22/10/2020
Fonte: EM TEMPO
A área desmatada da floresta tropical da Amazônia já ultrapassa os 700 mil km², segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Com a restauração, para a cada mil hectares, 200 empregos surgiriam através da coleta de sementes, produção de mudas, do plantio e da manutenção. Os dados são da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços e Ecossistêmicos (BPBES).
Dentro dessa perspectiva, especialistas apontam a bioeconomia como meio de alavancar o mercado no Amazonas.
Para viabilizar negócios com esse viés, foi criado o Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), incentivado pelos responsáveis da Zona Franca de Manaus (Suframa), para impulsionar os empreendimentos e explorar a economia sustentável baseada na biodiversidade da região.
Sobre a iniciativa, o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, declara que o Amazonas precisa criar novas oportunidades através da biodiversidade que o Estado oferece.
“Existem várias utilizações para recursos biológicos desde os fármacos, cosméticos, biocombustíveis e a indústria química como um todo, que apresenta um leque amplo de possibilidades”, analisa Périco.
Segundo ele, é preciso agir com inteligência para aproveitar e usar os recursos que o Amazonas possui, junto as pesquisas já existentes, na intenção de atrair fabricantes dos produtos finais da região e não exportar os insumos extraídos da floresta. Wilson alerta que esse plano é urgente, “ou seja, temos que iniciar ontem”, apressa.
O presidente do Cieam ainda ressalta as consequências negativas colhidas na economia por erros cometidos.
“Não podemos repetir os erros do passado na época áurea da borracha, exportando o látex que iria se transformar nos derivados de produtos de borracha no mundo afora, principalmente o pneu, ao invés de trazer para o Estado os fabricantes que utilizavam a borracha. A equação agora tem que ser diferente. Nós temos as potencialidades, mas não queremos voltar a atividade extrativista", diz Périco.
Biodiversidade na Amazônia
De acordo com o relatório Perspectivas do Meio Ambiente na Amazônia (GEO Amazônia), a floresta possui mais de 2 mil espécies de plantas, que podem ser usadas na alimentação e na medicina, além de ser matéria-prima para produção de óleos, graxas, ceras, entre outros. O levantamento também mostrou que a biodiversidade da região contribui para atividades econômicas como a agricultura, o ecoturismo, a zootecnia e a agroindústria.
Com a intenção de utilizar os recursos existentes para trazer melhores condições aos amazonenses, a engenheira florestal Conceição Vargas concorda com a estratégia.
“Todo recurso renovável é viável, economicamente e ambientalmente também, desde que tenha estudos científicos identificando o potencial de viabilidade ambiental”, observa.
Em relação ao reflorestamento como meio de gerar novos empregos e preservar o que já foi destruído, Conceição diz ser o melhor caminho para ambos os lados: para a economia e a preservação. “Não será a mesma floresta de antes, porém, com certeza, vai melhorar a qualidade ambiental e possibilitar a criação de um habitat para várias espécies, e assim, melhorar o ecossistema que passa de uma área degradada para uma área reflorestada”, finaliza.