20/06/2025

Por Fabiano Bó*

Vivemos uma era em que a Amazônia passou a ocupar o centro da equação climática, econômica e diplomática global. Sua floresta, seus rios e sua gente estão sob o olhar do mundo, que observa como o Brasil, enquanto nação soberana, decidirá tratar o território que define boa parte de sua identidade e de sua credibilidade internacional. Nesse contexto, decisões de infraestrutura precisam ser baseadas em inteligência de Estado, planejamento técnico e um compromisso com o futuro sustentável. A BR-319, como uma das principais vias de conexão da Amazônia, se insere nesse contexto como um passo decisivo.

Ligando Porto Velho (RO) a Manaus (AM), a rodovia abrange 877 quilômetros, dos quais aproximadamente 405 quilômetros ainda são intrafegáveis durante a temporada de chuvas. A pavimentação de trechos, como o ‘trecho do meio’, que recebeu cerca de R$157,5 milhões do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes),representa um avanço essencial. Entretanto, a verdadeira importância da BR-319 está na continuidade e na consolidação dessa estrutura como uma rodovia de acesso constante e sustentável.

A BR-319 não é uma questão de escolha, mas uma necessidade técnica, econômica e social. O uso de sistemas de arrimo, por exemplo, que elevam a pista e garantem drenagem eficiente, é uma prática amplamente aceita e testada em grandes obras rodoviárias no Brasil e no mundo. Tais soluções, descritas no Manual de Drenagem Rodoviária do Dnit, permitem que a estrada seja construída de forma a evitar o impacto negativo no ecossistema, respeitando os limites e características da região Amazônica. Estudos recentes demonstram que a combinação dessas técnicas com drenagem subterrânea assegura o escoamento seguro da água, prevenindo erosões e deslizamentos, elementos essenciais para a viabilidade da rodovia.

No campo econômico, a BR-319, é uma chave para o desenvolvimento da região. Sua construção e recuperação têm um impacto direto na logística e competitividade do Amazonas, um dos Estados mais isolados do Brasil. A rodovia não apenas conecta o extremo Norte do país e o PIM (Polo Industrial de Manaus) ao restante do Brasil de maneira mais eficiente, mas também facilita o escoamento de produtos, serviços e insumos, estimulando a economia local e integrando o Estado de forma mais competitiva aos mercados nacional e internacional. A redução dos custos logísticos, que hoje são elevados devido ao isolamento geográfico, torna-se uma necessidade urgente, e a BR-319 é o caminho para essa transformação.

A sustentabilidade também é um pilar fundamental da BR-319. Com um planejamento cuidadoso, que envolve monitoramento constante e o uso de tecnologias compatíveis com as exigências da floresta, a rodovia pode ser construída e mantida sem comprometer o meio ambiente. Quando devidamente projetada e gerida,a via contribui para a preservação da região, pois proporciona maior controle sobre o território, ajuda a combater ocupações ilegais e favorece a implementação de políticas públicas eficazes.