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Chega de discurso - Editorial

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03/02/2020

Fonte: Acrítica

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, um dos mais contestados no primeiro escalão do governo federal, defendeu o óbvio em sua visita a Manaus neste final de semana: investimentos em bioeconomia para transformar em produtos o potencial da biodiversidade regional. O discurso nessa direção é amplamente apoiado e ecoa em diversas instâncias do poder público há muito tempo. O problema é que nunca saiu disso. No âmbito estadual, o falecido programa Zona Franca Verde tinha essa proposta, mas na execução mostrou-se uma iniciativa muito mais focada em marketing do que na obtenção de resultados concretos.

O ministro criticou o que chamou de “incapacidade” de transformar a biodiversidade em desenvolvimento sustentável, o que deve ser encarado como uma autocrítica, uma vez que é responsabilidade do governo federal colocar em pleno funcionamento o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), que já poderia ter acontecido há mais tempo, não fosse a reviravolta promovida na gestão do Centro. O CBA seria gerido por uma instituição formada por entidades locais de ensino e pesquisa, além de ONGs como a Fundação Amazonas Sustentável (FAS). Porém, na visão míope de alguns setores do governo, essa configuração é “esquerdista” demais. Resultado: a licitação foi anulada, e o CBA passou a fazer parte da burocracia estatal, atrelado ao Ministério da Economia. Isso vai funcionar? Tomara que sim. Mais depende da inclusão do centro em uma estratégia integrada de desenvolvimento.

O sucesso de tal empreitada exige amplo conhecimento das particularidades e das demandas regionais. O problema é que tal conhecimento não é demonstrado pelo ministro Salles, o que fica evidente em suas críticas à produção de bicicletas em Manaus, algo que, para ele, não faz nenhum sentido. Apenas o preconceito pode explicar o posicionamento do ministro, que demonstra não compreender o papel da Zona Franca na indução de desenvolvimento regional, o que não vem sendo feito de forma mais destacada há anos porque o governo federal retém os recursos recolhidos pela Suframa junto às empresas e que seriam aplicados em projetos estruturantes e de fomento à economia regional.

O discurso do ministro a respeito da necessidade de desenvolvimento da bioeconomia precisa sair da esfera do discurso e se transformar em ações concretas, desprovidas de preconceitos e opiniões equivocada a respeito da Amazônia.

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