18/02/2014
Segundo especialistas do setor, porém, o calor não foi o principal responsável pelo aumento nas vendas, que na temporada anterior subiu 10% , segundo estimativas da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).
E, apesar de lojas como a Ponto Frio e a Tele-Rio, no Rio de Janeiro, terem registrado fila de espera para compra do equipamento, a indústria afirma que está preparada.
De acordo com Mauro Apor, vice-presidente do Departamento Nacional de Ar-condicionado Residencial da Abrava, a explicação é simples: seria impossível reagir imediatamente a um aumento nas vendas com um aumento da produção.
“O ciclo de produção dos aparelhos é de 180 dias. As plantas de todas as fabricantes ficam em Manaus, os fornecedores são distantes e todos trabalham praticamente em suas capacidades máximas. Se faltassem aparelhos nas lojas, não daria tempo de repô-los por meio do aumento da produção”, explicou Apor.
Para evitar que os consumidores procurem e não achem os aparelhos, a produção é programada para permitir um estoque razoável que, garantem as fabricantes, não chegou perto do limite.
Consumo restrito
O que, então, explica a alta nas vendas? Principalmente o fato de que, na verdade, o consumo de ar-condicionado ainda é muito restrito no Brasil. A Abrava estima uma penetração de apenas 33% no mercado consumidor possível.
Essa proporção já é mais que o dobro da apresentada em 2010. “Está acontecendo com os refrigeradores o mesmo que aconteceu com outros eletrodomésticos: aumento de renda gera aumento consumo, que gera procura por conforto”, afirmou Apor.
Para a LG, de que o executivo também é gerente de produtos e operações, esse aumento na procura foi bastante expressivo. Em 2013, a empresa completou a expansão de sua fábrica em Manaus, que permitiu praticamente dobrar sua capacidade produtiva.
Como resultado, suas vendas na temporada aumentaram 71% em relação à temporada anterior. “Nós vendemos o ano inteiro, porque as pessoas costumam comprar os aparelhos quando constroem ou reformam suas casas. E porque já há diversas linhas que, além de resfriar, são capazes de aquecer os ambientes”, explica.
Armando Valle, vice-presidente de Relações Institucionais da WhirlPool, as vendas só atingiram os 15% esperados porque em janeiro e fevereiro o volume foi muito maior e compensou os fracos números de novembro e dezembro.
Além disso, o desconforto causado pelas altas temperaturas deste verão com certeza estimulará a procura, em preparação para a temporada do ano que vem.
Na indústria de ventiladores, porém, o impacto foi imediato. A fila para reposição de estoque de algumas marcas passou de um mês. Em janeiro, as vendas foram duas vezes maiores do que no mesmo mês do ano anterior.
Espera-se que, para o próximo verão, a indústria de ventiladores e ar-condicionado esteja mais preparada. A de refrigeradores aguarda ansiosa pela próxima temporada.
Fonte: Exame