urbana perfeita que tem que ser perseguida dia após dia. Quanto mais próximo dessa utopia, melhor será", afirmou o engenheiro.

Essa é a realidade vivida por Adalmir Souza, de 32 anos, motorista de aplicativo que presta serviços de transporte de passageiros há pelo menos dois anos em Manaus. Ele revela que já chegou a recusar várias viagens por conta do congestionamento das principais avenidas da capital.

"Às vezes quando estou fazendo viagem, a Uber ou a 99 nos direcionam para pegar um passageiro em algum ponto da avenida Djalma Batista às 18h, por exemplo, e eu estou um pouco longe do local de partida. A única alternativa que me vem é cancelar. Às vezes não compensa financeiramente porque demoramos muito tempo para chegar ao local, devido ao engarrafamento. O preço da gasolina também não está um dos melhores", relatou Souza.

O motorista de aplicativo conta que para sair com a família para algum evento grande na cidade, já até deixou o carro na garagem para não se estressar com o trânsito.

"Já aconteceu de eu deixar o carro na garagem e sair com a minha família de ônibus mesmo justamente pensando no trânsito. Por exemplo, a primeira vez que participei da Marcha para Jesus, em 2015, fui de carro, mas nos últimos anos antes da pandemia tem sido impossível. Então eu e minha família íamos de ônibus mesmo. E, na volta, pegávamos um Uber ou um táxi", afirmou.

Ciclovias, calçadas e transportes coletivos como solução

Ainda segundo o professor Augusto Rocha, uma das principais medidas para melhorar o fluxo do trânsito é criar soluções para reduzir cada vez mais o número de pessoas com transportes individuais na cidade.

"E qual é o grande objetivo da mobilidade urbana? Tirar as pessoas dos automóveis. Sem dúvidas é isso. Ao crescimento expressivo de 10% de novos veículos ao ano, significa que em nove anos a gente tem o dobro dos veículos que tem hoje. Em Manaus, a gente já teve uma taxa um pouco maior. Já tivemos o dobro projetado para sete anos. Ou seja, já tivemos um cenário onde a cada sete anos dobrava o número de automóveis. Apesar de ser um cenário mais confortável, continua sendo desafiador. Ou seja, é caminhar no sentido dessa utopia. É tirar do transporte individual motorizado e migrar essas pessoas para as calçadas, bicicletas, transporte coletivo. Aproximar as pessoas do seu destino também é uma outra alternativa", ressaltou o professor.

Fonte: Acrítica

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