05/12/2018
Notícia publicada pelo Jornal Acrítica
Além dos impasses no licenciamento
ambiental para que as
obras de recuperação do trecho
central da BR-319 saiam do papel,
a possibilidade de monitoramento
de forma contínua e em
tempo real dos Municípios e Unidades
de Conservação que compreende uma área de influência da
rodovia federal foram algumas
das abordagens do encontro “Observatório
BR-319”, realizado na
manhã de ontem, no auditório Samaúma da Faculdade de Ciências
Agrárias (FCA), no minicampus
da Universidade Federal do Amazonas
(Ufam) em Manaus.
Na ocasião, foi apresentado
um novo site que terá boletins
de desmatamento, assentamentos
rurais e dados atualizados
de comunidades do entorno da
estrada, assim como mapa interativo,
Terras Indígenas e uma
linha do tempo com documentos
oficiais até dias atuais.
“Osite foi idealizado em meados
de 2017, depois de uma reunião
entre diversas instituições
não-governamentais que estavam
preocupadas com o rumo
das obras da BR-319. O tráfego já
tinha começado a aumentar na
rodovia em 2015 e organizações
não-governamentais (ONG’s)
procuraram se reunir em 2017
para conversar sobre como elas
poderiam contribuir e aumentar
a governança na região, trazer
informações e subsídios para tomadores
de decisão”, ressaltou.
Fernanda Meirelles, coordenadora
de políticas públicas do
Instituto de Conservação e Desenvolvimento
Sustentável da
Amazônia (Idesam).
Após ajustes finais, a previsão
é de que plataforma (observatoriobr319.org.br)
vá ao ar até
fim deste mês, afirmou Fernanda.
Ela adiantou que, a cada
mês, os interessados que efetuarem
inscrição no site vão receber
um boletim informativo
acerca das ações e levantamentos
sobre a estrada embasados
em estudos das instituições envolvidas
no comitê. Por enquanto os boletins mensais podem
ser obtidos através de cadastro
pelo email fernanda.meirelles@idesam.org.br
“Atualmente o Idesam tem
uma série de estudos, inclusive
o primeiro foi sobre os municípios
sob influência da rodovia, o
segundo é sobre a implementação
das unidades de conservação
e agora a gente está fazendo
o terceiro lançamento, com o comitê
gestor, do qual fazem parte
seis ONG’s, membros e pesquisadores.
As informações vêm
dos trabalhos dessas instituições
e de artigos científicos, pesquisadores fígados ao Fórum de
Discussão Permanente da BR-319”,
destacou a coordenadora.
O LANÇAMENTO
No lançamento do site Observatório
BR-319, estiveram presentes
representantes do Ministério
Público Federal (MPF), Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente
(Ibama), Departamento Nacional
de Infraestrutura de
Transporte (Dnit) e dos Recursos
Naturais Renováveis, bem
como representantes da Reserva
de Desenvolvimento Sustentável
(RDS) Igapó Açu.
Dnit: diálogo para rodovia sustentável
Durante o evento, o representante
do Departamento
Nacional de Infraestrutura de
Transporte (Dnit) lembrou que
o pleito principal de quem já usa a
rodovia é a repavimentação de
quase 400 quilômetros, trecho
entre os quilômetros 250 e 655,
mais conhecido como“Meião”.
O superintendente regional
da pasta, Carlos Eduardo Pontes,
enfatizou que, por conta das divergências,
é de extrema importância estabelecer o diálogo para
que se chegue a um consenso
“na construção de uma rodovia
sustentável”, já que o assunto é do interesse de toda a sociedade.
“Isso nos traz uma grande
reflexão desse confronto de informações
e diretrizes de relevância.
Mesmo com a parte burocrática,
que deve ser cumprida
internamente por cada instituição,
mesmo a passo lento, o
reflexo que nós temos é que
nós temos caminhado. Não
tem como, a gente até preferiria,
tinha intenção ou necessidade
que fosse mais rápido. Só
que, obviamente para a gente
executar um empreendimento
da relevância da BR-319 há necessidade de estudos”, disse.
‘Pavimentação, sim, mas responsável’
O procurador da República
Rafael Rocha destacou as
ações do MPF nos municípios
amazonense por onde a
rodovia passa. Dentre os dez
municípios antes de chegar a
Porto Velho (RO), as reuniões
entre a sociedade civil e instituições
que compõem o Fórum
Permanente de Discussão sobre o processo de reabertura da
rodovia BR-319 (que liga Manaus
a Porto Velho) passaram
por Careiro e Manicoré.
“É um fórum permanente para poder estabelecer perspectivas
e consolidar informações.
O fórum é favorável à pavimentação, essa é a premissa, desde que isso aconteça com responsabilidade e institucionalidade. Existem divergências quanto ao tempo e modo de fazer essa pavimentação, por questões de pauta para cada instituição e movimento. Mais importante do que tutelar esse direito de ir e vir, me parece que é a questão dos moradores. Ou seja, vai pavimentara rodovia e haver o fluxo migratório. Qual é o planejamento para esse cenário migratório para esses municípios?”, questiona o procurador.