03/01/2019
Notícia publicada pelo site Valor Econômico
O governador eleito do Amazonas, Wilson Lima (PSC), tomou posse nesta terça-feira prometendo mais transparência na gestão do dinheiro público, ao mesmo tempo em que defendeu a Zona Franca de Manaus (ZFM) e a utilização da riqueza florestal do Estado como ativo para aumentar o desenvolvimento e a qualidade de vida dos amazonenses.
Segundo Lima, é "imperativo" modernizar a economia do Estado, com
"especial atenção" ao polo industrial de Manaus. A defesa vem num
momento delicado para a Zona Franca, depois que o ex-presidente da
República Michel Temer não sancionou o Projeto de Lei 82.924, que
prorrogaria por mais cinco anos a isenção em 75% do Imposto de Renda para
as empresas instaladas no polo industrial.
Em discurso emocionado, Lima citou três eixos principais no planejamento
da estrutura para a administração estadual: gestão "eficiente e responsável",
empreendedorismo e "Amazonas com qualidade de vida".
O governador fez questão de dizer que conhece a realidade "de um cidadão
comum". E, citando a "vontade de Deus", adicionou um tom religioso à sua
fala. "Meu Deus, tudo que eu fizer vai ser para honra do Seu nome."
Ele ressaltou a importância de se enxergar a floresta amazônica como um
"ativo". "A floresta deve ser percebida como um atrativo de valores e não um
empecilho ao desenvolvimento", disse no discurso.
O receio quanto à proteção da floresta aumentou após a eleição de Bolsonaro,
que tem defendido maior uso de áreas hoje ocupadas por cobertura vegetal
para produção econômica. O agora presidente da República tem ameaçado
tirar o país do Acordo de Paris, depois de ter tido participação ativa na
decisão do governo Temer de desistir de sediar a Conferência do Clima da
ONU, em novembro de 2019, conhecida como COP-25.
Desafios nos próximos quatro anos
Wilson Lima venceu o segundo turno no Amazonas com 58,50% dos votos
válidos. Ao longo da campanha, o jornalista e ex-apresentador de TV foi
bastante criticado pelos adversários por falta de experiência em cargos
públicos. Mas, com a promessa de uma "nova política" e de maior
transparência dos gastos públicos, conquistou mais votos e derrotou
Amazonino Mendes (PDT), cujo grupo político governou o Estado por cerca
de quatro décadas.
O desafio de Lima à frente do Amazonas é comparável ao tamanho do
Estado, o maior em área territorial do Brasil. O Amazonas conseguiu reduzir
sua taxa de homicídios por 100 mil habitantes em 2,9% entre 2015 e 2016,
mas ainda acumula crescimento de quase 72% em dez anos, de acordo com
dados do Atlas da Violência 2018, do Ipea e do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública.
O índice de Gini -- que mede a desigualdade de renda -- é o mais alto da
região Norte e o quinto maior do país, segundo dados de 2016 do IBGE.
Quanto mais alto, mais desigual.
Ainda de acordo com o IBGE, o PIB do Amazonas sofreu em 2016 a maior
queda dentre as 27 unidades da federação, de 6,8%, mais que o dobro do
recuo do PIB brasileiro no mesmo ano (-3,3%).
Na educação, o Amazonas teve queda para 3,5 em seu Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2017, ficando abaixo da meta estipulada, de 3,7. Os dados são do Ministério da Educação (MEC).