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Amazônia é chave para a reinvenção do Brasil

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26/09/2022

RAPS, O Estado de S.Paulo

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25 de setembro de 2022 | 06h00

O caminho para desenvolver a Amazônia Legal – composta pelos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins –precisa ser muito mais ambicioso do que apenas reduzir o desmatamento, defende o manauara Denis Minev, CEO da rede varejista Bemol. Descendente de uma família marroquina que migrou para a Amazônia no passado, o empresário – e investidor em projetos de produção agroflorestal – tem uma visão própria sobre como desenvolver a região. Não adianta, segundo ele, transformá-la em um grande parque natural e, muito menos, numa imensa plantação de soja. “Tem muita coisa nesse meio”, diz. Nessa entrevista ao Estadão, Minev, que também tem voz ativa na iniciativa Uma Concertação pela Amazônia, destrincha os caminhos que ele defende para o desenvolvimento da região. Todos, segundo ele, baseados na ousadia.

A Concertação é uma rede que reúne mais de 500 lideranças da sociedade civil, setor privado, governos e academia em busca de caminhos para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Qual é o principal plano para o desenvolvimento da Amazônia?

Denis Minev – Não começaria pelo plano, porque ele é uma consequência. A minha principal crítica à forma como o Brasil olha para a Amazônia é a falta de ambição. No passado, o País foi ambicioso e fez coisas grandes. Olha para São José dos Campos. Aquilo é um negócio impressionante, o desenvolvimento da indústria espacial a partir da reunião de cérebros. O mesmo pode ser dito sobre a Embrapa. Instituição que fez com que o Centro-Oeste virasse essa máquina de desenvolvimento para o País e de fornecer comida para o mundo. Nunca tomamos uma decisão assim ousada para a Amazônia. No que diz respeito a essa região, a ambição do Brasil é reduzir o desmatamento. E isso não é um plano. Não é ambicioso.

A pergunta central é: como tornar o hectare já desmatado da Amazônia muito produtivo?

Denis Minev, CEO da Bemol

E quais caminhos seriam ousados?

Minev – Podemos dividi-los em duas frentes. Existem as categorias de planos para o desenvolvimento de cérebros e do território. No primeiro caso, você não consegue pensar em um país que tenha prosperado sem o desenvolvimento de cérebros. A Amazônia é um patrimônio, mas, de certa forma, você precisa de uma chave para descobrir curas, produtos ou compostos químicos que ele tem. E, neste caso, os noruegueses, por exemplo, vão ser melhores para encontrar essas chaves. Nós não temos gente formada e, de certa forma, também não temos a cultura do empreendedorismo bem desenvolvida. O exemplo que gosto de dar é do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, que tem um orçamento inferior a US$ 10 milhões. Você não pode estar falando sério em competir no século 21 em qualquer coisa ligada à bioeconomia com esse nível de investimento principal. A Universidade de Stanford, onde eu estudei, tem um orçamento anual de US$ 7 bilhões. É fácil explicar por que as coisas ocorrem lá e aqui não.

Além do fundamental desenvolvimento dos cérebros, como desenvolver o território?

Minev – A pergunta central para mim, neste caso, é como você torna o hectare já desmatado da Amazônia muito produtivo. Em números grandes, a Amazônia tem 500 milhões de hectares, sendo que 90 milhões foram desmatados. Desses, 20 milhões estão razoavelmente bem utilizados com pecuária, agricultura produtiva ou mesmo ocupação das cidades. Outros 70 milhões estão mal utilizados. São áreas degradadas com aquela pecuária extensiva que tem meia cabeça de gado por hectare ou mesmo áreas abandonadas. Aqui, na minha avaliação, está a maior oportunidade da Nação. É uma área maior que a França que, se você a torna produtiva, em um nível razoável, pronto. Acabou o jogo. A Amazônia se tornou próspera. Isso sem falar nas produções que mantêm a floresta em pé, em atividades ligadas ao turismo. A Amazônia, por exemplo, deveria ser uma grande exportadora de peixe. Essas ações sobre o território geram segurança alimentar e geram muito mais empregos que a pecuária.

Essas atividades sustentáveis já servem como opção para os amazônidas em relação ao garimpo e à pecuária principalmente?

Minev – Se você senta para conversar com os amazônidas, todos sonham com a mesma coisa. O cara, sinceramente, está mais preocupado com a educação do filho, com a saúde, do que com o desmatamento ou com as mudanças climáticas. Claro que eu entendo a importância e a urgência desses temas. Espero que a Amazônia seja o lugar onde o Brasil se reinvente, onde possamos voltar a pensar grande, como o Brasil já pensou grande no passado.

Fonte: Estadão - Economia & Negócios

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