21/08/2018
Alfredo Lopes
Debochada no debate eleitoral, a Amazônia foi pauta recente
de duas manchetes globais sobre a magnitude do acervo
biótico e as oportunidades monumentais de seus bionegócios.
Uma das notícias anota o desinteresse político na discussão
nacional e o outro, da BBC Brasil, surpreende a comunidade
científica
ao destacar que o tesouro da biodiversidade é muito
mais extenso e valioso do que todos supunham. Bingo! Ainda
camos
choramingando a esperteza – ou pertinácia de quem
tem visão de negócios? – dos ingleses pelo sequestro das
sementes da seringueira no nal
do Século XIX – a lendária
árvore da fortuna, a hevea brasilienses. Eles se deram bem e
nós, constrangidos.
Foram os ingleses que promoveram essa pesquisa publicada
pela BBC. Eles são autoridades em dissecar plantas ou seres
do reino animal para fazer negócios. E nem precisaram atravessar o Oceano Atlântico para desembarcar na floresta.
Eles têm um mostruário de 200 mil espécies em Kew Gardens,
o fantástico Museu Botânico da Família Real, nos arredores de
Londres. A borracha é apenas um retrato a mais na parede da
prosperidade que eles desenvolveram a partir dos princípios
ativos levados por Spruce, Alfred Russel e William Bates, para
citar os viajantes ingleses na Amazônia desde o Século XVIII.
E qual dos candidatos vai pautar a floresta
em suas
prioridades, além de Marina Silva a quem falta a percepção de
que padecemos de uma finalidade
econômica para proteger o
acervo ambiental? As árvores da Hileia não são as vacas da
Índia que não podem ser tocadas. Seguimos na dependência
crônica do jogo político, vinculado miseravelmente ao critério
eleitoreiro, por isso o Comitê de Busca, do Ministério da
Ciência e Tecnologia, montado para escolher o novo diretor
do INPA, não conseguiu alcançar resultados. Certamente virá,
não alguém envolvido com os desafios
da Comunidade
científica/empresarial,
mas o enviado alinhado com quem o
apadrinhou.
Os cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
se debatem com problemas hilários – como não dispor de
armários climatizados para conservar os tecidos preciosos de
vegetais que podem oferecer mais pistas de soluções
medicinais, cosméticas e alimentares de suas investigações. E
o que é mais grave. Não conseguem exibilidade
do órgão
ambiental federal para se associar aos colegas da Indústria e
comércio para transformar pesquisa em inovação e daí
desembarcar no mercado. Uma das matérias lamenta que “…
em um ano, a Amazônia perdeu 859 árvores por minuto”,
como se este fosse o problema. Com inovação e ousadia
tecnológica este poderia ser, com certeza, um nicho de
negócios dos sonhos do mercado e de proteção do clima.
Basta manejar o acervo orestal
com inteligência.
Gestão da Amazônia é o gargalo, o desafio
e a saída para
tantos imbróglios sem sentido que nos constrangem. Na
próxima semana, Manaus será palco de um evento
internacional I AMAS – Conferencia de Gestão da Amazônia,
promovido pela UEA/USP, as universidades estatuais do
Amazonas e São Paulo, que vai debater a necessidade e o
mapeamento de lideranças, a identificação
de estratégias e o
monitoramento das métricas de uma gestão participativa,
coerente e producente de soluções harmoniosas entre meio
ambiente, sustentabilidade e mercado.
Gestão da Amazônia é o gargalo, o desao
e a saída para
tantos imbróglios sem sentido que nos constrangem. Na
próxima semana, Manaus será palco de um evento
internacional I AMAS – Conferencia de Gestão da Amazônia,
promovido pela UEA/USP, as universidades estatuais do
Amazonas e São Paulo, que vai debater a necessidade e o
mapeamento de lideranças, a identificação
de estratégias e o
monitoramento das métricas de uma gestão participativa,
coerente e producente de soluções harmoniosas entre meio
ambiente, sustentabilidade e mercado.
Um dos conferencistas mais importantes é Niro Higuchi, a maior autoridade global em manejo florestal sustentável MFS, na perspectiva da dinâmica do carbono na Amazônia, o Cadaf, um projeto liderado pelo INPA e Universidade de Tokyo, com apoio do governo japonês, dezenas de instituições internacionais, para gerenciar o funcionamento da fotossíntese e o incremento dos serviços ambientais associados ao MFS, entre outras descobertas estratégicas. Além da pesquisa, da vontade política e da movimentação Interinstitucional, a Amazônia espera que o Brasil reconheça as saídas para o Brasil a partir de sua floresta.