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AM quer autossuficiência em 2022

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11/08/2014

Um projeto desenvolvido pela Embrapa em parceria com o governo do Estado, trabalha para tornar o Amazonas autossuficiente em produção de borracha natural em 2022. Atualmente, com a instalação de uma fábrica de pneus de motocicletas e de bicicletas no PIM (Polo Industrial de Manaus), a produção nos seringais não está atendendo a indústria, que precisa de 14 mil toneladas e a produção estadual é de apenas 2 mil toneladas por ano. Por conta dessa necessidade, o Estado adquire a matéria-prima de outros Estados como o Acre e Mato-Grosso e também está importando da Malásia, Indonésia, Tailândia e países africanos.

De acordo com o pesquisador da Embrapa, Everton Cordeiro, para atender a demanda local, hoje, o Amazonas precisa ter uma área destinada ao cultivo de seringueiras calculada em 8 mil hectares (com 500 seringueiras em cada hectare). Esse número corresponde a uma produção de 12 mil toneladas de borracha, quantidade suficiente para atender a fabricação local. “No entorno de Manaus existem 100 mil hectares de áreas utilizadas anteriormente em atividades agrícolas ou agropecuárias que poderiam ser aproveitadas para o plantio de seringueiras. O problema não está em conseguir terrenos”.
O projeto, fruto da parceria entre a Embrapa e o governo do Estado, denominado “Novas Tecnologias para a Dinamização da Produção da Borracha Natural no Amazonas”, conta com uma equipe composta por 70 profissionais, 20 técnicos da Embrapa e 50 funcionários da Sepror (Secretaria de Estado de Produção Rural). Esses agentes estão em campo desenvolvendo trabalhos de capacitação junto aos antigos seringueiros, que passam a ser conhecidos como heveicultores (quem cultiva seringueira). O trabalho teve início em setembro de 2013 e deve encerrar em agosto de 2016.

Os municípios que vão receber os plantios são: Boca do Acre, Borba, Canutama, Carauari, Coari, Eirunepé, Fonte Boa, Humaitá, Iranduba, Itacoatiara, Juruá, Jutaí, Lábrea, Manacapuru, Manicoré, Maués, Novo Aripuanã, Pauiní, Santa Isabel do Rio Negro e Tabatinga.

Segundo o pesquisador, a iniciativa deve resultar na autossuficiência do Estado quanto a produção da borracha. Ele explica que a partir do plantio é possível extrair o látex após um período de 7 anos. “Após o plantio a seringueira entra em produção a partir do quinto ano. A árvore deve apresentar uma circunferência mínima de 45 centímetros de caule, caso seja menor, ela deve morrer”, explica. “O viveiro de mudas está em produção e será distribuído aos municípios no início de 2015”, complementa.

Cordeiro ainda explicou que a técnica de sangramento de uma seringueira, repassada nas capacitações ministradas pelos técnicos em cada município, permite a um trabalhador sangrar cerca de 3 mil plantas. Isso, o heveicultor trabalhando somente dois dias na semana. Ele afirma que a técnica é mais vantajosa e oferece segurança ao trabalhador que não precisa se deslocar a longas distâncias na floresta. “Esse plantio ficará próximo à casa do heveicultor, então ele não precisará se sujeitar a grandes deslocamentos e aos perigos da mata. Durante o período de desenvolvimento das árvores ele também pode plantar outras espécies vegetais em espaços intercalados entre as seringueiras. O espaçamento entre as árvores será de 8 x 2,5 metros”, disse.

Para o pesquisador, o cultivo dos seringais trará novas expectativas ao povo amazonense, que segundo ele, verá, novamente, o sucesso do plantio da seringueira. Ele também falou sobre o resultado do projeto em geração de emprego e renda. “É um resgate à dignidade do Amazonas quanto à produtividade da borracha. A nossa autoestima está muito baixa. A extração da seringa foi algo importante na história e agora, se resolve um problema sério e secular relativo a uma doença que dizimou o plantio das seringueiras”.

O secretário da Sepror, que é engenheiro agrônomo, Valdenor Cardoso, avalia o projeto como relevante nos âmbitos econômico, social e ambiental para o Amazonas. Ele adiantou que a secretaria está em busca de recursos financeiros para custear as despesas necessárias para o desenvolvimento do projeto a partir das próximas etapas. “Vamos apoiar a Embrapa no que for preciso. Queremos ajudar no transporte, dar suporte durante o plantio das mudas e também oferecer crédito rural. O refinamento do programa está em andamento, sempre com nosso apoio”, ressaltou. “Esse projeto trará geração de emprego e renda, a diminuição da importação da borracha e o consequente abastecimento do mercado local”, completou.

Enxertia permite cultivo de seringais no AM

Além do incentivo ao plantio das seringueiras, o projeto “Novas Tecnologias para a Dinamização da Produção da Borracha Natural no Amazonas” também implementa a tecnologia das árvores tricompostas, uma pesquisa desenvolvida a partir de uma combinação de enxertias de seringueira altamente produtiva em látex com clones de seringueira que têm a copa resistente ao fungo Microcyclus ulei, conhecido como o mal das folhas.

As árvores tricompostas são formadas a partir da composição de três plantas: o plantio inicial é feito a partir de sementes de uma seringueira comum, que depois recebe a enxertia de outra planta de seringueira selecionada pelas suas características de boa produção e qualidade de látex que irá formar o tronco (painel); quando a planta atinge o tamanho adequado recebe a enxertia de um clone de seringueira que possui copa resistente ao fungo causador do mal das folhas. A árvore resultante da combinação dessas enxertias consegue sobreviver e manter a produção nas áreas onde há a presença do fungo, que até então é o principal limitador para o cultivo racional de seringueiras na região amazônica.

Everton Cordeiro explica que o objetivo desse estudo é obter seringueiras produtivas, resistentes ao mal das folhas e ainda ter um látex de boa qualidade. Ele afirma que uma árvore enxertada tem maior produção se comparada a uma não enxertada. “A produção média da borracha na Amazônia é inferior a 400 quilos por hectare. As plantas tricompostas produzem algo acima de 1,5 mil quilos por hectare”, disse. “Atualmente temos uma área de um hectare de seringueiras plantadas na Embrapa. Em Tabatinga também há uma área onde existem dois hectares plantados”, completou. A pesquisa sobre as novas seringueiras teve início há aproximadamente 30 anos sob a coordenação do pesquisador Vicente Moraes.

Faturamento

De janeiro a maio deste ano o setor de beneficiamento de borracha faturou R$ 87,7 milhões, aumento de 50,27% em relação ao mesmo período de 2013, quando o segmento faturou R$ 58,3 milhões, um dos maiores crescimentos proporcionais no PIM, de acordo com dados dos Indicadores Econômicos da Suframa.

Mas, para atender a demanda crescente da matéria-prima, o Estado está importando cerca de 10% da borracha para a produção de pneus de veículos de duas rodas, porque a produção estadual e das demais regiões brasileiras não atendem as necessidades da indústria instalada em Manaus.

Fonte: JCAM

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