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Ambiente institucional afeta indústria - Editorial

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06/02/2020

Fonte: O Globo

Se a agropecuária moderna brasileira é um dos setores campeões mundiais em competitividade, a indústria nacional se encontra no extremo oposto.

O diagnóstico da crise do setor, quase endêmica, é multidisciplinar, e também inclui a pobreza tecnológica, o inverso do que ocorre no agronegócio, que em nada deve aos competidores americanos, argentinos e australianos nos mercados de grãos e carnes, para citar dois casos.

A divulgação pelo IBGE da retração de 1,1% da indústria no ano passado, em relação a 2018, reforça a necessidade de se continuar a discutir o futuro da atividade manufatureira no país. Que viveu momentos áureos protegida da competição externa, por meio de políticas de reserva de mercado. Ou em grandes crises mundiais, como a de 1929/30, em que o colapso do comércio internacional levou o Brasil a investir na substituição de importações de bens industrializados. Faz sentido que “indústrias nascentes” possam necessitar de algum tempo para ganhar o mundo. Mas quanto?

Há explicações indiscutíveis para o mau resultado de 2019: o subsetor das indústrias extrativas, inclusive minérios, teve um baque devido à tragédia de Brumadinho, levando à queda de produção da Vale. Antes, já havia ocorrido desastre idêntico, em Mariana, os dois em Minas. A retração neste segmento foi de 9,7%.

Além disso, outra debacle econômica da Argentina, maior importadora de bens manufaturados nacionais — com destaque para veículos —, puxou ainda mais para baixo a indústria. Estes são fatores que, somados, se refletiram na própria balança comercial, com uma queda do superávit de 19,6%, para US$ 46,7 bilhões. As vendas ao exterior, de US$ 224 bilhões, retrocederam 7,5%, se considerada a média de exportações diárias, de janeiro a novembro, em relação ao mesmo período de 2018. Um sintoma de falta de maior tração na retomada do crescimento é que as importações também encolheram.

A tendência mundial é de a indústria perder peso no PIB, enquanto aumenta o de serviços. Mas, no caso do Brasil, não parece se tratar apenas de um ciclo de mudança estrutural no setor produtivo. Nos países desenvolvidos, a manufatura está em uma fase de aperfeiçoamento tecnológico, do qual o país está longe. A chamada Indústria 4.0, com o uso crescente de automação.

Se o país não expuser as indústrias à competição externa, e elas não se integrarem cada vez mais a cadeias globais de suprimento, o atraso tecnológico se ampliará.

Para terem capacidade de competir, porém, é imprescindível que se livrem de custos decorrentes de uma estrutura tributária onerosa, de uma infraestrutura precária, de mão de obra não qualificada etc. A empreitada é grande e passa por reformas. Por isso, preocupa a lentidão com que as mudanças tramitam em Brasília.

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