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Amazonas precisa de plano logístico

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03/08/2017

Reportagem publicada no Jornal do Commercio

A criação de uma política integrada para superar os desafios logísticos na Amazônia é apontada como estratégia essencial para o desenvolvimento da região. A análise é do professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), José Alberto Machado, doutor em desenvolvimento socioambiental. Para ele, o calcanhar de Aquiles do Amazonas reside justamente na ausência de um plano estrutural a longo prazo, que mantém o Estado em um isolamento geográfico com o resto do território brasileiro. O professor defende ainda, a necessidade em ter mecanismos de transportes agéis, seguros e com preços acessíveis para adquirir insumos e escoar produtos do PIM (Polo Industrial de Manaus).

"A logística é fundamental referente a qualquer perspectiva da nossa região, é a forma que cargas e pessoas são transportadas, uma vez que estamos longe dos grandes mercados. Mas a movimentação entre cidades e polos é precária, porque na questão das hidrovias não temos por exemplo, portos adequados, na área do aeroporto é quase zero e a rodovia é totalmente desassistida. O problema da logística é de planejamento estratégico e infraestutura. Uma coisa está relacionada com a outra", analisou Machado.

Pela localização geográfica, no Amazonas cerca de 70% de todas as mercadorias que circulam na região são transportadas por meio de transporte marítimo. Embora haja longos trechos de rios com potencial para a navegação, apenas uma hidrovia funciona com regularidade formada pelos rios Madeira e Amazonas. Além disso, o setor enfrenta grandes dificuldades como a falta constante de dragagem dos rios, sinalização e roubos de cargas fluviais.

"No caso do rio Madeira, que é o mais navegado com cargas, precisaria de dragagem e sinalização permanente, uma vez que os leitos são instáveis. Mas de forma geral, todos os rios da região têm essas necessidades", disse.

A falta de portos e armazéns adequados para receber os produtos também foi lembrado pelo professor.

Ele destacou que justamente a ausência de sinalização tem contribuído para ocorrências de acidentes nos rios, como o que ocorreu na madrugada desta última quarta-feira (2), entre um navio mercante e um empurrador de empresa Bertolini. O choque ocorreu no rio Amazonas nas proximidades do município de Óbidos (PA). "Nessa região já tivemos outros acidentes por ausência de estrutura para atracar e descarregar passageiros e cargas. Mas acredito que nesse caso, por ser uma área considerada garganta do rio com espaço estreito nesse período do ano, a sinalização já resolveria e evitaria esse tipo de acidente", avaliou Machado.

Na avaliação do professor, para superar os desafios peculiares da Amazônia é necessário a criação de uma política integrada que faça com que a logística se transforme em estratégia essencial de desenvolvimento da região. "Estamos vivenciando as mesmas situações sem grandes mudanças, com o agravante de roubo de cargas. O grande drama do nosso Estado é não ter um plano para os próximos 20 anos, ele é inexistente a longo prazo em caráter estrutural. É feito apenas um acordo aqui outro ali, só de medidas momentâneas", afirmou.

Destaque

Sem avanços na logística nos últimos anos, o Amazonas perde principalmente, em produtividade e competividade sentenciou Machado. "Por exemplo, poderíamos ter uma central de distribuição no nosso aeroporto como a cidade do Panamá, referência na América Central. Com isso, teríamos mecanismos de competividade para chegar rápido a outras regiões do país e até destinos internacionais. A partir disso, haveria voos turísticos que no nosso ponto de vista geográfico seria lógico e acessível", projetou.

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