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Amazonas no mercado verde

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21/11/2022

Por MARCELO PERES

O governo do Amazonas deu início, ontem, à mobilização para vender créditos de carbono na COP-27, a Conferência Mundial das Nações Unidas que está acontecendo no Egito, reunindo pelo menos 44 chefes de Estado e outros representantes do segmento em defesa do meio ambiente.

O Estado pretende viabilizar negociações de aproximadamente US$ 2,4 bilhões (R$ 14 bilhões pela cotação atual da moeda norte-americano no mercado internacional). Na semana passada, o governo estadual definiu a equipe local que se incumbirá das vendas. O grupo é liderado pela Sema (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). E as perspectivas de negócio são altamente positivas, segundo informou ontem o governador do Estado, Wilson Lima (UB).

“O Amazonas tem um estoque de crédito de carbono para a gente comercializar de 809 milhões de toneladas. E temos uma perspectiva, um potencial de arrecadar algo em torno de dois bilhões de dólares”, disse o governador, nesta segunda-feira (14).

O mercado internacional adotou convenção sobre o valor da comercialização de CO2. Uma tonelada de dióxido de carbono equivale a um crédito que varia de 5 a US$ 10. Do total arrecadado com a comercialização do Amazonas na Conferência Mundial sobre o Clima, 50% serão destinados ao Fema (Fundo Estadual do Meio Ambiente) e 50% para aplicação em planos aprovados pela Sema para ações dentro das UCs (Unidades de Conservação) onde os créditos foram gerados, segundo explicou o governador.

O superintendente de Inovação e Desenvolvimento Institucional da FAS (Fundação Amazônia Sustentável), Victor Salviati, disse que o mercado de crédito de carbono não pode ser encarado como uma atividade finalística, mas sim como “um meio de preservação do planeta”,

“O crédito é um meio para que você possa reduzir as suas emissões. Não se cria programas e projetos de redução de carbono e estoque para ganhar dinheiro. Basicamente, o recurso tem que ser reinvestido em projetos para continuar reduzindo a poluição por carbono”, explicou ele.

Agora, a expectativa é que o Fundo Amazônia, que apoia iniciativas em defesa do meio ambiente, seja retomado a partir de 2023. O projeto foi congelado desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL)

Noruega e Alemanha são os principais doadores dos recursos. Após a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os dois países voltaram a anunciar que pretendem retomar o apoio ao fundo.

Mais doadores

A delegação do governo eleito, liderada pela ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, trabalha para recuperar o prestígio do fundo, pedindo novas doações dos países mais ricos. Recentemente, ela sugeriu que os Estados Unidos também se tornem doadores.

Victor Salviati avalia que o descongelamento do fundo tem potencial para ajudar o Estado. A FAS foi uma das primeiras organizações a ser beneficiada pelo projeto, que foi implantado em 2009.

“Esperamos que a partir do ano que vem esse fundo seja reaberto a novas propostas”, afirmou ele. “A FAS tem uma proposta que aguarda análise desde quando o projeto ficou congelado”, acrescentou.

Segundo Salviati, a proposta é uma continuação de projetos anteriores da fundação e está baseada em três pilares de atuação.

“O primeiro é a bioeconomia, com investimento em 15 cadeias da sociodiversidade, como açaí e pirarucu, para dar dois exemplos. O segundo é a capacitação e apoio a coletivos, associações e cooperativas de trabalhadores. O último é uma chamada ao público para implementar atividades estratégicas de bioeconomia no Amazonas, atuando principalmente em regiões estratégicas, como o sul do Estado”, destacou.

Fonte: JCAM


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