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​“Amazônia e São Paulo podem aprender muito um com o outro”, diz presidente do CIESP, Rafael Cervone sobre parceria

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29/07/2021


A proximidade entre as indústrias do Amazonas e de São Paulo foi estreitada com um aperto de mãos que selou o início de um capítulo na história entre o Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) em recente visita de parabenização do presidente do Conselho do CIEAM, empresário Luiz Augusto Rocha ao industrial Rafael Cervone pela eleição no CIESP, entidade que vai dirigir de 1o de janeiro do próximo ano até 31 de dezembro de 2025.

A determinação das entidades diante dos desafios impostos pela pandemia e a necessidade de inovar para fortalecer a indústria brasileira foram alguns temas que nortearam a conversa entre os presidentes, ocorrida na última quinta-feira (21), na sede da CIESP, na capital paulista. Sobre este encontro, o presidente recém eleito, fez um resumo e abordou em entrevista temas importantes como as demandas alinhadas entre as entidades, que planejam parcerias para o presente e o futuro da indústria nacional, falou ainda sobre a retomada da economia, futuro das profissões, inovação, manufatura avançada e reforma tributária.

Sinergia entre os Centros

O empresário Rafael Cervone revela que em 93 anos de CIESP é a primeira vez que os dois centros da indústria se unem para fortalecer uma parceria e revela que uma sinergia já ocorria no setor têxtil por meio da participação de ambos os presidentes nas reuniões de Conselho do Senai/ Cetiqt, um dos maiores centros da América Latina de geração de conhecimento em Tecnologia e Inovação para a indústria e para o mercado têxtil, químico e de confecção.

“Nós temos a maior admiração e o maior respeito pela Federação das Indústrias e especialmente pelo Centro da Indústria do Estado do Amazonas, e na figura do seu presidente do Conselho, Luiz Augusto e toda a diretoria, que é companheiro de setor têxtil de muito tempo, meu colega nas reuniões de Conselho do Senai/ Cetiqt Rio de Janeiro, a facilidade de sinergia com ele é muito grande e eu acredito que entre as entidades também precisa ser”, diz Rafael.

“Juntos somos muito mais fortes”, diz Cervone sobre a intenção de cooperação selada em conversa com o presidente do CIEAM, “certamente Amazônia e São Paulo têm uma relação muito complementar e nós podemos aprender muito com as experiências de um com o outro e acho que é isso que nós temos que estreitar esses laços. Nós aqui em São Paulo temos uma experiência com o CIESP, de 93 anos, criado pelos âncoras da indústria brasileira, assim como o Centro da Indústria do Amazonas. E essa experiência nós nunca trocamos e acho que isso vai ajudar as duas entidades a crescer e a entender esse novo momento e no movimento de reinvenção da maneira como a gente lida e trata com a indústria das nossas regiões”.

Reinvenção urgente

O futuro presidente do CIESP reforça que as mudanças bruscas que a pandemia impôs principalmente pela necessidade rápida de digitalização dos negócios diante das mudanças de comportamento do consumidor, aceleração das tendências em tecnologia com o crescimento do e-commerce exigem que o negócio associativo e as associações se reinventem. De acordo com ele, a economia foi profundamente afetada pela pandemia e já vinha sofrendo com uma recessão econômica de 8 anos que foi agravada com algumas medidas, como por exemplo, o fechamento do comércio e o consequente aumento do desemprego. “Isso acelera uma necessidade premente de reinvenção do modelo de negócio associativo, tanto das empresas quanto das suas associações”.

Nova gestão

Tradicionalmente tanto o Centro das Indústrias de São Paulo (Ciesp) como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) tinham o mesmo presidente, entretanto, com a crescente demanda provocada pela Covid-19 e para atender todos os associados com a mesma qualidade, foi promovido um debate entre os 120 presidentes de sindicatos da FIESP e os 120 diretores regionais do CIESP para implementar a mudança de acordo com a cultura das duas Casas, foi decidido que cada entidade teria um presidente diferente e ambos representam a 1a vice-presidência de cada Casa. O CIESP tem como vice, Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp, “então, para poder atender todos os associados de maneira adequada na ponta decidimos manter dois presidentes diferentes, mas com algumas condições prévias porque o momento vai precisar cada vez mais atenção e dedicação a cada uma das entidades”, explicou o presidente eleito na última eleição.

Atuação: Federação x Centro

No CIESP, o associado direto é a indústria, enquanto na FIESP são os sindicatos que representam os seus segmentos e as suas indústrias, atualmente, o CIESP conta com 7.500 associados e a diretoria está presente por todo o estado de São Paulo através de 42 diretorias regionais, mais a Central na Avenida Paulista.

“O CIESP é quem naturalmente chega mais rápido na ponta”, explica o dirigente sobre a estrutura do Centro da Indústria de São Paulo que possui presença fixa dos diretores regionais nas cidades onde a diretoria regional se estabelece. “São demandas diferentes com realidades, indústrias, segmentos específicos em cada uma de suas regiões com parques tecnológicos diferentes em cada uma e agora o movimento cada vez mais crescente e também acelerado pela Covid, de migração das empresas da capital paulista para o interior do estado”.

“É o CIESP que conversa com o prefeito, com a Câmara de Vereadores, que fala com o comandante da Polícia Militar, com o Corpo de Bombeiros... é o CIESP que fala com o secretário de desenvolvimento econômico, de meio ambiente, discute e debate os eixos de crescimento de infraestrutura das avenidas, da competitividade. E essas informações são extremamente relevantes para a Fiesp ajudar o Ciesp em comum acordo para poder conversar com o governador do Estado, com o ministro de Estado e com o presidente da República”.

Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo - CIESP e 1o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP

Diferença do custo de produção é de R$1,5 trilhão

A indústria hoje representa entre 10% e 11% do PIB, mas carrega nas costas 1/3 da arrecadação total de impostos, dispara Cervone. “É muita carga, é muito peso para um setor só. O que a gente precisa agora é a carga tributária do agro. Nós temos estudos e temos mostrado para o Governo, que países que dobraram o PIB per capita ano em até 15 anos só conseguiram fazê-lo com uma participação da indústria aproximadamente de no mínimo de 20% do PIB, ou seja, quando a indústria representa 20% do PIB você consegue dobrar o PIB per capta de uma nação em até 15 anos e mostramos também que aqueles que tentaram fazer com outros países com uma participação da indústria menor que 20% como temos hoje em 11% no Brasil, eles não conseguem fazer”.

O estudo a que o industrial se refere foi desenvolvido pelo Boston Consulting Group, que mostra a diferença de custo de se produzir no Brasil e nos países com economias semelhantes que estão na OCDE comparando com 12 itens quantificáveis e de fácil comparação é de R$ 1,5 trilhão. “E é com essa mandala que a gente se reúne com o Congresso e na discussão das reformas e com o ministro Paulo Guedes e a sua equipe para discutir Custo-Brasil e como isso é quantificado em infraestrutura, custo de energia, carga tributária, custo de se empregar no Brasil, custo de tempo para se abrir e fechar uma empresa”.

Reforma Tributária

A preocupação do setor industrial do país, segundo avalia Rafael Cervone sobre a reforma do sistema tributário nacional é uma unanimidade: uma reforma com aumento expressivo de impostos, “a partir do momento em que o ministro Paulo Guedes colocou a questão do imposto de renda mostrou claramente que haveria um aumento brutal de impostos e isso nós não vamos apoiar de jeito nenhum, até porque nós estamos vivendo e discutir reforma tributária em um momento em que o país está precisando de dinheiro, com a ‘faca no pescoço’ é ainda mais perigoso, nós recuamos e dissemos ao Governo e ao Congresso que é preferível primeiro aprovar a reforma administrativa onde você reduz o tamanho do estado e reduz os gastos e com isso equacionado passa para a discussão da reforma tributária”.

“Eu acredito ainda que as duas coisas podem acontecer ao mesmo tempo simultaneamente desde que se tire efetivamente do discurso a questão do aumento de impostos, que às vezes vem muito disfarçada, mas o problema maior é sempre a calibragem”, comentou.

Manufatura avançada

Sobre os novos modos de produção, Rafael Cervone antecipa tendências e fala da importância da capacitação na indústria. “A manufatura avançada vai reduzir, enxugar elos da cadeia”, o setor têxtil do qual ele faz parte é um dos setores de cadeia mais longa e já passa por um processo de encurtamento, avalia. “O tempo de produção e entrega vai ser reduzido ao extremo e já se fala entre você comprar no celular um produto e entregar na sua casa no tempo de duas horas, entregue provavelmente por um drone e tudo isso vai mudar rapidamente, e é por isso que devemos atualizar a empresas e a forma de produção, provavelmente estaremos produzindo próximo ao consumidor final ao invés de produzir dentro de distritos industriais, produzir dentro do seu próprio bairro porque a manufatura avançada também vai derrubar o nível de ruído, de emissões atmosféricas e emissões de efluentes, então, vai ser de baixíssimo impacto ambiental”.

Educação técnica

As escolas no Sesi e Senai desenvolvem essas habilidades oferecendo educação de qualidade, reforça o presidente. O SESI São Paulo oferece à população 144 escolas em 112 municípios e 7.127 profissionais de educação, que este ano atendem a 97.660 alunos entre crianças e adolescentes, a prefeitura cedeu prédios onde funcionavam pequenas escolas e o SESI-SP transformou as estruturas em centros de educação em tempo integral, foi implantado o ensino médio técnico em parceria com o SENAI com 380 laboratórios e aula de robótica em todas as unidades, além do investimento em cultura e esportes para formação de atletas de alto rendimento, com o projeto ‘Atleta do futuro’ já foram atendidas mais de 125 mil crianças e adolescentes em todo o Estado em esportes como vôlei, basquete, polo aquático, judô e atletismo, para este projeto o Sesi São Paulo reformou e/ ou construiu cerca de 800 instalações esportivas e construiu 21 teatros, 3 estações SESI e 2 unidades móveis de cultura com cerca de 3 mil atrações gratuitas por ano beneficiando quase 2,5 milhões de pessoas com shows, peças de teatro e exposições por todo o estado.

“A única certeza que nós temos é a mudança”

“Educação tecnológica você aprende no Senai, mas a pandemia mostrou que isso não é o suficiente, isso é metade do assunto. O capital humano que mais traz resultado às empresas são aquelas pessoas que sabem e têm mais capacidade para resolução de problemas, de gestão, de maturidade e habilidade para trabalhar com diversidade cultural, de raça, de gênero e de idade. Hoje nas nossas empresas temos pessoas com 18 anos e 70 anos, são cabeças, inteligência emocional diferentes, capacidade de trabalhar durante uma crise, em isolamento como foi o caso do home office, então nós vamos ter que dar essas habilidades cada vez mais para as pessoas e isso a gente não consegue dar no Senai somente, a gente tem que dar no Sesi, então nós vamos ter que capacitar crianças e adolescentes no Sesi para estas habilidades e soft skills e principalmente adaptar as habilidades para novas profissões, o que é uma preocupação enorme hoje, como é que a gente capacita uma criança e um adolescente no Sesi que está na 5a série para uma profissão quando ele se formar daqui a uns poucos anos e essa profissão não existe daqui a 7 ou 8 anos; ou, não existe hoje, mas quando ela se formar vai existir; ou como é que a gente capacita para uma coisa que não existe?”, reflete.

Rafael Cervone participa das reuniões do B20, grupo do setor privado do G20, dos 20 maiores países do mundo onde integra dois GTs, O FUTURO DO TRABALHO e O FUTURO DA INDÚSTRIA, está absolutamente claro hoje que a guerra comercial entre Ásia, especialmente China e Europa e EUA não se dará mais através de políticas econômicas e sim por políticas industriais, então, por isso que nós precisamos elaborar rapidamente uma política industrial, os Estados Unidos está fazendo isso e se reindustrializando, ou seja, é uma demonstração tácita de que abrir mão da indústria a partir de um momento em que o país atinge um nível de poderia econômico na sociedade, abrir mão da indústria para o serviço ou o comércio não é suficiente. Quando eles abriram mão quando o PIB per capita estava acima dos R$ 20 mil dólares, nós estamos infinitamente abaixo disso e querendo abrir mão da indústria, o país quebra a cara de maneira total, então, cabe ao Centro das Indústrias do Amazonas e de São Paulo uniram-se em forças para demonstrar ao Governo que isso é um erro que pode acabar com o país, nós sentimos nessa pandemia os efeitos da falta da indústria até quando precisamos produzir máscaras, produzir respiradores, álcool em gel, produzir vacinas e muitas vezes abrindo mão de alguns segmentos para importar da China foi uma outra tendência que ficou muito explícita na pandemia, que excesso de concentração de compra na Ásia, especialmente na China, é um risco que eu acho que nenhum país mais está disposto a correr, agora nós temos uma janela de oportunidades de reconquistar market share Chinês aqui no Brasil, na nossa região, no nosso estado, do nosso país e na nossa macro região dentro das Américas para iniciar conversa; e depois expandindo para África e europa, então, todas essas discussões estão na pauta”.

“A única certeza que nós temos é a mudança, o problema é a velocidade na mudança, na transformação”, diz Cervone ao encerrar a entrevista. Todos os pontos citados, de acordo com ele, são os desafios que o setor industrial e os dois Centros da Indústria precisam trabalhar em conjunto e trocar experiências na mobilização para superar.

Fonte: Comunicação CIEAM - Fabíola Abess | imprensa@cieam.org.br


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