09/01/2014
Os riscos agora não são de moratória, mas de uma piora da nota de crédito do país. Duas das três principais agências de classificação de riscos do mundo, a Moody"s e a Standard & Poor"s, já sinalizaram que podem reduzir a avaliação sobre a capacidade do Brasil de honrar seus compromissos. A S&P, inclusive, avisou que pode cortar a nota ainda neste ano.
A fuga de recursos também é sintoma de outro desequilíbrio. Como as políticas de estímulo ao consumo não tiveram a devida contrapartida do aumento de produção interna, as importações cresceram para atender a demanda das famílias, o que se refletiu no fluxo cambial.
Em 2013, o saldo das operações de câmbio referentes a exportações e importações foi de US$ 11,1 bilhões — bem distante dos resultados obtidos em anos anteriores, quando a conta comercial chegou a registrar ingressos superiores a US$ 40 bilhões. Já a conta financeira, que inclui itens como os gastos de brasileiros com viagens internacionais, empréstimos e operações no mercado financeiro, ficou negativa em US$ 23,3 bilhões.
A valorização do dólar diante do real, que atingiu 15,1% em 2013, também vem estimulando a saída de recursos do país. "Se acredita que o dólar vai subir ainda mais, o investidor não tem por que ficar aqui. Ele se desfaz das aplicações em reais, pega os dólares e vai para outro país", explicou o diretor de Câmbio da Pioneer Corretora, João Medeiros.
Tensão
Ontem, em mais um dia de tensão no mercado, a moeda norte-americana subiu 0,47%, fechando a R$ 2,390 para a venda. Nas contas do economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC, o dólar deverá subir para até R$ 2,50 ao longo do ano, "se não houver alguma crise econômica pelo caminho", ele disse.
Para José Luis Oreiro, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a alta do câmbio, apesar de ruim para a inflação, porque vai fazer com que produtos importados fiquem mais caros, é boa notícia para a indústria nacional. "A falta de competitividade do setor reflete um período de pouco ou nenhum investimentos em modernização do parque produtivo e isso, por sua vez, é consequência do câmbio sobrevalorizado", afirmou.
Desemprego cai nos EUA
O setor privado dos Estados Unidos criou 238 mil postos de trabalho em dezembro, o aumento mais forte em 13 meses. Divulgado ontem, o número supera as expectativas. Segundo analistas, era esperada a criação média de 200 mil vagas. Além disso, a geração de oportunidades de novembro foi revisada para 229 mil, ante as 215 mil informadas antes. Os resultados confirmam a expectativa do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) em relação ao mercado de trabalho. De acordo com a ata de sua reunião de dezembro, também publicada ontem, o BC estima que o desemprego continue caindo no país, mesmo que a redução dos estímulos monetários comece a ser feita. O texto ressaltou que "a possibilidade de que a melhora (econômica) seja sustentável" indica que o corte gradual é uma decisão acertada.
Fonte: Correio Braziliense