03/09/2019
Paulo Takeuchi
Diretor da FIEAM
paulo_takeuchi@ honda.com.br
Com o resultado positivo do PIB (Produto Interno Bruto), no segundo trimestre, felizmente não entramos em recessão novamente.
Apesar de o crescimento ser de apenas 0,4%, o índice superou a expectativa e a previsão de muitos economistas. O mundo real continua vivo e ativo, ainda que o mundo político continue nebuloso, tanto aqui como nos principais grupos econômicos. Acredito que
poderíamos ter alcançado melhores resultados, se não tivéssemos enfrentado tantos desencontros e desgastes desnecessários na política nacional e, também, se várias medidas anunciadas fossem colocadas em prática com mais velocidade.
O setor de Duas Rodas mantém seu esforço de recuperação, com muita dedicação e trabalho. Esperamos obter um crescimento de 5% a 6% para o ano, o que representaria uma recompensa aos investimentos realizados pelas fabricantes para buscar melhorias, tanto nos produtos como nos processos de fabricação.
Essa é uma parte do mundo real, no qual, em vez de apenas aguardar as medidas do governo, as empresas buscaram novas tecnologias para conquistar novos mercados e oportunidades de negócios. Felizmente, grande parte dos empresários age dessa forma, o que contribui para alavancar a nossa economia.
Com o engessamento do orçamento do governo, praticamente 92% da verba serão reservadas para os gastos obrigatórios. Com isso, não poderemos contar com capital de investimentos ou medidas efetivas para a melhoria do ambiente de negócios. Diante desse
cenário, ficamos na dependência da iniciativa privada assumir o protagonismo da retomada do crescimento do País.
Por outro lado, esperamos que, ao menos, a Reforma da Previdência seja aprovada no Senado sem prejuízos. E, quem sabe, incluída e aprovada para os estados e municípios
também. Outro grande desafio é a Reforma Tributária, que está sendo discutida no Congresso, com muita teoria e pouca realidade prática do Brasil.
Um país com dimensão continental e grandes diferenças regionais, como o nosso, o sistema de tributação não pode ser solucionado simplesmente com uma regra única. Mais uma vez, estão procurando soluções em cima dos efeitos e não atacando a real causa do problema.
Somos exemplos reais que, se não existissem as empresas no Polo Industrial de Manaus, o Amazonas estaria na mesma situação que outros estados da região: com desmatamento e aumento de área para a pecuária e agricultura como meio de sobrevivência.
Se a Reforma Tributária não levar em consideração a necessidade de diferenciação de tributos por conta das diferenças regionais, o incêndio nas matas que temos hoje será insignificativo perto da chama que se arderá em toda a Amazônia, caso a Reforma seja aprovada sem os devidos ajustes.