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Biotecnologia espera trégua da burocracia

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04/08/2017

Reportagem publicada no Jornal do Commercio

Produtos como castanha-do-Pará, açaí, andiroba, copaíba e pescado são exemplos de recursos naturais com grande potencial econômico para o Amazonas, mas a falta de investimento das empresas e a burocracia dos bancos impedem o desenvolvimento deles.

O empresário e professor em biotecnologia Augusto Rocha destacou a falta de PPB (Processo Produtivo Básico), requisito mínimo para a industrialização de determinado produto na Zona Franca de Manaus e cita recursos gerados no PIM (Pólo Industrial de Manaus) como possível fonte de investimentos.

"A ideia é que gere lucro e que os empreendedores ganhem dinheiro, mas as dificuldades são muitas. É quase impossível fazer algo assim por aqui. Quase tudo está proibido. Faltam PPB voltados para bionegócios, falta boa vontade de alguns órgãos que concedem licenciamento, estamos isolados e falta infraestrutura. Vamos ver se os empresários geram riquezas (e impostos) a partir disto. É necessário investimento em pesquisa básica e pesquisa aplicada", disse.

Outra dificuldade destacada para o retorno financeiro imediato para a economia do Estado são as altas taxas de juros enconcontradas por empreendedores na hora de investir.

"Há uma grande oportunidade de criar uma nova fronteira para o desenvolvimento do Brasil, seguindo os padrões da sustentabilidade e do compliance corporativo (conjunto de disciplinas) tão importante neste momento de nossa história, mas, infelizmente a taxa de juro é altamente danosa. Os juros afugentam os investimentos do empreendedor e os empresários não querem correr riscos. Os empresários não enxergam vantagens em investir", destacou Rocha.

Para o economista e especialista em desenvolvimento regional, Ailson Rezende, outro fator que contribui para o não investimento das empresas é a falta de atrativo econômico para as empresas e a demora dos bancos na hora de liberar os recursos necessários.

"Os empresários não investem nesses produtos (andiroba e copaíba), porque no Amazonas não existe um segmento que gera demanda e nem empresas que tenham esse produto como matéria-prima. Aqui eles são muito utilizados em feiras e supermercados, mas não tem potencial industrial devido a falta desse segmento. A Natura investiu em uma unidade industrial na estrada de Mosqueiro, no Pará, onde compra de cooperativas e da comunidades andiroba e copaíba como matéria-prima. Aqui no Amazonas ainda não há um atrativo econômico para as empresas. A demora dos bancos na liberação de recursos para o investimento contribuem bastante para. Os recursos solicitados chegam demorar até um ano. O tempo voa e o investimento é pra ontem", disse Rezende.

Oportunidade

Com o atual cenário econômico do país, Augusto Rocha destacou os produtos regionais como uma oportunidade de desenvolvimento sustentável e propôs a criação de 25 sub-áreas voltadas para desenvolver estes produtos.

"Cada uma das cinco áreas pode se desdobrar em outras 5 áreas. Vamos usar o peixe como exemplo. Nas sub-áreas teremos o Tambaqui, Sardinha, Pirarucu, Matrinxã, Aruanã. E só. Não se incentiva ou estimula nenhuma outra área até estes cinco peixes terem escala e venda globalmente. O convite é que sejam definidas estas áreas. A questão é que devemos ter prioridades e a ideia do artigo foi fazer esta provocação. Só o lucro poderá levar a sustentação econômica de um projeto de tal envergadura, atraindo investidores e capital de risco, movimentando o dínamo da geração de riqueza", disse.

IBGE

O professor destaca um dado alarmante acerca de exportações da castanha-do-Pará. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção de castanha-do-Pará em toneladas caiu de 50.000, em 1990 para 40.000 toneladas, em 2015. No ano de 1990 o Brasil era o maior produtor e exportador de castanhas-do-Pará. E segundo informações do MDIC (Ministério da Industria, Comércio e Exterior e Serviços), as exportações de castanha-do-Pará somaram 8.149 toneladas em 2016, muito abaixo do ano anterior. Comparado com países como Bolívia e Peru, Brasil tem exportado pouco.

"Nos anos 1960 éramos praticamente os únicos exportadores. Por conta de nossa incompetência interna, nos últimos anos, tanto a Bolívia, quanto o Peru passaram a exportar mais que o Brasil. Pouco é feito para transformar este produto em riqueza. E lamentaremos muito como se deu na borracha, quando foi levada por países asiáticos. E a mesma coisa está acontecendo atualmente. A China por exemplo já produz tambaqui. Enquanto nosso governo não investe aqui os países de fora estão investindo. Precisamos resolver entre nós de como usar de maneira responsável os recursos naturais de nossa região.", revela Rocha

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