09/03/2015
De acordo com o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, os empresários do Polo Industrial de Manaus (PIM) são os que mais sentem o impacto de qualquer alta na cotação do dólar, uma vez que a indústria local tem um grau elevado de dependência da importação de insumos, todos comercializados em dólar.
“A alta do dólar é apenas um dos fatores. Tivemos o aumento da taxa Selic, na mesma semana para 12,75% e diversas medidas do Governo , que juntas são ingredientes que oneram a produção e agem diretamente sobre o consumo”, detalha.
Segundo ele, o reflexo, como sempre ocorre em situações de crise, será sentido pelo consumidor final, que perceberá a diferença nos preços de alguns produtos em, no máximo, três meses “Produtos que necessitam de grandes quantidades de insumos importados como smartphones e tablets, devem ficar mais caros assim que as empresas precisarem renovar o estoque de insumos. Naturalmente, elas precisaram repassar parte dos custos para os consumidores”, explica.
Espiral negativa
O presidente do Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus (Sinaees-AM), Celso Piacentini, ressalta que a indústria está espremida entre os aumentos de custo e o consumidor. “Não podemos repassar tudo para o consumidor, porque ele simplesmente não vai adquirir o produto, se este for muito caro, uma vez que o seu poder de compra se encontra reduzido. com os custos elevados, resta ao empresário reduzir a produção e consequentemente, sua margem de lucro”, apontou.
Para ele, a indústria, passa por uma espiral negativa que gera apreensão quanto aos efeitos a médio prazo “O cenário já levou à redução de produção, ao menor poder de compra do consumidor e pode impactar a mão de obra, configurando a temida recessão”, alertou.
Soluções para enfrentar a crise
Para o vice-presidente da Fieam, Nelson Azevedo, os empresários da indústria devem focar na exportação para aliviar os danos, aproveitando o lado positivo da alta do dólar, que beneficia o envio de itens para o exterior. “Acontece que nossos principais clientes são Argentina e Venezuela, que também não enfrentam bons momentos em suas políticas internas. Por isso, precisamos nos focar em abrir novos mercados no exterior, como forma de driblar a crise”, propôs.
Já para o economista Ailson Rezende, é preciso se concentrar sobre problemas ainda maiores. “Resolver a ‘paralisia’ da Suframa, por exemplo, que desde agosto de 2014 realiza reunião do CAS para aprovar novos investimentos nos preocupa mais do que a alta do dólar”, criticou.
Fonte: Portal Acrítica.com.br