08/11/2018
Notícia publicada pelo Jornal Acrítica
O Amazonas tem o 3º maior déficit de coleta de esgoto do Brasil, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado ontem. Com 7,3% dos dejetos coletados, o Estado fica atrás apenas de Rondônia e do Amapá.
Segundo o levantamento da
CNI, o investimento por habitante
no setor de saneamento no Amazonas
corresponde a apenas 20%
da média nacional – R$ 38,74 no
Estado contra R$188,17 do País.
Na avaliação da confederação,
é imprescindível que os investimento sem esgotamento sanitário
sejam ampliados para que os amazonenses
passem a ter acesso à
rede de coleta e tratamento de esgoto. Outro dado que a CNI aponta
como preocupante é o número de
cidades amazonenses com política de saneamento básico.
Em setembro deste ano, o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) divulgou que apenas
18 dos 62 municípios do Amazonas
possuíam plano de saneamento em
2017, contra nove em 2011. O número de municípios amazonenses com
Plano Municipal de Saneamento
Básico dobrou nos últimos sete
anos, mas, ainda assim, não atinge
cerca de 70%das cidades do Estado.
Conforme o IBGE, em 2017, 25
cidades amazonenses registraram
endemias ou epidemias associadas
ao saneamento básico.
Diarreia, verminoses, dengue,
malária e hepatite estiveram entre
as doenças detectadas em
maior número de municípios.
De acordo com estudo da CNI,a
previsão de investimentos privados
em saneamento para o Amazonas entre os anos de 2017 e 2021
é da ordem de R$ 846,6 milhões.
No entanto, apenas Manaus conta
com participação privada na área.
ATRASO
A área de saneamento básico é a
mais atrasada da infraestrutura
brasileira. De acordo com os dados mais atuais, apenas 51,9%
da população dispõem de serviço
de coleta de esgoto e menos
da metade do que é produzido
recebe tratamento.
Segundo o estudo Saneamento
Básico: Uma agenda regulatória
e institucional, da
CNI, para reverter esse quadro
e atingir as metas do Plano Nacional
de Saneamento Básico
(Plansab), o Brasil precisa ampliar
em 62% os investimentos
no setor, o que significa aumentar
a média anual de recursos
para o setor dos atuais R$ 13,6
bilhões para R$ 21,6 bilhões.
SEMINÁRIO
Ontem, a CNI realizou o Seminário
Saneamento 2019-2022, no
qual foram discutidas propostas e
caminhos para o Brasil dar um
salto em investimentos, reduzir o
atraso no setor e cumprir as metas
de universalização dos serviços
de água e esgoto. O evento foi
organizado em parceria com a Associação
Brasileira das Concessionárias
de Serviços Públicos de
Água e Esgoto (ABCON), a Associação
Brasileira das Infraestrutura
e da Indústria de Base (ABDIB)
e a Associação Brasileira da
Indústria Química (ABIQUIM).
CNI defende
a gestão
privada
A CNI considera que a
gestão de companhias
pelo setor privado levará
mais investimentos, melhorará
a qualidade da
água e expandirá as redes
de esgoto nas pequenas e
médias cidades. Atualmente,
72% das cidades
brasileiras com companhias
privadas têm até 50
mil habitantes.
“A experiência mostra
que, nas cidades onde foram
firmadas parcerias
com a iniciativa privada,
houve incremento relevante
na cobertura e na qualidade
dos serviços. Quem
ganha com isso é a população”,
avalia Mônica Messenberg,
diretora de Relações
Institucionais da CNI.
Apenas 6% das companhias
de água e esgoto do
País são privadas. No entanto,
elas atendem 9% da população
nacional e são responsáveis
por 20% dos investimentos
no setor
“Essas diferenças no volume de investimentos são refletidas nos níveis de atendimento das localidades atendidas por prestadores de serviços privados, onde tanto o fornecimento de água como a coleta e tratamento de esgoto apresentam indicadores acima da média nacional”, destacou.