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BR-319: trânsito ainda em precárias condições

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25/08/2021

OSIRIS M. ARAÚJO DA SILVA

Especial para A CRÍTICA

Na sexta-feira, 13/08, num grupo de quatro amigos em duas picapes, fizemos a viagem pela BR-319 (Manaus/Porto Velho) em cerca de 16 horas. Saímos do município amazonense de Humaitá às 4h48 e chegamos a Manaus às 20h.

A demora ocorreu porque a ponte sobre o igarapé Manezinho, no km 281, estava em reconstrução e, assim, tivemos que esperar quatro horas para a conclusão dos serviços. Sem o inconveniente, teríamos concluído a viagem em, aproximadamente, 12 horas. Se a rodovia estivesse asfaltada, o percurso desde Humaitá duraria, no máximo, 7 horas e meia.

Seguindo as orientações de segurança do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a viagem, embora longa, cansativa devido a longos trechos esburacados, quase que intransitáveis, poderá ocorrer com baixos riscos de acidente, de forma segura, respeitando, ao mesmo tempo, as poucas comunidades locais e, desta maneira, contribuindo para a preservação ambiental da área de influência da rodovia.

Como resultado, a proliferação de crateras lunares a exigirem, para percorrê-las, baixas velocidades, de 10/20 quilômetros por hora, quando muito. Nas duas extremidades, de Manaus à Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Igapó-Açu e a outra, próxima a Porto Velho, há poucas condições de trafegabilidade.

Em julho de 2021, a nova empresa contratada pelo DNIT assumiu os serviços de manutenção e conservação na BR–319, no trecho referente ao segmento B, que compreende o km 679,30 ao km 821,00 (AM) e do km 0,0 ao km 56,70 (RO), área situada entre os municípios de Humaitá/AM e Porto Velho-RO.

Os serviços em execução consistem, basicamente, de limpeza, terraplanagem e pavimentação com piçarra (de boa qualidade); recuperação de atoleiros e de áreas alagáveis aterrados com britas que chegam a, aproximadamente, 2 metros acima do grade da rodovia, em alguns casos, e o conserto de praticamente todas as pontes de madeira existentes.

Lendária

A BR-319, concluída e inaugurada em 1976, a lendária Manaus – Porto Velho, interliga as duas capitais ao longo de 877,4 quilômetros, cortando, no Amazonas, os municípios Careiro da Várzea (km 13), Careiro Castanho (km 113), RDS Igapó-Açu (km 260), Distrito de Realidade (km 589) e a cidade de Humaitá (km 677,5). A rodovia é a única ligação rodoviária de Manaus com o Sul do Estado e o restante do Brasil, proporcionando, ainda, acesso direto aos municípios de Humaitá, Apuí e Santo Antônio do Matupi (Manicoré).

Reservas e florestas nacionais

A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (UCs), constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e municipais. Essas áreas possuem características singulares relacionadas à fauna e à flora do local. São seus principais objetivos: proteger e conservar essas áreas, bem como as espécies em risco de extinção; preservar e restaurar os recursos e os ecossistemas naturais; valorizar a diversidade biológica desses espaços; e promover o desenvolvimento sustentável.

Ao longo da BR-319 há seis unidades de conservação criadas pelo Governo do Amazonas: Parque Estadual Matupiri, com 513.747,47 hectares (ha); RDS Matupiri, área de 179.083,45 ha; RDS Igapó Açu, área de 397.557,32 ha; Reserva Extrativista Canutama, com área de 197.986,50 ha; Floresta Estadual Canutama, com área de 150.588,57 ha; Floresta Estadual Tapauá, com área de 881.704,000 ha. O conjunto dessas áreas, plenamente protegidas, totaliza 2.320.667,31 ha.

Além dessas, há três unidades de conservação federal, adjacentes ao rio Madeira, BR-319 e rio Purus: Reserva Extrativista do Lago do Capanã Grande, uma das Unidades de maior potencial positivo no Estado do Amazonas; o Parque das Nascentes do Lago Jari (não pode ser tocado), com cerca de 812.141 ha, que tem por objetivo garantir proteção da bacia do rio Jari, importante afluente da margem direita do rio Purus; e a Floresta Nacional do Balata-Tufari, de 1.077.859 hectares.

UCs se mantém produtivas

Todas essas Unidades de Conservação foram criadas entre 2005 e 2012 e lá permanecem intocadas e improdutivas. Presume-se que o objetivo maior, ditado por organizações ambientalistas internacionais, é o de tornar a Amazônia verdadeiramente um paraíso tropical intocado na Terra, esquecendo-se que a Amazônia tem mais de 60% de área preservada.

Conferem, por outro lado, se bem administradas, excepcionais condições para a proteção das unidades e do entorno. Há um número considerável de áreas ocupadas, sobretudo na região de Humaitá e Rondônia, com pecuária ou soja, desmatadas há 10, 15, 20 anos.

Já se encontram em plena produção, nada mais há o que fazer a não ser incentivar seus proprietários a continuar produzindo, obedecidas as normas de sustentabilidade.

Afinal, produzir não é crime. Crime é deixar ao Deus dará imensas glebas constituídas em reservas ou parques sem proteção efetiva ou qualquer tipo de exploração. A solução efetiva, pragmática, é incentivar empreendimentos agroflorestais nos trechos fora das Unidades de Conservação e Parques, estabelecendo limites para a exploração sustentável das glebas.

Seu desenvolvimento, convém ressaltar, é condição fundamental para a plena preservação do bioma via exploração racional, nos termos da legislação vigente, dos recursos da biodiversidade.

Único meio, a propósito, que possibilitará, na perspectiva 2073, a integração da bioeconomia ao Polo Industrial de Manaus (PIM), padrão 4.0. Desta forma, como resultado dessa simbiose, tornar o modelo independente de favores fiscais, integrado ao padrão tecnológico do mundo moderno, além de assegurar plena sustentabilidade do ecossistema.

Com certeza, o modelo social, ambiental e econômico que melhor se assenta às pré-condições para o desenvolvimento regional do nosso Estado e da Amazônia Ocidental.

Fonte: Acrítica

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