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Balança comercial em alta

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08/03/2022

Marco Dassori

A corrente de comércio exterior do Amazonas desacelerou em fevereiro, mas superaram os US$ 2.37 bilhões no bimestre. Embora tenham perdido fôlego na variação mensal, os valores contabilizados nas importações de partes e peças para o PIM seguiram acima do patamar do mesmo mês de 2021. O melhor desempenho veio das exportações, que foram puxadas pela demanda da Venezuela por produtos básicos de alimentação e higiene, em que pese o desempenho positivo nas vendas externas de concentrados e motocicletas. É o que mostram os dados do governo federal, disponibilizados no portal Comex Stat.

As vendas externas do Estado totalizaram US$ 79.27 milhões e foram 3,31% mais fortes do que as de dezembro de 2021 (US$ 76.73 milhões), além de superar em 7,70% o registro de 12 meses atrás (US$ 73.60 milhões). As importações totalizaram US$ 1.05 bilhão, correspondendo a um decréscimo de 9,48% ante o mês anterior (US$ 1.16 bilhão) e a uma expansão de 11,06% no confronto com fevereiro de 2021 (US$ 945.42 milhões). No acumulado do ano, as exportações (US$ 156 milhões) do Amazonas avançaram 12,66%, enquanto as importações (US$ 2.21 bilhões) subiram 16,93%.

Em ambos os casos, no entanto, o peso total das mercadorias foi menor em fevereiro, indicando que o aumento pode ter se dado mais pela inflação mundial decorrente da pandemia. As vendas externas encostaram nas 25.740 toneladas, quantidade 37,09% inferior à apresentada no mesmo mês de 2021 (40.913 toneladas). As aquisições no estrangeiro, por outro lado, demonstraram queda de 32,11% na mesma comparação e não passaram de 138.10 milhões de toneladas. No bimestre, houve um virtual empate, no primeiro caso, e uma redução de 3,86%, no segundo.

As importações de fevereiro foram encabeçadas por insumos para o PIM, além de alguns bens finais. Os itens mais adquiridos foram circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 216.47 milhões), componentes para televisores, celulares e decodificadores (US$ 133.18 milhões), polímeros de etileno (US$ 58.38 milhões), platina (US$52.01 milhões), celulares (US$ 51.51 milhões), partes e acessórios para veículos de duas rodas (US$ 43.53 milhões) e insumos para máquinas e equipamentos (US$ 31.34 milhões). Apenas platina e celulares tiveram números mais baixos na variação anual.

A China (US$ 461.70 milhões) voltou a liderar o ranking de países fornecedores para o Amazonas, no mês passado, com alta de 8,61% ante o segundo mês de 2021 (US$ 425.08 milhões). Os Estados Unidos (US$ 85.01 milhões) se mantiveram no segundo lugar, logo à frente da Coreia do Sul (US$ 84.13 milhões). Foram seguidos por do Vietnã (US$ 8092 milhões), Taiwan (US$ 57.63 milhões), Japão (US$ 53.64 milhões), Tailândia (US$ 30 milhões) e Hong Kong (US$ 21.65 milhões). Com exceção dos EUA, todos os demais países citados avançaram em relação ao dado de 12 meses atrás.

Efeito Venezuela

Em fevereiro, as preparações alimentícias/concentrados (US$ 12.56 milhões) perderam a liderança para o óleo de soja (US$ 13.04 milhões), no ranking das exportações do Estado. As motocicletas (US$ 10.10 milhões) permaneceram na terceira colocação, sendo seguidas por ferro-ligas (US$ 7.37 milhões), ouro (US$7.25 milhões), extratos de malte (US$5.23 milhões), e açúcares e sacarose (US$3.07 milhões).

Apesar da presença dos concentrados e motocicletas no pódio, os próximos manufaturados do PIM presentes na primeira pauta de vendas externas do Amazonas no ano só aparecem na nona, 12a, 13a 16a e 24a posições, respectivamente: aparelhos de barbear (US$ 1.70 milhão), canetas (US$ 1.37 milhão), aparelhos de TV (US$ 1.18 milhão), celulares (US$ 520.114) e isqueiros (US$ 315.017). A lista inclui ainda diversos componentes fabris, como circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (R$ 599.270).

A Venezuela (US$ 28.23 milhões) renovou a liderança entre os destinos das vendas externas amazonenses, e subiu 13,24% sobre o dado de fevereiro de 2021 (US$ 24.93 milhões). Tradicional parceiro comercial do Amazonas, a Argentina (US$ 5.13 milhões) caiu da segunda para a quinta posição. Foi ultrapassada por Colômbia (US$ 9.58 milhões), Alemanha (R$ 8.18 milhões) e China (US$6.01 milhões). Na sequência estão Estados Unidos (US$ 4.31 milhões), Bolívia (R$ 2.24 milhões) e Paraguai (US$ 1.72 milhões), entre outros. Apenas estes três, além da Argentina, retraíram o volume de compras em um ano.

“No lucro”

O gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Marcelo Lima, avalia que há uma tendência recente na alternância de concentrados e óleo de soja na liderança da pauta amazonense de exportações, ao longo dos anos -em que pese o fato deste praticamente não ser produzido no Amazonas. Destaca também que, com exceção das motocicletas e dos concentrados, os manufaturados do PIM ainda devem suas vendas quase que exclusivamente ao mercado nacional.

"Temos de considerar também que os valores globais são impactados pela variação do câmbio e da inflação, que assolou o mundo todo. Os quantitativos de mercadorias, por outro lado, sofreram os impactos da pandemia, sofrendo uma queda razoável. De forma geral, as exportações vão se mantendo e as importações também permanecem em valores razoáveis. O PIM vai se mantendo, em que pesem as crises mundiais. Estamos no lucro. Mas, acredito que essa guerra na Ucrânia vai afetar significativamente na nossa balança, especialmente nos preços dos alimentos e fluxo de insumos", analisou.

Oportunidades e guerra

Já o diretor adjunto de Infraestrutura, Transporte e Logística da Fieam, e professor da Ufam, Augusto Cesar Rocha, considera que os insumos que estão predominando na cesta de compras do PIM são os que possuem maior agregação de valor para a linha de produção do parque industrial de Manaus. "Com relação aos países fornecedores do PIM, há forte vinculação com a nacionalidade das empresas sediadas em Manaus, com expressivas transferências a partir das matrizes, nos maiores casos. Nos menores, são subfornecedores da Ásia, como Vietnã ou Tailândia, que venderiam para a China ou Japão, e fornecem direto a Manaus. Taiwan tipicamente fornece semicondutores, com baixo peso e alto valor agregado", explanou.

Augusto Cesar Rocha explica que a condição oscilante da Argentina se dá pela deterioração de seu comércio interno, enquanto o oposto ocorre na Venezuela, o oposto, em razão dos aumentos da cotação do petróleo. O dirigente avalia que a alta das vendas de óleo de soja, pelo "fluxo interessante de comércio entre fronteiras próximas", aponta para uma "boa oportunidade a ser desenvolvida" pelo Amazonas e que poderia merecer um olhar detido dos órgãos de apoio para exportação, como Apex e Suframa.

"Por estes números, tenho a impressão de que estamos de fato saindo da crise do PIM e iniciando uma retomada sólida. Minha expectativa finalmente mudou. Há um momento oportuno, em especial para eletroeletrônicos. Há também um provável impacto no custo dos fretes internacionais, pelo novo cenário do petróleo e da guerra na Europa. Isso vai levar a novos arranjos de custos nas cadeias produtivas. A interrupção, que não se sabe quanto tempo vai durar, do ciclo de valorização do real também é positiva para manter a baixa atratividade para a importação de produtos prontos para cá", concluiu.

Importações de fevereiro foram encabeçadas por insumos para o PIM, além de alguns bens finais

Fonte: JCAM

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