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​CIEAM promove análise aprofundada sobre conjuntura econômica e impactos regionais da nova guerra tarifária

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05/08/2025

Reunião on-line reuniu especialistas para discutir projeções econômicas, política monetária, desempenho do PIM e o novo cenário de tensão comercial com os Estados Unidos

O Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM) promoveu, nesta segunda-feira (04/08), uma reunião estratégica com foco na conjuntura econômica nacional e regional, com ênfase nos impactos da política tarifária dos Estados Unidos e nas perspectivas para o Polo Industrial de Manaus (PIM). O encontro, realizado virtualmente pela plataforma Teams, foi aberto pelo Presidente Executivo da entidade, Lúcio Flávio Morais de Oliveira, e contou com a participação do Professor e Economistas Marcio Holland, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e André Costa, Professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Coordenador da Área de Indicadores do CIEAM, que apresentaram uma análise minuciosa do cenário econômico atual.

Os especialistas destacaram que a dívida pública brasileira segue em trajetória de alta, pressionada pelos juros reais elevados – hoje em 15% – e pela acomodação do PIB. Apesar disso, o mercado ainda projeta um crescimento de até 2,5% para a economia brasileira em 2025, com possibilidade de superação dessas expectativas, impulsionado, principalmente, pela recuperação do setor industrial e pelo aquecimento do consumo.

O mercado de trabalho brasileiro surpreendeu positivamente: o rendimento médio real subiu 3,3% no último ano, e a taxa de desemprego caiu para 5,8%, a menor da série da PNAD Contínua. A injeção de quase R$ 20 bilhões na massa salarial entre abril e junho tem impulsionado a atividade econômica, mesmo diante de uma inflação considerada “resistente”, segundo os economistas.

“Apesar do crescimento em setores como produtos químicos e equipamentos, observamos uma movimentação bastante desigual entre as atividades. É difícil visualizar uma queda significativa da Selic neste ano, e tudo indica que a economia brasileira pode crescer acima do que projeta o Focus”, afirmou Holland.

De acordo com os dados divulgados pelo IBGE, traduzidos por Holland, enquanto a produção industrial brasileira cresceu 1,2% no primeiro semestre, puxada por setores como veículos, têxteis e metalurgia, o Amazonas apresentou retração na produção física nos cinco primeiros meses do ano.

Dados da Suframa mostram que, embora setores como químicos, máquinas e equipamentos estejam em crescimento, áreas como refino, bebidas e informática enfrentam forte contração.

André Costa destacou a importância de utilizar os dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), alimentados diretamente pelas empresas do PIM, como base mais confiável para a análise da economia amazonense, em contraponto aos dados do IBGE, que apresentam distorções em função da alta ponderação dada à produção de diesel.

“Os dados da Suframa, por serem alimentados diretamente pelas empresas, oferecem um valor informacional muito relevante. Diferentemente do IBGE, que depende de respostas voluntárias, a Suframa tem acesso quase imediato a dados primários por meio do seu próprio sistema”, salientou o professor.

TARIFAÇO - Um dos pontos centrais da discussão foi a efetivação da tarifa de 50% por parte dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Essa medida, segundo os especialistas, representa uma escalada na guerra tarifária iniciada ainda no governo Trump e deve gerar impactos indiretos relevantes, mesmo para regiões que não têm nas exportações para os EUA sua principal fonte de receita.

Para o Amazonas, que exportou apenas US$ 100 milhões aos EUA em 2024 (sendo US$ 25 milhões diretamente do PIM), os efeitos diretos são limitados. No entanto, a redução da renda nacional causada pela perda de mercado internacional pode impactar negativamente o consumo interno – e, por consequência, a demanda por bens produzidos no estado.

Diante desse novo contexto, o professor André Costa revisou sua análise das oportunidades do PIM diante da guerra tarifária, trocando a proposta inicial de fazer do PIM uma plataforma de exportação aos EUA para uma plataforma de processamento de insumos importados dos EUA. Principalmente na hipótese de o governo brasileiro retaliar aumentando o Imposto de Importação. Nesse cenário, o setor termoplástico desponta como protagonista, especialmente por importar insumos, tais como o etileno, a preços mais competitivos, graças à vantagem fiscal da ZFM e a eficiência das empresas locais.

Segundo a análise, o custo de aquisição do etileno para o Amazonas é 12% menor que o pago por importadores da Bahia. Com retaliações tarifárias, essa diferença pode se ampliar para 27%, tornando o polo ainda mais competitivo na importação de insumos estratégicos.

Perspectivas e recomendações

Apesar da sazonalidade negativa observada em abril e maio, há expectativa de recuperação nas vendas em julho, seguindo o padrão do ano anterior. Produtos como motocicletas, condicionadores de ar e placas de circuito impresso mantêm desempenho acima da média, enquanto o índice de confiança do PIM se mantém em campo otimista, com 53,81 pontos, acima do índice nacional da CNI.

A reunião foi encerrada com uma reflexão sobre os caminhos possíveis diante da nova realidade geopolítica e econômica, de que o Polo Industrial de Manaus precisa se adaptar com agilidade às transformações globais e manter sua relevância como ativo estratégico do Brasil na Amazônia.

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