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​Amazônia online e desconectada

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02/05/2023

Augusto Cesar Barreto Rocha (*)

Segundo a ABDIB, o Brasil, pelas iniciativas públicas e privadas, tem reduzido o investimento em infraestrutura. O que era pouco ficou menor. Mesmo atualizando pela inflação, entre 2011-2014 foram R$ 786,9bi; 2015-2018: R$ 600,5bi; 2019-2022: R$ 590,4bi. É desolador, pois os abismos aumentam, apesar das propagandas apontarem outra realidade. As projeções para o Amazonas indicam acréscimo de três vezes em 2023, em relação ao que foi em 2022, mas, como se parte de uma base pequena, segue sendo insignificante para o necessário. Quase nada, mesmo que aconteça a previsão.

O Programa Amazônia Integrada Sustentável (PAIS) tem realizado, com milhares de quilômetros de cabos sub fluviais, um importante projeto para disponibilizar internet pelo interior da região. Ficaremos online em muitas áreas que até pouco tempo atrás sequer possuíam telefonia e algumas possuíam restrições de energia elétrica. Isso é um marco, mas, de certa maneira, trás para o mercado da Internet novos consumidores – que até podem ser produtores de conteúdo, mas, no primeiro momento, serão muito mais consumidores do que outra coisa.

A Rede Nacional de Pesquisas (RNP) tem participado desta governança e é um alento o foco voltado para a educação e a pesquisa, mas este esforço para dotar a região de internet precisará ser acompanhado de infraestruturas dos transportes tradicionais. É necessário ir além da percepção de um interior de consumidores virtuais. Precisamos caminhar para um interior online e com infraestrutura compatível com a imensidão da Amazônia. Imaginar um interior profundo conectado com o mundo virtual e desconectado pelo barco, aumenta a sensação de abandono e de descaso. Precisamos ir além dos rios e fazer hidrovias.

O 1º de Maio celebrado ontem, que lembra lutas do pretérito, pode nos indicar a importância da constante busca de melhorias. Há muito por evoluir no interior do Amazonas para as atividades industriais irem além de Manaus e assim termos mais trabalho digno e produtivo, afinal a indústria do Amazonas representa cerca de 36% do PIB do estado. Imagine o potencial que há no interior com a construção de infraestruturas sustentáveis. Imagine se este potencial for conectado com educação, ciência e tecnologias locais.

Além da Internet, o caminho de solução passa pela reformulação das conexões portuárias para o interior do Amazonas. Se já são transportados mais de 15 milhões de passageiros por ano, apenas com as condições atuais, imagine o que poderia acontecer de transformação se o investimento adequado fosse feito nos terminais de Manaus e, ao menos, nas principais cidades do interior. Há um mundo de oportunidades para o comércio da região e nem começamos a falar em industrialização ou turismo. O FTI (Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviços e Interiorização do Desenvolvimento) poderia ser uma das fontes de recursos para ajudar nesta transformação.

O interior só terá desenvolvimento quando houver portos e retroportos adequados. Fora disso, será a manutenção da condição secular de privações e de extrações pouco competitivas. A mudança começa pela infraestrutura e não há sinais de haver esforços para esta transformação. O caminho todos dizem que é pelos rios. Todavia, falta alocar recursos. O trajeto dos rios é conhecido, mas segue sendo desafiante e caro navegar pela Amazônia. Precisamos transformar isso em fácil e rápido, inspirados pela internet e pelo mundo de oportunidades.

(*) Diretor Adjunto da FIEAM.

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