28/08/2018
Alfredo Lopes
Em Manaus, nesta quarta-feira, 29, se materializa uma reflexão extremamente relevante sobre a Gestão da Amazônia: o I AMAS – Amazonian Management Conference, promovida pela parceria entre a USP (Universidade de São Paulo) e a UEA (Universidade do Estado do Amazonas), uma entidade do Estado mais rico do Brasil e outra do maior Estado em dimensões geográficas. E ainda: o mais privilegiado em termos de bio oportunidades.
A conferência se inspira nas origens regionais dos grandes gestores da região, a partir dos anos 20, com a quebra do Ciclo da Borracha. Os protagonistas fundamentais dessa empreitada, seus pioneiros e empreendedores, vindos de todos os quadrantes do Brasil e do mundo, se uniram para fazer da Amazônia um futuro comum, sobretudo depois da tal depressão econômica, e movidos por uma empolgação coletiva para inaugurar uma nova relação proveitosa entre desenvolvimento e meio ambiente.
Refletir
sobre Gestão da Amazônia à luz do acervo
monumental de sua biodiversidade retomando a experiência
dos pioneiros é uma forma de questionar a recusa aos convites
insistentes da oresta
em se apresentar como motor da
expansão, diversificação
e regionalização da experiência
exitosa do Polo Industrial de Manaus, promovendo a
integração e uma nova roupagem econômica amazônica que
compatibiliza ecologia, prosperidade e desenvolvimento
regional. E se não formos capazes de recuar no tempo para
entender o tempo presente, não seremos capazes de promover
a gestão inteligente, integral e integrada deste patrimônio.
Levaram e trouxeram as mais variadas espécies florestais
desde os fenícios, importante destacar que, além da Hevea, os
viajantes europeus e suas expedições ditas científicas
na
Amazônia levaram cacau, milho, batata, tabaco, abacaxi, caju,
goiaba, maracujá, mandioca, macaxeira, açaí, guaraná,
pupunha, além de quinino, cinchona, ipeca, jaborandi, capim santo.
Muitas dessas espécies voltaram com valor agregado,
em forma de alimentos e medicamentos beneficiados
pela
indústria estrangeira. Por outro lado, trouxemos para a
Amazônia brasileira e para biomas dos países da América
tropical grande variedade de produtos da Ásia e da África, tais
como manga, jaca, café, arroz, cana-de-açúcar, banana, entre
outros, geradores de economia em escala e commodities
lucrativas do agronegócio.
O que importa, nessa reciprocidade de biodiversidade, é
identificar
quem fez o dever de casa e agregou inovação e
valor a esses produtos, e o investimento em inovação e
desenvolvimento que este ou aquele país ou cultura aplicaram
em cada um desses itens do bioma natural. Resta comparar as
métricas de seus resultados. É importante revisitar alguns
lugares comuns da história da agro e da bioindústria para
trazer à luz acertos e negligências, atitudes proativas ou
condutas de indiferença e omissão. É nesse contexto que se
deve refletir
sobre a economia do látex e, a partir dela, a
história do desenvolvimento da Amazônia, e as promessas
que nos espreitam.
Para o empresário e intelectual Augusto Rocha, conferencista da I AMAS, a esperança de todos é que sejamos capazes de plantar sementes para um futuro desenvolvido da região, com o início de uma troca ideias, intuições e de prioridade, onde o norte de todos seja desenvolver e gerar riqueza a partir do potencial que existe. A minha proposta é que cada região amazônica escolha cinco produtos para juntar em torno deles as mentes brilhantes do mundo da ciência e empresarial para produzir aqui esta riqueza. Isso é importante para os seres humanos, ou haverá mais utopia mais atraente para perseguir?