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Amazônia: um grande desperdício

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04/06/2019

(*) Augusto Cesar Barreto Rocha

O Brasil precisa se reencontrar com o desenvolvimento. O país do futuro está preso em um presente nebuloso e flertando com o passado. Boa parte das análises tendem a uma superficialidade e repetição de notícias e percepções. Há uma lacuna a ser preenchida por outras perspectivas de mundo e de país. Por exemplo, há uma repetição sobre os indicadores de desemprego, que são, sem dúvida, em si alarmantes.

Entretanto, que tal olhar por uma ótica distinta: a taxa de participação da força de trabalho? Esta taxa, no Brasil, aumentou para 61,90% em abril, depois de 61,70% em março de 2019. Ela teve uma média de 61,40% de 2012 até 2019, atingindo um pico de 61,90% em novembro de 2017 e um recorde de 60,80% em janeiro de 2015, segundo dados do IBGE. Nos Estados Unidos, do quase pleno emprego, o número atual é 62,8%. Falta é qualificação adequada da mão de obra que procura emprego. Um descompasso entre oferta e demanda. Este é o nosso problema. De outra forma, os salários não teriam subido.

Por outro lado, enquanto nos EUA, na comparação de salários, há um crescimento contínuo, aqui existe uma enorme volatilidade, com uma taxa de crescimento inferior, caso seja feita uma regressão linear de 2014 para cá. Todavia, a manchete melhor é a da crise. Assim, qual seria a melhor manchete para refletir sobre a Amazônia? Nada melhor do que uma crise: estamos desperdiçando quase a metade do território nacional.

A Amazônia possui 345 milhões de hectares em território brasileiro, abrangendo vários Estados, ou 41% do território nacional. É inacreditável não perceber um conjunto expressivo de ações para gerar riquezas para o presente a partir desta área imensa. É um manancial tão grande de possibilidades, muito além do cerrado destinado para a soja. De peixes a fármacos, há uma diversidade de desperdícios.

Entretanto, mais de 40% do PIB brasileiro está concentrado no RJ e SP. Como construir uma relação mais equilibrada do PIB nacional em relação ao território brasileiro? O esforço feito com a Zona Franca de Manaus, desde 1967 tem tido sucesso na redução desta desigualdade, conforme estudo da FGV/SP. Contudo, é necessário dar passos adicionais, ao invés de interromper este processo.

O Amazonas e a Amazônia poderão contribuir muito mais com a produção de impostos para um país tão carente de recursos, desde que sejam evoluídos os modelos de produção da região, utilizando responsavelmente seus potenciais. O Brasil consome apenas 9,5kg de peixes per capita ao ano e apenas 1/3 é produzido no país. Usar o exemplo de Portugal, com 55kg por habitante pode ser uma boa inspiração para superar o cenário atual. Não faltam oportunidades para a Amazônia e a construção de uma cadeia produtiva de indústria bem conhecida, como a do pescado, pode ser um bom próximo passo.

(*) Professor da UFAM.

*Augusto Barreto Rocha é doutor em Engenharia de Transportes (COPPE/UFRJ), professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), diretor adjunto da FIEAM, Coordenador da Comissão de Logística do CIEAM.

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