01/10/2014
Ele cita os indicadores de emprego como um retrato do ano quase perdido no setor. De acordo com a pesquisa “Indicadores Industriais”, da CNI, o emprego recuou 0,8% ante julho e cedeu 1,7% frente a agosto de 2013. “Essa variável, que vinha com alguma solidez, com certo crescimento, agora mostra claramente uma reversão na sua trajetória”. A CNI calcula que, caso nada mude no último quadrimestre de 2014, o emprego industrial fechará 2014 com retração de 0,5%.
Também recuaram em agosto a utilização da capacidade instalada (UCI) da indústria brasileira, de 81 % para 80,5%, com ajuste sazonal. Em agosto de 2013, o uso da capacidade foi de 82,3%. Sem ajuste, o índice de agosto ficou em 81,5%.
As horas trabalhadas seguiram a mesma trajetória da UCI, com queda ante julho, de 0,85, e frente ao mesmo mês de 2013, com - 5,7%. Castelo Branco não enxerga estímulos no curto prazo que possam reverter essa tendência. “Passado o efeito da Copa do Mundo, em julho e agosto, observamos que a dificuldade de o setor industrial sustentar ritmo mais forte permanece”, analisou ele. E essas dificuldades não serão contrabalançadas em um primeiro momento pela desvalorização do real frente ao dólar. “Para ter efeito mais claro na atividade produtiva , precisamos ver a tendência do dólar a médio e longo prazos”, explicou ele.
Em um horizonte mais longo, Castelo Branco acredita em um câmbio mais desvalorizado no futuro, tanto por questões internas quanto externas. "Esse câmbio, sem dúvida favorece a competição com produtos estrangeiros, mas também não pode achar que só essa relação resolve os problemas de competitividade”, considerou. "Há também a questão tributária, logística e de burocracia", complementou. "No passado, o câmbio tinha ligação mais direta com o desempenho do setor industrial, mas eles tendem a se mostrar com certa defasagem e em menor intensidade que no passado”.
O faturamento real da indústria foi na contramão dos indicadores de atividade e cresceu em agosto ante julho (alta de 1,1%), mas ainda está muito abaixo dos níveis de 2013 (queda de 8,8% frente ao mesmo mês de 2013). Já a massa salarial real e o rendimento médio real na indústria apresentam alta nas duas comparações porque “demandam mais tempo para que haja um ajuste mais preciso, mais direto. Mesmo com atividade em queda, a massa continua subindo por algum tempo”, explicou o economista da CNI, Fábio Guerra.
A massa salarial real avançou 0,3% entre julho e agosto e cresceu 0,5% ante o mesmo mês de 2013. O rendimento médio real, por sua vez, subiu 0,4% entre o sétimo e oitavo mês deste ano e cresceu 2,2% entre os meses de agosto de 2013 e 2014. Ambos os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Fonte: Valor Econômico