17/07/2018
Por Dodó Carvalho
Para quem produz no Polo Industrial de Manaus, ler, debater ou mesmo ouvir sobre a conclusão dos trabalhos de recuperação da BR-319, estrada que liga Manaus a Porto Velho e por consequência, ao restante do país, é algo que entrou para os anais da história jornalística ou na pior das hipóteses, faz parte de um compêndio de contos de fada.
O debate ora ambiental, ora existencial, se arrasta há decadas e não avança, assim como a estrada, para lugar algum. Tão atolado quanto veículos de toda a sorte, que são engolidos no barro encharcado, no período do inverno amazônico na BR-319, é o último licenciamento de impacto ambiental (EIA-Rima).
Há dez anos, esse laudo é aguardado pelas partes interessadas. Leia-se os governos do Amazonas, Rondônia, boa parte do Norte do Brasil e toda a cadeia produtiva da Zona Franca de Manaus, que depende de uma logística.
Ter um sistema de transporte que facilite o escoamento é fundamental, com isso barateamos o produto para o consumidor final. E como o capital segue uma ordem lógica, com isso geramos demanda e demanda gera emprego e emprego gera renda. Todos ganham.
Então, qual o mistério xamânico que faz da BR-319, uma 'lenda amazônica?' Por que um laudo demora dez anos para ser conclusivo? Ah! É o perigo do desmatamento? Ok. Sou partidário da filosofia de que "a floresta vale mais em pé do que deitada". Acredito que o extrativismo e o turismo são nossas alternativas econômicas históricas. Mas, sem poder escoar a castanha ou o açaí, de que vale coletarmos na floresta? Uma estrada pode trazer mais turistas? Óbvio que sim. Então que tenhamos a estrada.
Que tenhamos o Polo Industrial de Manaus, porque sem ele aí sim, o homem do Amazonas avançará sobre a floresta e campos limpos para trafegar teremos de sobra. Como filho do Amazonas, quero uma BR-319 recuperada. Quero hidrovias sinalizadas e modais de transporte integrados. Quero um aeroporto pujante. Uma Manaus Moderna como porto decente. E toda a logística necessária para o nosso fortalecimento. Quero ainda me sentir brasileiro, no sentido de ir e vir no meu país. De poder dizer a todos, que o que está escrito em minha carteira de identidade é real: 'válida para todo o território nacional'. Que venha a estrada.