20/10/2014
“Não basta um ministério para a Amazônia, ele não dará conta das tarefas”, afirma Jorge Guimarães, ao propor um programa supraministerial destinado à região. Em linhas gerais, na formulação feita pelo presidente da Capes, um primeiro-ministro da presidência da república trataria com os demais ministros as ações coordenadas para a Amazônia “que tem muito prestigio a render ao pais e mesmo à economia brasileira”.
Na terça-feira, Guimarães esteve em Manaus para fazer a conferencia de abertura do I Seminário Internacional em Sociedade e Cultura Panamazônica (I Sociocultura) realizado de 14 a 17, pelo Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), na Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
O seminário contou com 450 participantes (dados da secretaria do encontro) vindos de países amazônicos, da França e de Estados da Amazônia. Professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desde 1999, e da Universidade do Rio Grande do Sul, (UFRS), o presidente da Capes adverte que se o Brasil não assegurar 2% do Produto Interno Bruto (PIB, que é a soma de todas as riquezas produzidas no País) a área de ciência, tecnologia e inovação não conseguirá se desenvolver no ritmo desejado e necessário. Hoje o investimento é de 1.8%
“É preciso decisão muito firme para desenvolver a educação, a ciência e a tecnologia” declarou ele a uma plateia de professores, pesquisadores e estudantes reunidos no auditório Rio Amazonas, da Faculdade de Estudos Sociais (FES-Ufam).
Meta Amazônica
Ao abordar a Amazônia, Jorge Guimarães aponta a exigência de realização do que define de “um estudo multidisciplinar” capaz de estabelecer as prioridades da região. “E quais são elas? Se essa pergunta for feita ao pessoal da saúde, será a saúde; se ao povo da agricultura, será a agricultura; ou plantio de soja, a invasão da floresta (...). Na verdade é um conjunto muito grande de coisas que demanda uma ação mais coordenada para vencer os atos localizados”.
Para o presidente da Capes, é fundamental estabelecer metas, algo que o Brasil não faz. “Nós precisamos dizer, por exemplo, qual é a meta que temos para a questão da derrubada da floresta e como vamos tomar conta disso e impedir que aconteça”. Com os satélites, afirma Guimarães, não só é possível tomar conta da Amazônia como ficou muito fácil fazer esse monitoramento. “O que precisa, na minha opinião, é de um projeto concentrado nessa área e que envolva todos os ministérios, todas as áreas. Essa não é tarefa de um ministério, ele não dará conta dela”, disse.
Questionado a respeito de propostas para a Amazônia formuladas em diferentes governos, Guimarães reclama da fragmentação da ideia e vê nisso a razão do fracasso das tentativas feitas anteriormente, a criação de um supraministério para a Amazônia, afirma o gestor da Capes, exige convicção de que uma instância desse porte é necessária, importante e deve considerar que ela chegaria atrasada. “Trata-se de uma questão a ser discutida com os governadores da região, os parlamentares e de convencer o governo federal de que vale ter um supraministério que trabalhe com todos os outros ministérios os temas da Amazônia”.
Fonte: Jornal A Crítica