O ex-governador de Pernambuco, candidato à presidência da República, Eduardo Campos, morto em acidente aéreo, nesta quarta (13), na cidade de Santos (SP), foi o responsável pela maior aliança econômica do seu Estado com o Amazonas.

Inaugurado no mês de março desse ano, o entreposto da Zona Franca de Manaus (ZFM), construído no município de Ipojuca, Região Metropolitana de Recife, nasceu para ser o maior distribuir de produtos do Polo Industrial de Manaus (PIM) para a Região Nordeste.

Dados da Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas (Sefaz-AM) apontam que apenas em cinco meses – de 19 de março a 31 de julho – a remessa para o entreposto de Ipojuca alcançou valor na ordem R$ 2.350.989,69.

“É uma grande perda, sobretudo, da renovação do quadro político nacional. Ele representava esse anseio do povo brasileiro. Mas, deixou um grande legado, fruto de uma iniciativa dele. Foi ele que lutou pela implantação do entreposto de Ipojuca. Foi sua luta pessoal a de implantar uma grande distribuidora dos produtos da zona franca para todo o Nordeste”, contou o titular da Sefaz-AM, Afonso Lobo.

Ele lembrou que, desde quando o conheceu em 1996, Campos como secretário da Fazenda no governo do seu avó Miguel Arraes e Lobo como membro do sindicato dos Fiscais do Amazonas, o pernambucano já defendia uma parceria econômica entre as federações.

“Ele queria muito essa parceira Pernambuco e Amazonas. Ele dizia: queremos muito ser um braço da Zona Franca de Manaus, o Amazonas produz e nós distribuiremos”, contou.

A partir de 2007, já governador de Pernambuco, segundo Lobo, Campos se esforçou bastante para que o entreposto de Ipojuca saísse do papel.

“Pouco antes da sua saída do governo de Pernambuco conseguimos, com um empenho pessoal dele, inaugurar o entreposto incentivado no município de Ipojuca, escolhido pelo governo, que hoje é administrado pela empresa Bertoline”, disse.

O secretário executivo da Receita da Sefaz-AM, Jorge Jatahy, disse que, a partir de 2013, quando assumiu a função na pasta, não encontrou problemas com o governo pernambucano para executar as licitações, elaborar editais da concorrência, homologação e implantação do entreposto, que foi o terceiro instalado no Brasil.

Conforme Jatahy, os produtos saem de Manaus sem o recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias Prestações de Serviços de Transporte (ICMS). O tributo é coletado ao Estado somente na saída dos produtos, após a venda para o varejo ou atacado.

O titular da Superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa), Thomaz Nogueira, preferiu não se manifestar sobre a relação de Campos com o Amazonas.

Comércio e indústria

Empresários amazonenses da indústria e do comércio também lamentaram a morte de Eduardo Campos e classificaram o político como importante aliado da economia do Amazonas, por conta da sua luta pela construção do entreposto de Ipojuca e pelo compromisso firmado com a ZFM, enquanto candidato à presidência da República.

O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, lembrou que, durante encontro da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Campos demonstrou conhecimento e respeito ao modelo ZFM.

“Ele assumiu compromisso de fortalecer o nosso modelo. Ipojuca foi a primeira demonstração concreta de reconhecimento a Zona Franca. É uma perda lastimável. Eu o via como democrata que representava uma esperança para os seus eleitores”, comentou.

O presidente da Associação Comercial do Amazonas (ACA),Ismael Bichara, contou sobre a oportunidade que teve de ouvir Eduardo Campos, quando governador, durante evento da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), realizado em Ipojuca.

“Ficamos impressionados com visão que ele tinha de Brasil. O comércio se sente de luto com a perda desse homem grande homem”, disse.

Fonte: Amazonas Em Tempo