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Balança comercial avança com as importações

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12/04/2022

Marco Dassori

A corrente de comércio exterior do Amazonas retomou o crescimento em março, e somou US$ 1,30 bilhão. As importações de insumos industriais recuperaram fôlego, mas as exportações, desta vez, andaram para trás. Concentrados para refrigerantes cederam a primeira posição do ranking ao óleo de soja. Ouro e itens básicos de alimentação, revendidos por atacadistas locais para atender a demanda da Venezuela, ganharam destaque no ranking, em detrimento de motocicletas e demais manufaturados do PIM. É o que mostram os dados do governo federal, disponibilizados no portal Comex Stat.

As vendas externas do Estado totalizaram US$ 79.93 milhões e praticamente empataram (+0,83%) com as de fevereiro de 2022 (US$ 79.27 milhões), mas ficaram 8,79% abaixo do registro de 12 meses atrás (US$ 87.63 milhões). As importações encostaram em US$ 1.22 bilhão, correspondendo a um acréscimo de 16,19% ante o mês anterior (US$ 1.05 bilhão) e a uma expansão de 11,93% no confronto com março de 2021 (US$ 1.09 bilhão). No trimestre, as exportações (US$ 235.94 bilhões) do Amazonas subiram 4,35%, enquanto as importações (US$ 3.43 bilhões) avançaram 15,49%.

Em ambos os casos, o peso total das mercadorias foi menor, indicando impactos da inflação mundial e do câmbio nos resultados. As vendas externas atingiram 26,57 mil toneladas, quantidade 39,60% inferior à apresentada no mesmo mês de 2021 (43,99 mil toneladas). As aquisições no estrangeiro, por outro lado, demonstraram queda de 19,78% na mesma comparação e não passaram de 187,15 milhão de toneladas. No trimestre, as respectivas reduções foram de 16,29% (88,78 mil toneladas) e de 9,69% (592,20 mil toneladas).

As importações de fevereiro foram encabeçadas por insumos para o PIM, além de alguns bens finais. Os itens mais adquiridos foram circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 321.86 milhões), componentes para televisores, celulares e decodificadores (US$ 140.88 milhões), platina (US$ 92.90 milhões), celulares (US$ 66.73 milhões), "óleos de petróleo" (US$ 60.75 milhões), polímeros de etileno (US$ 58.17 milhões), partes e acessórios para veículos de duas rodas (US$ 36.70 milhões) e insumos para máquinas e equipamentos (US$ 25.10 milhões). Apenas o segundo, quinto e oitavo itens da lista tiveram números mais baixos na variação anual.

A China (US$ 454.74 milhões) voltou a liderar o ranking de países fornecedores para o Amazonas, no mês passado, mas reduziu as vendas em relação ao terceiro mês de 2021 (US$ 495.91 milhões). Os EUA (US$ 117.76 milhões) se mantiveram no segundo lugar, logo à frente do Vietnã (US$ 114.42 milhões). Foram seguidos por Coreia do Sul (US$ 100.83 milhões), Taiwan (US$ 75.15 milhões), Bélgica (US$ 45.88 milhões), Índia (US$ 45.80milhões) e Japão (US$ 44.05 milhões). Com exceção dos Estados Unidos e do Japão, todos os demais avançaram em relação ao dado de 12 meses atrás.

Efeito Venezuela

Em março, as preparações alimentícias/concentrados (US$ 14.84 milhões) voltaram a perder a liderança para o óleo de soja (US$ 17.32 milhões), no ranking das exportações do Estado. As motocicletas (US$ 6.33 milhões) caíram da terceira para a quinta colocação, sendo seguidas por ferro-ligas (US$ 4.37 milhões) e "enchidos de carne" (US$ 2.84 milhões). Foram precedidas por extratos de malte (US$ 5.23 milhões) e ouro (US$ 7.25 milhões). Somente óleo de soja, ouro e "enchidos de carne" avançaram na variação anual.

Apesar da presença dos concentrados no pódio, e das motos logo depois, os próximos manufaturados do PIM presentes na primeira pauta de vendas externas do Amazonas no ano só aparecem na oitava, 13a, 15a e 25a posições, respectivamente: aparelhos de barbear (US$ 2.38 milhão), aparelhos de TV (US$ 638.738), isqueiros (US$ 526.239) e celulares (US$ 254.842), entre outros. A lista inclui ainda diversos componentes fabris.

A Venezuela (US$ 34.86 milhões) renovou a liderança entre os destinos das vendas externas amazonenses, mas reduziu as compras na comparação com março de 2021 (US$ 37.13 milhões). Na sequência, estão Alemanha (R$ 7.29 milhões), Bolívia (R$ 6.97 milhões) e Colômbia (US$ 6.77 milhões). Tradicional parceiro comercial do Amazonas, a Argentina (US$ 6.21 milhões) se manteve na quinta posição, sendo seguida por China (US$ 4.76 milhões) e Estados Unidos (US$ 3.18 milhões), entre outros. Apenas Alemanha e Bolívia aumentaram o volume de compras em um ano.

Câmbio e lockdown

O gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Marcelo Lima, avalia que os números apresentados pela balança comercial em março não mostraram "grandes alterações" em relação ao quadro geral do comércio exterior do Amazonas apresentado nos últimos meses. O dirigente diz que os números seguem dentro das expectativas, mas aponta que a oscilação cambial em favor do real, assim como o repique da pandemia e o lockdown na China, devem impactar o comércio exterior do Amazonas, no curto a médio prazo.

"Com a baixa do dólar, os importadores podem comprar mais, enquanto contrário ocorre para os exportadores que, mesmo exportando mais, recebem menos dólares. Ainda não se pode observar os efeitos da guerra do Leste da Europa. Mas, com certeza, a economia da ZFM sofrerá reflexos a médio prazo, com o aumento dos insumos oriundos da Ásia, principalmente os que vierem de fornecedores chineses, pelo efeito logístico. independentemente da especulação que, falsamente, ocorrerá por parte dos importadores, que anteciparão esses efeitos, provocando um aumento inflacionário", analisou.

Otimismo em fuga

Já o diretor adjunto de Infraestrutura, Transporte e Logística da Fieam, e professor da Ufam, Augusto Cesar Rocha, considera que os números apontam para um "interessante" crescimento contínuo do PIM em dólar. Mas, segundo o especialista, o ritmo das exportações e importações do Amazonas "parece" inferior ao da média nacional, embora ele frise que ainda há espaço para crescer.

"Os negócios com a Venezuela seguem expressivos. Fico com a impressão de que, se fossem mais bem trabalhados, poderiam até ser bem superiores. É uma proximidade geográfica que se traduz em números, mesmo com as crises. Com relação às importações, o crescimento foi muito relevante. Isso poderá ser traduzido em um expressivo crescimento na produção e faturamento do PIM, por valor agregado e por volume em si", ponderou.

Ao levar em conta o peso dos concentrados na pauta de vendas externas do Estado, Rocha avalia que, caso implementada, a proposta federal de deixar o segmento fora da salvaguarda do decreto do IPI vai gerar queda nas exportações. O dirigente lembra que as incertezas em torno da ZFM afugentam o otimismo dos investidores e exportadores.

"Os bons números representam um farol para o passado, mas os movimentos tributários se transformam em âncora no presente. Os concentrados possuem grande peso nos negócios internacionais. Isso chama a atenção sobre a importância desta indústria na nossa economia. A exportação não é afetada diretamente pelo 'imposto da confusão'. Mas, se as empresas saírem daqui, podem ir para qualquer lugar e ter o mesmo zero de tributos para exportar. Por isso é muito preocupante. A incerteza é o pior dos mundos. Quanto mais frentes de crise melhor para quem quer voto e pior para quem precisa produzir

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