13/03/2019
Reportagem publicada pelo site Valor Econômico
A indústria brasileira teve um início de ano melancólico, depois de um fim de
2018 inexpressivo, influenciada por um ambiente em que a atividade
econômica custa a engatar uma recuperação mais forte e em que a Argentina
segue em recessão. O país vizinho é um dos maiores compradores de
produtos industriais brasileiros. O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) divulga hoje o dado de janeiro, e a média das projeções de
24 consultorias e instituições financeiras aponta para queda de 0,3% na
produção do primeiro mês do ano na comparação com dezembro, feito o
ajuste sazonal.
No quarto trimestre do ano passado, a atividade do setor também oscilou em
torno de zero: alta de 0,3% em outubro, queda de 0,1% em novembro e ganho
de 0,2% em dezembro. Pelo lado positivo, o número deve ser melhor que o
tombo de 2,2% de janeiro de 2018 sobre dezembro de 2017. Mas o intervalo
das projeções é grande, vai de alta de 0,7% a queda de 1%.
Na comparação com janeiro do ano passado, a produção deve ter queda de
1,6%, segundo as estimativas das consultorias e instituições financeiras
consultadas pelo Valor Data.
Na comparação com janeiro do ano passado, a produção deve ter queda de
1,6%, segundo as estimativas das consultorias e instituições financeiras
consultadas pelo Valor Data.
Para o Santander, que estima queda de
0,3% na produção da indústria em
janeiro sobre dezembro, o ritmo de
crescimento econômico começou o ano
da mesma forma que o final do ano
passado. "Muito lento", diz o banco em
relatório. Na comparação com janeiro de
2018, a estimativa da instituição é de
queda de 1,6%.
Embora vários indicadores antecedentes de produção tenham apresentado
uma recuperação parcial das quedas de dezembro, o Bradesco vê o dado da
indústria fraco.
O banco estima zero crescimento para a produção industrial em janeiro. "Os
indicadores coincidentes conhecidos até o momento sugerem que a produção
industrial deverá oscilar próxima à estabilidade no período", diz relatório do
Bradesco.
Entre esses indicadores, estão as vendas dos distribuidores de aço, com
recuperação parcial (+10,2%) na média diária de janeiro, depois da forte
queda de dezembro (-30%). Os estoques do segmento correspondem a 4,3
meses de vendas, acima da média histórica de 3,2 meses. Já a produção de
veículos aumentou 4,8% sobre dezembro feito o ajuste sazonal, também
revertendo parte da queda de 7,6% observada na leitura anterior. O fluxo de
veículos pesados aumentou 1,8% em janeiro sobre dezembro feito o ajuste
sazonal. As vendas de papelão ondulado aumentaram 1% na margem.
No lado negativo, a ociosidade da indústria aumentou. O Nível de Utilização
da Capacidade Instalada (Nuci) recuou 0,5 ponto percentual em janeiro, para
74,3%, o menor nível desde setembro de 2017 (74,0%), de acordo com a
Fundação Getulio Vargas (FGV).
Em São Paulo, maior parque industrial do país, a atividade industrial (que
engloba vendas, Nuci e horas trabalhadas) recuou 0,3% na comparação com
dezembro. Nos últimos 12 meses o indicador manteve o ritmo de
desaceleração, avançando 0,8%, de 1,2% em dezembro. A ociosidade também
aumentou na indústria paulista, com o Nuci caindo 0,7 ponto percentual para
76,3% e permanecendo abaixo da média histórica de aproximadamente
80,0%. Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a
produção do setor local ficou estável de dezembro para janeiro.
A indústria extrativa, por sua vez, que compõe o dado geral da produção divulgado pelo IBGE, ainda não deve ter reflexos significativos da interrupção da produção de minério em Minas Gerais por causa do desastre da Vale em Brumadinho, que ocorreu em 25 de janeiro. No dado regional, contudo, o efeito já deve ser sentido. Relatório divulgado pela federação das indústrias mineiras (Fiemg) mostra que, enquanto a indústria extrativa mineral registrou queda de 52,6% no faturamento, recuo de 0,4% nas horas trabalhadas, a parte de transformação teve variações positivas de 0,7% e de 1,5% nos mesmos quesitos em janeiro sobre dezembro, feitos os ajustes sazonais.