03/11/2015
Os mercados atuais modificaram o piso salarial do trabalhador e reduziram a folha salarial das categorias, culminando com a substituição dos valores agregados e valores menores como forma de minimizar os custos. Mesmo com o empenho dos sindicatos nas negociações coletivas para forçar a todo ano as equiparações e ajustes salariais acima da inflação, os empresários recusavam conceder o reajuste, o que desagradava aos trabalhadores, servindo de pretexto para pedir a saída do PIM. As proporções da rotatividade setorial e, em especial, no Distrito Industrial, foram analisadas e classificadas especificamente na Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM) e nas bases das representações sindicais.
De acordo com o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos (Dieese), Inaldo Seixas, as mudanças tecnológicas e estruturais nas linhas de produção foram medidas radicais necessárias, mas o impacto acabou gerando a diminuição de postos de trabalho. "Uma linha de produção, que tinha três ou quatros colaboradores com funções específicas, foi substituída por equipamentos de alta tecnologia. A máquina, por exemplo, é operada por apenas um funcionário e o restante dos colaboradores é realocado ou desligado pela empresa", explicou Seixas. Os impactos também são acompanhados diretamente pela falta de conhecimento para manusear a máquina.
A falta de capacitação dificulta a permanência de trabalhadores nas empresas do PIM. Desta forma, as fábricas tentam descobrir novos talentos ao contratar pessoas mais mais jovens para substituir o funcionário mais antigo com custo salarial menor. Demitidos Após 15 meses atuando como alimentador de produção da empresa Ventos Electronics, Eliaquim de Souza Neves, 22, deixou o emprego. Ele afirmou que não tinha expectativa de conseguir grandes oportunidades na empresa. "Cheguei a fazer cursos para ter um cargo melhor, porém o meu supervisor foi bem claro e disse que não me daria promoções. Essas palavras negativas me incentivaram a deixar a fábrica", contou.
Demitidos buscam abrir novo negócio
Quanto às mudanças no tempo de serviço no ciclo fabril, a substituição da mão de obra antiga também tem um agravante. Jovens inseridos no mercado da indústria não têm o mesmo interesse e comprometimento dos antigos. Geralmente, nesses casos, a permanência deles acaba subtraída pelas suas próprias condutas ou até mesmo motivada por questões particulares, sejam elas, a abertura de um próprio negócio ou por motivo de doenças. "Não podemos descartar outras possibilidades para a não permanência dessas pessoas, mas posso garantir que esse quantitativo ainda é um dado pequeno em relação a outros fatores", disse Seixas. Segundo ele, as reduções desses funcionários no setor fabril, além da idade, do salário elevado e do absenteísmo, são outro meio de enxugar o quadro de colaboradores.
Fonte: Amazonas Em Tempo