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CBA, devagar com o andor - Parte II

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11/12/2018

Alfredo MR Lopes (*) alfredo.lopes@uol.com.br

Por que temos que ir a Brasília para definir interesses ou iniciativas do cotidiano manauara? Por que o critério de escolha dos gestores públicos se restringe ao apadrinhamento político não ao currículo que ateste experiência, transparência e competência no cargo? Por que não são ouvidas as entidades, associações ou organismos da sociedade envolvidos com o órgão público em disputa? Há uma deturpação institucional histórica nesse tipo de conduta que confunde o bem público como extensão dos domínios privados da manipulação da política pequena. Pelo andar da carruagem do poder movido a política do favor, tudo seguirá como antes nos quartéis da fisiologia do Abrantes.

Há pouco mais de um ano, quando o CBA - o fatídico Centro de Biotecnologia da Amazônia - pertencia(?) à direção do InMetro, ora enrolada com a polícia e a justiça, razões de alcova removeram um dos mais qualificados gestores que esse Centro já recebeu, o pós doctor em Química, Adrian Martin Pohlit. A remoção se deu como se pertencesse ao dito cujo senhorio do InMetro e ele, como se fosse o proprietário e não um servidor. A lógica do apadrinhamento logo se confirmou na escolha imediata do afilhado substituto, alguém que acumulou a sinecura sem abrir mão daquela onde estava aninhado. O gestor removido, antes de assumir o CBA, é importante recordar, reconhecendo que se tratava de uma obra construída com os recursos pagos pela indústria, tratou de consultar as entidades representativas do setor e proceder a um extenso levantamento de expectativas, tanto de serviços como de produtos. Por essa iniciativa, toda a equipe do CBA foi credenciada pelas entidades do setor produtivo.

Momento seguinte à montagem de seu Plano de Trabalho, ouvindo as demandas, sugestões e assegurando canais interativos de gestão local compartilhada, montou um formato não-governamental de associação, reunindo cientistas, empresários e profissionais liberais comprometidos com os destinos do CBA e da região. De concreto, foram mobilizadas mais de 100 empresas de porte Internacional para adquirir produtos, serviços e modelagens de protocolo que movimentariam o mercado de bioprospecção. Na Fazenda Agropecuária Aruanã foram descobertos, nos resíduos da Castanha do Brasil, biomolécula de alto valor no generoso mercado dos dermocosméticos. O InMetro, simplesmente, ignorou o acerto dessas condutas, e se fixou ou fechou negócios sombrios definidos no Rio de Janeiro. .

Por que todos os ministérios com atividades relacionadas ao CBA - Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento e Meio Ambiente - se intitulam seus donos, disputando labaredas de poder nessa ridícula fogueira de vaidades? Enquanto isso, o mundo permanece de olho nas resinas, polifenóis, fibras, insumos cosméticos, farmacológicos e nutracêuticos já descobertos pelos cientistas sérios que por lá passaram. Eles foram removidos porque, além de fazer Ciência, não atentaram para o jogo sujo, oportunista e mesquinho da politicagem franciscana de que é dando que se recebe.

A entidade que se diz, alopradamente, vitoriosa da última disputa não foge a essa regra de ouro da premiação do favor, da sinecura e do aparelhamento institucional. Num golpe de mestre, tratou de enfiar atores públicos do porte acadêmico da instituição mais antiga do Brasil, a Universidade Livre de Manaus, hoje chamada de Ufam, à procura de tudo, menos assegurar a transparência e o interesse sagrado do cidadão. Devagar com o andor, o santo é de barro e precisa de espírito público e gestão transparente e compartilhada para receber as bênçãos da credibilidade da cidadania, assim não procedendo, a jogada tem nome e nao passa de inaceitável tirania.

(*) Alfredo MR Lopes é filósofo e ensaísta

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