02/10/2014
"Há também uma lenta demanda doméstica, devido ao encarecimento dos produtos e à restrição do crédito. O cenário para exportação é adverso e, ao mesmo tempo, há maior presença de importados no Brasil. Além disso, a variável estoques afeta grande parte do setor industrial", afirmou Macedo.
A produção industrial subiu 0,7% em agosto, e teve o mesmo desempenho verificado no mês anterior, na série livre de influências sazonais. Em julho e agosto, o setor acumulou alta de 1,4%.
De acordo com o especialista do IBGE, a alta da produção industrial em agosto está relacionada a uma base de comparação baixa, depreciada em meses anteriores pelo recuo da atividade. Antes de voltar a subir em julho, a indústria vinha de quatro meses seguidos de resultados negativos, período em que acumulou baixa de 3,4%.
"Houve melhora em relação a um passado recente, mas isso não reverte as perdas que o setor teve. São dois resultados positivos seguidos, mas a comparação é com uma base bem baixa. Esses resultados não suplantam sequer a perda isolada de junho", afirmou o especialista.
Além disso, contribuiu para o crescimento da indústria em agosto o aumento na produção de petróleo e gás. Na passagem de julho para agosto, o segmento de indústrias extrativas teve alta de 2,5%, na série dessazonalizada. Fazem parte desse setor a produção de petróleo, gás e minério de ferro, que representam 95% do segmento.
"Mesmo com queda do preço do minério de ferro, observamos aumento no quantum exportado. No setor de petróleo e gás, houve redução nas paralisações, o que acabou contribuindo para a sequência de resultados positivos. Há uma relação com a produção do pré-sal", disse o especialista do IBGE. Com a alta de agosto, a produção industrial está 6,2% abaixo do pico da série histórica, alcançado em junho do ano passado.
De acordo com Macedo, a redução da produção industrial de 2013 para 2014 está relacionada à queda na produção de veículos automotores. O setor representa 10% da indústria geral e, além disso, é grande consumidor de bens intermediários.
"O setor automotivo acaba tendo um encadeamento com outros setores", afirmou ele. A produção de veículos automotores, reboques e carrocerias recuou 1,5% em agosto, após alta de 8,4% em julho, na série livre de influências sazonais". Segundo Macedo, o setor continua com estoques elevados e, sobre agosto, pesou ainda sobre o resultado a alta ocorrida em julho, que elevou a base de comparação.
Fonte: Valor Econômico