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Análise: Tendência de desaceleração da indústria deve moderar o otimismo em 2020

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05/02/2020

* Luana Miranda

Os resultados da produção industrial, divulgados nesta terça-feira pelo IBGE, evidenciaram a demasiada fraqueza do setor ao final de 2019. As quedas acumuladas nos dois últimos meses do ano foram suficientes para dissipar o ganho obtido entre agosto e outubro, evidenciando a frágil situação do setor diante dos desafios conjunturais e estruturais. A tendência desfavorável com a qual a indústria nacional fechou o ano passado deve ser fator importante a dosar o otimismo quanto ao crescimento da economia em 2020.

Com o resultado de dezembro, a indústria encerrou o ano passado 1,1%, abaixo do nível registrado em 2018, combinando uma forte retração da indústria extrativa e relativa estabilidade da indústria de transformação. No tocante à extrativa-mineral, os dados mostram a dificuldade de retomada após o choque de Brumadinho. A trajetória ascendente da atividade extrativa iniciada em maio se reverteu a partir setembro, contrariando as expectativas.

Por outro lado, a indústria de transformação sofre com a acirrada concorrência externa em um contexto de alta ociosidade e desaceleração do crescimento global. A composição do resultado também preocupa, visto que a queda de 0,4% na produção de bens de capital no ano está intimamente ligada ao modesto crescimento do investimento, que deve fechar 2019 quase 25% abaixo do pico registrado em 2013.

Apesar do aquecimento da demanda doméstica no final do ano passado, a redução do comércio internacional e, em particular, a grave crise argentina tiveram papel central no resultado. Há uma integração importante entre as cadeias produtivas argentina e brasileira no setor manufatureiro. Cerca de 35% das exportações brasileiras para a Argentina são compostas por insumos industriais e outros 22% são peças e equipamentos de transporte. O impacto da recessão em nosso vizinho vai muito além dos automóveis (bem final), como sugere o senso comum.

Os alertas relacionados à fraqueza da atividade industrial em conjunto com os recentes choques negativos em escala global (como o surgimento do coronavírus, tensões geopolíticas e possíveis consequências negativas do acordo entre EUA e China sobre as nossas exportações) têm potencial para frustrar, mais uma vez, as expectativas de retomada mais forte da economia brasileira. Ao que tudo indica, o crescimento deste ano deve ficar mais próximo dos 2% do que dos 3%.

*Pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV/Ibre

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