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Balança Comercial do Amazonas mostra expansão em janeiro

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07/03/2023

A corrente de comércio exterior do Amazonas voltou a crescer em janeiro. A soma das exportações e importações totalizou US$ 1.27 bilhão e avançou 4,10% em relação ao primeiro mês de 2022 (US$ 1.22 bilhão). Tanto as compras de insumos e bens finais, quanto a vendas de manufaturados e produtos primários, seguiram ascendentes em valores apurados. O destaque nas exportações veio das motocicletas e da recuperação da Argentina no ranking de destinos d, embora ouro e nióbio também tenham se mantido em evidência.É o que revelam os números do site Comexstat.

A base de dados do governo federal informa que as vendas externas somaram US$ 74.79 milhões, ficando 8,94% abaixo de dezembro (US$ 82.13 milhões), embora tenham superado em 22,89% o patamar de 12 meses atrás (US$ 60.86 milhões). As importações somaram US$ 1.21 bilhão e subiram 1,68% em relação a dezembro (US$ 1.19 bilhão), além de crescer 4,31% no confronto com o mesmo período de 2022r (US$ 1.16 bilhão).

Mas, a análise trimestral, que é usada para captar tendências, mostrou dados menos positivos para o comércio exterior amazonense neste começo de ano. As vendas externas ficaram em US$ 231,51 milhões no trimestre encerrado em janeiro de 2023, configurando um retrocesso de 5,49% frente o acumulado de agosto a outubro de 2022 (US$ 244.23 milhões). As importações caíram de US$ 3.74 bilhões para US$ 3.51 bilhões, com uma diferença de 6,15%. O confronto com o mesmo aglutinado de 12 meses atrás, contudo, confirmou altas de respectivas de 15,85% e 2,03% em ambas as comparações.

O comparativo da pesagem das mercadorias também apresentou desempenho desfavorável, em sintonia com os impactos da variação cambial e da inflação internacional. O volume das vendas externas não passou de 17,84 mil toneladas, 28,32% a menos do que em dezembro (24,89 mil toneladas) e 25,17% abaixo da marca de janeiro de 2022 (23,84 mil toneladas). As aquisições no estrangeiro (234,23 milhões de toneladas) tombaram 32,59% na comparação com o último mês de 2022 (347,48 milhões de toneladas) e 12,60% ante igual intervalo do exercício anterior (267,99 milhões de toneladas).

“Férias e Carnaval”

A lista de importados segue dominada por insumos para o PIM, como circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 252.76 milhões), mas inclui também bens finais, como celulares (US$ 76.16 milhões) e aparelhos de ar condicionado (US$ 26.53 milhões). Discos, fitas e suportes para gravação de sons (US$ 75.88 milhões), polímeros de etileno (US$ 74.81 milhões), óleos de petróleo” (US$ 62.62 milhões), platina (US$ 57.19 milhões), e componentes para veículos de duas rodas (R$ 56.23 milhões) e artigos eletroeletrônicos (R$ 49.78 milhões), entre outros, também tiveram relevância.

A China (US$ 486.46 milhões) confirmou liderança no ranking de fornecedores para o PIM, embora tenha sofrido recuado 0,41% na comparação com o valor de um ano atrás. Foi seguida pelos EUA (US$ 144.32 milhões), Coreia do Sul (US$ 93.90 milhões), Vietnã (US$ 86.78 milhões), Taiwan/Formosa (US$ 69.89 milhões), Japão (US$ 46.56 milhões), África do Sul (US$ 31.38 milhões), Índia (US$ 27.90 milhões) e Tailândia (US$ 26.42 milhões), em uma lista de 86 nações. Apenas Coreia e Japão regrediram na variação anual.

“Os números apresentam um comportamento normal para janeiro, que é até um mês com tendência de redução. As empresas costumam voltar ao trabalho perto do dia 10 e o número de dias trabalhados é menor. Algo semelhante deve acontecer em fevereiro, que é mais curto e o Carnaval”, ponderou o gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Marcelo Lima.

Argentina e concentrados

Do lado das exportações, a Colômbia (US$ 10.25 milhões) desceu do primeiro para o segundo lugar, interrompendo cinco meses de liderança, mesmo com alta de 36,12% ante o mesmo mês de 2022. Tradicional parceira do PIM, a Argentina (US$ 11.30 milhões) escalou da quarta colocação para a primeira posição, apesar de ter encolhido 5,52%. Em seguida estão Alemanha (US$ 9.20 milhões), China (US$ 7.62 milhões), Venezuela (US$ 7.33 milhões), Bolívia (US$ 4.97 milhões) e EUA (US$ 4.69 milhões), em um rol de 66 países.

As preparações alimentícias/concentrados (US$ 14.16 milhões) também desceram para a vice-liderança do ranking, ao amargar recuo anual de 11,17%. As motocicletas (US$ 17.10 milhões), por outro lado, decolaram 114,02% em igual comparação e passaram para o primeiro lugar. As demais posições foram ocupadas por ouro (US$ 9.25 milhões) – graças aos embarques para Alemanha e Emirados Árabes –, extratos de malte (US$ 5.55 milhões) – vendido principalmente à Venezuela –, ferro-ligas/nióbio (US$ 5.10 milhões) – remetido exclusivamente à China –, em uma lista de 320 itens.

Apesar das motocicletas e dos concentrados no pódio, os próximos manufaturados do Polo Industrial de Manaus presentes na lista só aparecem na sexta, décima, 11ª, 13ª, 17ª e 22ª posições: televisores (US$ 3.07 bilhões), lâminas e aparelhos de barbear (US$ 1.44 bilhão), auto rádios e reprodutores de audio (US$ 1.37 bilhão), celulares (US$ 797.317), canetas (US$ 567.268), e isqueiros (US$ 324.653), assim como alguns insumos industriais.

Marcelo Lima ressalta que as oscilações no ranking são “usuais”, mas avalia que a tendência para 2023 é “animadora”, embora a conjuntura favoreça mais um aumento “vegetativo”. “Ainda há guerra na Ucrânia e a situação no mundo não alterou muita coisa. Mas, março já deve começar a refletir alguma melhoria nas exportações. A abertura de novos mercados e novas negociações deve contribuir para alguma alteração positiva no segundo trimestre. E isso deve se refletir também nas importações”, ponderou.

Oportunidades e riscos

O diretor adjunto de Infraestrutura, Transporte e Logística da Fieam, e professor da Ufam, Augusto Cesar Rocha, destaca o comportamento das exportações de duas rodas e a presença da Colômbia no ranking. “Esse patamar pode indicar uma mudança de estratégia de negócio dos fabricantes, passando a adotar Manaus como centro de distribuição e atendimento do mercado internacional. Já a situação da Colômbia, alinhada com o seu crescimento econômico, pode trazer ainda mais oportunidades, dada a proximidade geográfica e o voo internacional que teremos em breve”, frisou.

Rocha também chama a atenção para o volume relativamente pequeno em peso das mercadorias contabilizadas pelo comércio exterior do Amazonas e para a redução de vendas de concentrados. “Fica a sensação que são muitas oportunidades de crescimento. No caso dos concentrados, a comparação com o final de ano talvez seja amenizada pelo volume associado com as festas – e espero que não seja uma mudança de cadeias de suprimento. Este me pareceu o dado mais negativo da compilação realizada”, salientou.

Rocha chama a atenção também para a quantidade de interações da balança comercial do Amazonas com outros países e avalia que isso indica que há muito espaço para crescer. Mas, ressalva que o horizonte de curto prazo ainda é turvo. “As perspectivas de continuada subida dos juros podem levar a uma recessão. Mas, esse é um tema ainda incerto e qualquer desfecho parece plausível”, arrematou.

Fonte: Por Marco Dassori

Fonte: JCAM

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