25/09/2024
O Condefesa foi instalado na segunda (23), pela Fieam e pelo Cieam, juntamente com representantes das Forças Armadas e universidades da região. O Conselho de Defesa da Amazônia chega com a missão de estreitar laços entre o PIM, as Forças Armadas e a academia amazonense, consolidando a atuação na Base Industrial de Defesa, em eixos temáticos prioritários, como segurança cibernética, sistemas autônomos e inteligentes, inteligência artificial e tecnologias sustentáveis. A cerimônia foi realizada na sede da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas.
Nas palavras do presidente da Fieam e do Condefesa, Antonio Silva, a iniciativa é um marco no estreitamento de parcerias estratégicas entre os setores envolvidos, na busca por soluções que venham a contribuir com a defesa do país e atendam as características técnicas da região. “O Conselho será uma oportunidade para definirmos pontos convergentes que incentivem o desenvolvimento de novas tecnologias e mesmo de produtos inovadores capazes de contribuir com as diversas áreas de atuação das nossas forças armadas. Assim, poderemos reduzir a dependência de produtos e insumos estratégicos”, afiançou.
Segundo o dirigente, a indústria tem papel fundamental nesse processo, em várias áreas, “Elas vão desde as telecomunicações, a logística com produtos e softwares - que poderão ser inseridos nas atividades de proteção das nossas fronteiras até o combate aos ilícitos transnacionais, em especial aos crimes ambientais e do tráfico de entorpecentes. A tecnologia deve estar mais presente, haja vista a concentração de grandes institutos tecnológicos em operação junto ao PIM, que são demandados para desenvolver soluções em processos e produtos totalmente inovadores”, explanou.
Ações concretas
O chefe do Estado-Maior do Exército, general Richard Fernandes Nunes, destacou a importância de fortalecer a base industrial de defesa, ressaltando a necessidade de autonomia tecnológica para garantir a soberania nacional. “Precisamos transformar essa prioridade em ações concretas. A Amazônia é nossa maior prioridade, e devemos atuar de forma eficaz para protegê-la”, afirmou, lembrando os esforços do Exército ao longo de décadas para consolidar presença na região, como a criação de brigadas de selva em áreas estratégicas.
O titular do CMA, General de Exército Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves, também mencionou a recente operação em Roraima, apontando que a ação demonstra a prontidão das Forças Armadas em defender o território brasileiro. E destacou que a cerimônia de instalação do Conselho de Defesa da Amazônia reflete a importância de alinhar as políticas nacionais de defesa com a base industrial e acadêmica local. “Esse evento é uma iniciativa magnífica, e protegida a Amazônia vai muito além de homens e mulheres com um fuzil na mão. Cada vez mais, precisamos dessas relações de cooperação”, frisou.
Ao apresentar o funcionamento de sua secretaria, o diretor do departamento de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, General de Divisão, José Luis Araújo dos Santos, assinalou que todos os departamentos da pasta estão vocacionados para apoiar a linha de defesa do Brasil, por meio de inovação, prospecto e financiamento de produtos. “Estão em condições de apoiar, orientar e buscar soluções para nossa indústria. Nosso grande objetivo é o fomento à nossa base de defesa, que vai gerar impulso à economia, gerar emprego e renda, e desenvolver tecnologias de emprego dual - que é importantíssima na defesa nacional. Nossas empresas têm capacidade de realizar excelentes exportações para o mundo”, garantiu.
O comandante do 9° Distrito Naval da Marinha do Brasil, Vice-Almirante, João Alberto de Araujo Lambert, sintetizou seu pensamento ao apontar que “a interoperabilidade não é uma ideia, mas uma essência”, e que a realidade da Amazônia traz “ameaças que convergem” e necessitam de soluções conjuntas. “Vivemos uma das estiagens mais severas dos últimos anos, em que soluções têm que ser buscadas em sinergia”, acrescentou. “Tudo isso converge para a necessidade de pensarmos defesa fora da caserna, dos quartéis, dos navios e das aeronaves”, acrescentou.
O titular do 7° Comando Aéreo Regional da Força Aérea Brasileira, Major-Brigadeiro do Ar, Ramiro Kirsch Pinheiro, disse que o Condefesa é uma iniciativa que muitos Estados têm tomado. Conforme o militar, o Conselho vai apontar as necessidades regionais das forças, e as capacidades que precisam ser desenvolvidas para o “teatro de operações amazônico”, que se diferencia significativamente do restante do país. “Sozinhos, somos muito fracos. Mas, unidos com a sociedade, a academia, a indústria, a real necessidade das forças do país se sobressai”, frisou.
Política de Estado para fortalecimento regional
O reitor da Ufam, Sylvio Puga, informou que a Universidade Federal do Amazonas assinou um protocolo de intenções “bem amplo” com o Comando Militar da Amazônia e que a instituição está pronta para contribuir com o fortalecimento do Condefesa. “Nosso Instituto de Computação tem cursos de graduação que são nota máxima na avaliação do MEC. Na nossa pós-graduação, temos nota 6, sendo que a nota máxima é 7”, citou. “A Ufam tem toda a competência técnico-científica, além do ICOMP, a nossa faculdade de tecnologia e os nossos mais de 1300 doutores para que possamos participar ativamente desse processo”, completou.
Dando o exemplo de sua empresa, o presidente do Conselho Superior do Cieam e presidente da BDS (Bicho da Seda), Luiz Augusto Barreto Rocha, enfatizou que o PIM tem cases que demonstram que “é possível fazer aqui”. "Eu diria que o nosso exemplo pode arrastar a indústria amazonense nessa perspectiva de que a base industrial de defesa precisa ter atenção da indústria brasileira”, frisou. “Como aprendemos ao longo da pandemia, uma indústria brasileira forte faz com que a soberania possa ser efetivamente assegurada”, emendou.
Para o industrial, “em um país tão desigual quanto o Brasil", é vital que o dinheiro público empregado nas compras governamentais retorne ao país com geração de emprego, renda, tecnologia e “sobrevivência digna”. “A indústria de defesa foi definida pela política industrial divulgada pelo governo federal. Mas, pela relevância do assunto, penso que precisamos fazer com que essa decisão de tornar a indústria relevante para o país se transforme em política de Estado, e não de governo. Porque a indústria de defesa é fundamental para a segurança nacional, para a soberania, para a competitividade internacional, para a tecnologia de informação”, encerrou
Fonte: Jornal do Commercio - JCAM