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Atraso tecnológico deixa Brasil longe do admirável mundo novo da Indústria 4.0

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18/11/2019

Fonte: Amazonas Atual

Cleber Oliveira e Valmir Lima

Com atraso tecnológico, que levou a queda no Índice Global de Competitividade da Manufatura do 5º lugar em 2010 para o 29º em 2016, o Brasil propaga o discurso do admirável mundo novo da indústria 4.0, mas anda em busca do tempo perdido para sair da estaca zero na automação total da produção.

Segundo a pesquisa World Robotics 2019 da International Federation of Robotics (IFR), a Asia é o maior mercado de robôs industriais do mundo. Dados anteriores mostram que enquanto a Coreia do Sul e a China adquiriram, em 2013, respectivamente, 21 mil e 37 mil robôs industriais, o Brasil havia comprado menos de 1,3 mil robôs.

“Para a indústria se tornar altamente competitiva com grandes potências é preciso dar passos maiores e atualmente capacitação é um dos nossos maiores desaos” , diz Clemilton Melo, vice-presidente do Instituto Transire, com sede em Manaus.

O fator mais crítico entre a tecnologia e o público é a capacitação nessas tecnologias. São diversos países muito à frente do Brasil. As primeiras posições são ocupadas, respectivamente, pela China, EUA, Alemanha, Japão, Coreia do Sul e Reino Unido, países em que seus governos investem no desenvolvimento de alta tecnologia direcionada à manufatura do país.

Indústria automobilística

Segundo Clemilton, o mercado brasileiro está em transição para a implementação desse novo sistema de indústria e ainda não há algo tão concreto quanto em outros países.

Conforme o especialista, para que, de fato, uma fábrica seja considerada inteligente, toda a operação deve ser conectada digitalmente, com tecnologias para automação, troca de dados, Internet das Coisas (IoT) e Computação em Nuvem. Utiliza-se ainda de conceitos de Sistemas Ciber Físicos (Do inglês: cyber-physical system – CPS), que são mecanismos para o controle e/ou monitoramento baseados em algoritmos computacionais para que seja possível as partes interagirem entre si, de inúmeras maneiras, de acordo com o contexto.

“No Brasil não temos conhecimento de uma implementação total do conceito mas, segundo estudo da Firjan, a indústria automotiva é a que mais tem absolvido tecnologia no país para a implementação dessa nova forma de produção e é o setor que mais tem absolvido tecnologia no País para implementação dessa nova forma de produção e é o setor que mais se aproxima desse novo sistema de indústria, com o uso de robôs para automatização do processo produtivo", revela.

O Transire participou do Brics Forum os Smart Manufacturing & Partneship on New Industrial Revolution, dias 18 e 19 de outubro em Nanjing, China. Uma das indústrias visitadas foi a Nanjing Automobile, na qual mais de 600 robôs executam as operações acrescentando um alto nível de produtividade. Na Nanjing Panda Electronics, segundo Clemilton Melo, o mais impressionante foi ver a produção de displays onde praticamente todo o trabalho é feito pelas máquinas, que são monitoradas por apenas algumas centenas de técnicos fazendo um exemplo de fabricação inteligente e integrada.

“Não especificamente estas empresas teriam projetos de expansão para o Brasil, porém somos conhecedores de que há interesse de diversas empresas em investirem no Polo Industrial de Manaus, inclusive, de empresas chinesas” , diz Clemilton.

“Por exemplo, em reunião recente do Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam), houve a aprovação de mais de 30 projetos industriais e de serviços com investimento total de R$ 631,9 milhões e previsão de criação de mais de 1,5 mil empregos no Polo Industrial de Manaus (PIM). Um volume de recursos de mais de R$ 3 bilhões, distribuídos por 146 projetos industriais aprovados este ano”, citou.

Conceito

A Indústria 4.0 pode ser denida como um conjunto de tecnologias que permite a fusão dos mundos físico, digital e biológico, e envolve o uso de diversas tecnologias, como inteligência articial, robótica, Big Data, entre outras. O mercado brasileiro já investe em pesquisa e uso de tecnologias avançadas, mas ainda se encontra em fases bem iniciais e em transição para a implementação desse novo sistema de indústria.

Para o futuro, as fábricas serão integralmente conectadas com a participação humana apenas para a realização da supervisão do trabalho feito pelas máquinas. A exemplo dos outros países do Brics, as políticas voltadas para a atualização da indústria tem sido o foco inicial da caminhada. Mas as experiências reais ainda não se concentram afim de se poder dizer que estamos na velocidade de implantação comparada a outros países.

Transire

Criado em 2018, o Instituto Transire atua na área de Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em tecnologia e biotecnologia, com o objetivo de desenvolver novas tecnologias nessas áreas. Por ano, o Instituto Transire desenvolve de 50 a 60 projetos e prioriza pesquisas em biotecnologia, IOT, biometria e desenvolvimento de software e hardware sendo portanto o primeiro Instituto privado multidisciplinar nessas áreas para a Amazônia.

Em biotecnologia, atualmente o instituto trabalha em um projeto em que resíduos pesqueiros são transformados em biodiesel. Nós utilizamos partes dos peixes que são descartadas, como cabeça e rabo, para a fabricação do biodiesel através de puricações no óleo extraído. “Em tecnologia já desenvolvemos plataformas computacionais de hardware de aplicação múltiplas na aplicação industrial e de consumidores” , diz Melo.

O Transire, segundo Clemilton, é mantido com recursos da Lei de Informática da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), “o que nos possibilita investir em atividades de pesquisa e desenvolvimento a serem realizadas na Amazônia, e resulta em um centro de desenvolvimento para a região”.

O anseio é que, como exemplo de grandes grupos de pesquisa internacionais, é se manter independente dos incentivos e fazer da criação de pesquisa e tecnologia uma atividade rentável. “No Brasil, no entanto, esta é uma barreira ainda a ser vencida, uma vez que não somos um país reconhecido como gerador de tecnologia, pois por muitos anos nos contentamos apenas em absorver as tecnologias dos grandes centros. É tempo de uma mudança de paradigma e o Instituto Transire tenta se posicionar como uma das peças nessa mudança”, arma.

Confira a entrevista completa de Clemilton Melo ao ATUAL:

ATUAL – O Instituto Transire atua na área de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia e biotecnologia. Que tipo de pesquisa é desenvolvida? O senhor pode citar pelo menos um exemplo de tecnologia e biotecnologia?

CLEMILTON – Sim, criado em 2018, o Instituto Transire atua na área de Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em tecnologia e biotecnologia, com o objetivo de desenvolver novas tecnologias nessas áreas. Por ano, o Instituto Transire desenvolve de 50 a 60 projetos e prioriza pesquisas em biotecnologia, IOT, biometria e desenvolvimento de software e hardware sendo portanto o primeiro Instituto privado multidisciplinar nessas áreas para a Amazônia.

Para mencionar alguns exemplos, em biotecnologia atualmente, trabalhamos em um projeto em que resíduos pesqueiros são transformados em biodiesel. Nós utilizamos partes dos peixes que são descartadas, como cabeça e rabo, para a fabricação do biodiesel através de purificações no óleo extraído.

ATUAL – No evento em que o senhor participou, houve temas como fabricação inteligente e nova revolução industrial. Esse processo de fabricação inteligente já é realidade no Brasil e na Zona Franca de Manaus? Há exemplos que podem ser citados?

CLEMILTON – O mercado brasileiro está em transição para a implementação desse novo sistema de indústria e ainda não há algo tão concreto quanto em outros países.

Para que, de fato, uma fábrica seja considerada como fábrica inteligente, toda a sua operação deve ser conectada digitalmente, com tecnologias para automação, troca de dados, Internet das Coisas (IoT) e Computação em Nuvem. Utilizando-se ainda de conceitos de Sistemas Ciber Físicos (Do inglês: cyber-physical system – CPS), que são mecanismos para o controle e/ou monitoramento baseados em algoritmos computacionais para que seja possível as partes interagirem entre si, de inúmeras maneiras, de acordo com o contexto.

No Brasil não temos conhecimento de uma implementação total do conceito mas, segundo estudo da Firjan, a indústria automotiva é a que mais tem absolvido tecnologia no país para a implementação dessa nova forma de produção e é o setor que mais se aproxima desse novo sistema de indústria, com o uso de robôs para automatização do processo produtivo

ATUAL – O senhor falou no evento sobre a experiência da indústria 4.0 no Brasil. O que temos de concreto nessa área e o que nos espera para o futuro?

CLEMILTON – O conceito Indústria 4.0 pode ser denido como um conjunto de tecnologias que permite a fusão dos mundos físico, digital e biológico, e envolve o uso de diversas tecnologias, como inteligência articial, robótica, Big Data, entre outras. O mercado brasileiro já investe em pesquisa e uso de tecnologias avançadas, mas ainda se encontra em fases bem iniciais e em transição para a implementação desse novo sistema de indústria.

O que nos espera para o futuro são fábricas integralmente conectadas, com a participação humana apenas para a realização da supervisão do trabalho feito pelas máquinas. A exemplo dos outros países do BRICS, as políticas voltadas para a atualização da Indústria tem sido o foco inicial da caminhada. Mas as experiências reais ainda não se concentram

am de se poder dizer que estamos na velocidade de implantação comparada a outros países.

crítico entre a tecnologia e o público é a capacitação nessas tecnologias. Para contextualizar nossos desaos podemos mencionar alguns fatos.

O Índice Global de Competividade da Manufatura, mostra que o Brasil caiu da 5º posição em 2010 para a 29º posição em 2016. São diversos países muito a frente que o Brasil. As primeiras posições são ocupadas, respectivamente pela China, EUA, Alemanha, Japão, Coreia do Sul e Reino Unido, países em que seus governos investem no desenvolvimento de alta tecnologia direcionada à manufatura do país.

Um dos principais desaos está no atraso tecnológico que o país enfrenta. Segundo a pesquisa World Robotics 2019 edition da International Federation of Robotics (IFR), a Asia é o maior mercado de robôs industriais do mundo. Dados anteriores mostram que enquanto a Coreia do Sul e a China adquiriram, em 2013, respectivamente, 21 mil e 37 mil robôs industriais, o Brasil havia comprado menos de 1,3 mil robôs.

Para a indústria se tornar altamente competitiva com grandes potências é preciso dar passos maiores e atualmente capacitação é um dos nossos maiores desaos.

ATUAL – Nas empresas chinesas que o senhor visitou há interesse em compartilhar tecnologia com o Brasil e de se instalarem aqui?

CLEMILTON – Visitamos a Nanjing Automobile onde mais de 600 robôs executam as operações acrescentando um alto nível de produtividade. Na Nanjing Panda Electronics Co., Ltd., o mais impressionante é ver a produção de displays onde praticamente todo o trabalho é feito pelas máquinas, que são monitoradas por apenas algumas centenas de técnicos fazendo um exemplo de fabricação inteligente e integrada.

Não especificamente estas empresas teriam projetos de expansão para o Brasil, porém somos conhecedores de que há interesse de diversas empresas em investirem no Polo Industrial de Manaus, inclusive, de empresas chinesas. Por exemplo, em reunião recente do Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam), houve a aprovação de mais de 30 projetos industriais e de serviços com investimento total de R$ 631,9 milhões e previsão de criação de mais de 1,5 mil empregos no Polo Industrial de Manaus (PIM). Um volume de recursos de mais de R$ 3 bilhões, distribuídos por 146 projetos industriais aprovados este ano.

CLEMILTON – O Instituto Transire foi fundado e é atualmente mantido com recursos da Lei de Informática da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o que nos possibilita investir em atividades de pesquisa e desenvolvimento a serem realizadas na Amazônia, e resulta em um centro de desenvolvimento para a região. Temos o anseio de que, como a exemplo de grandes grupos de pesquisa internacionais, possamos nos manter independente dos incentivos e fazer da criação de pesquisa e tecnologia uma atividade rentável. No Brasil, no entanto, esta é uma barreira ainda a ser vencida, uma vez que não somos um país reconhecido como gerador de tecnologia, pois por muitos anos nos contentamos apenas em absorver as tecnologias dos grandes centros. É tempo de uma mudança de paradigma e o Instituto Transire tenta se posicionar como uma das peças nessa mudança.

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