15/04/2022
A indústria de bicicletas do PIM retomou o patamar pré-pandemia. As linhas de produção do Polo Industrial de Manaus entregaram 183.019 unidades no primeiro trimestre, quantidade 7,1% superior à registrada em igual período do ano passado (170.902). Os modelos Moutain Bike seguem favoritos, mas as bicicletas elétricas continuam aumentando sua participação de mercado.
É o que revelam os dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas,
Bicicletas e Similares). A entidade revela ainda que, assim como ocorrido com as vendas internas, as exportações seguiram em alta, durante o acumulado dos primeiros três meses do ano.
A produção, contudo, desacelerou 9,2%, entre fevereiro (63.712) e março (57.870). Houve também um empate virtual com o dado do mesmo mês de 2021 (57.843), período em que o Estado ensaiava sua saída da segunda onda da pandemia. Segundo a Abraciclo, o mercado segue demandante e o recuo se deve exclusivamente à crise no fornecimento de insumos. Lideranças do PIM ouvidas pela reportagem do Jornal do Commercio se dividem quanto à expectativa de normalização nas cadeias globais, diante do recrudescimento da guerra na Ucrânia, e do repique dos casos de Covid-19 na China.
Com 112.629 unidades e 61,5% do volume total produzido, a Moutain Bike foi a categoria mais produzida no primeiro trimestre. Em segundo lugar, ficou a Urbana/ Lazer (52.014), seguida pela Infantojuvenil (12.582). O maior crescimento veio da categoria Estrada (3.161) que cresceu 31,4%. A Elétrica (2.633) veio em segundo lugar, com 18,3% de alta, mas aparece com projeções de aumento de oferta. A expectativa da Abraciclo é que sejam fabricadas 15 mil unidades de bicicletas elétricas neste ano, 45,7% a mais que em 2021 (10.294).
As exportações de bicicletas "made in ZFM" também se mantiveram em alta, no acumulado de janeiro a março. Os embarques de bicicletas para o mercado externo totalizaram 4.122 unidades e avançaram 22,5% em relação a igual intervalo de 2021 (3.365). De acordo com o portal Comex Stat, os principais destinos foram Paraguai (3.277) Bolívia (480) e Uruguai (220), respondendo por fatias respectivas de 79,5%, 11,6% e 5,3%, das vendas externas. Março (51), entretanto, indicou retrações nos comparativos mensal (-97,4%) e anual (-96,8%), com praticamente todas as unidades sendo destinadas à Bolívia.
“Dentro da normalidade”
Em texto distribuído pela assessoria de imprensa da entidade, o vice-presidente do Segmento de Bicicletas da Abraciclo, Cyro Gazola, diz que os números estão dentro da expectativa das associadas de produzir 880 mil unidades em 2022. O executivo reforça que, para minimizar o problema, as fábricas associadas elaboraram um plano de ação, que envolve toda a cadeia logística, para garantir o suprimento das linhas de produção.
"Graças a isso, gradativamente estamos atendendo a demanda do mercado", amenizou. "O ritmo de produção vem em curva ascendente. O pequeno recuo de março está dentro da normalidade e foi provocado por um desequilíbrio que ainda existe na cadeia de suprimentos. É um problema mundial, que ainda vai persistir por mais alguns meses, mas acreditamos que em uma intensidade menor", emendou.
Na avaliação do vice-presidente da Abraciclo, a procura por bicicletas está e deve continuar alta. No entendimento do dirigente, o aumento dos combustíveis contribui para que as pessoas busquem novas formas de mobilidade. A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) em favor do uso do modal, para garantir distanciamento social também ajuda. "A bicicleta é um meio de transporte econômico e com menor custo de manutenção. Há ainda o ganho ambiental: é um meio de transporte sustentável, que não polui e só traz vantagens para as pessoas, para a mobilidade e para o planeta", listou.
Lockdown na China
O presidente do SIMMMEM (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus), Nelson Azevedo, reforçou à reportagem do Jornal do Commercio que as fábricas de bicicletas do PIM, assim como de demais produtos de duas rodas, entre outros, ainda sofrem oscilações no ritmo de produção, em virtude da crise de abastecimento de insumos. Segundo o dirigente, que também é vice-presidente da Fieam, a situação aumentou a ociosidade nas linhas de produção dos componentistas locais, que trabalham hoje com apenas 40% a 60% de sua capacidade instalada.
"Os dados da Abraciclo sobre o desempenho da produção de bicicletas, mostra a realidade que estamos vivendo nesse início de 2022. Se por um lado a demanda por bicicletas está aquecida, devido à forte procura dos brasileiros para atividades físicas, esporte & lazer, mobilidade urbana e entregas rápidas, por outro lado as indústrias ainda sentem os problemas logísticos e de falta de insumos para cumprir a sua programação de produção".
O dirigente lembra que, apesar da pandemia ter sofrido arrefecimento no Brasil, na China a situação ainda persiste e que, apesar de ter "poucos casos de contaminação", o país asiático mantém política de "covid-zero", sinalizando mais gargalos no fornecimento de insumos para o PIM. "As autoridades de saúde fecham cidades inteiras para conter a contaminação. Xangai, com uma população de aproximadamente 25 milhões de habitantes está em lockdown total, com portos e fábricas fechados, e a população confinada em suas residências. Essa cidade é um importante parque industrial e logístico para a maioria das fábricas no mundo inteiro", alertou.
Pedidos adiantados
Para o presidente da Fieam (Federação das indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, o setor de Duas Rodas apresenta um "claro sinal" de demanda reprimida. "Existe uma procura grande por veículos de duas rodas. A alta no preço dos combustíveis e o acréscimo nos serviços de entrega a domicílio impulsionaram esse mercado. Há, contudo, um problema contínuo no fornecimento da cadeia de insumos do segmento, o que tem impactado diretamente as linhas de produção do PIM. Mas, temos expectativa de que esse problema comece a arrefecer a partir do segundo semestre", amenizou.
O presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, concorda que a indústria passou a sofrer com o gargalo dos insumos, a partir da retomada das atividades e suas pressões sobre os fornecedores, em um curto espaço de tempo. "Agora, temos questões logísticas, com limitações em alguns portos do mundo. O polo de bicicletas passa, desde 2021, por um problema de fornecimento, que forçou algumas empresas a colocarem os pedidos de insumos até 2024, para garantir o fornecimento. Esse resultado de março não indica retração de mercado", encerrou.
Linhas de produção do Polo Industrial de Manaus entregaram 183.019 unidades no primeiro trimestre.
Fonte: Jornal do Commercio