16/09/2013
Dados da Secretaria de Saúde do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM) apontam que, em 2012, 456 funcionários foram afastados das funções pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com doenças ocasionadas por más condições de trabalho.
O número, que corresponde ao segmento metalúrgico, de duas rodas, naval, mecânico e eletroeletrônico, é 6,7% superior em relação ao total de afastamentos verificado no ano anterior, quando foram registrados 427 casos. Segundo o sindicato, o número real é ainda maior, uma vez que a estatística foi baseada apenas nas Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs) informadas à entidade.
O operador Emerson Paz, que desde 2003 trabalhava na área de embalagens da LG Eletronics, foi afastado da empresa após apresentar tendinite e bursite nos braços devido a esforços e movimentos repetitivos. “Minha função era embalar os televisores, fechar a caixa e empilhar. Fechávamos entre 80 e 110 caixas por hora”, lembra.
O operário chegou a retornar ao trabalho, mas foi afastado novamente para poder operar as lesões. Desde então, ele recebe o pagamento pelo INSS e aguarda melhorar de quadro para voltar ao serviço. “Agora, espero a liberação do médico para exercer minhas funções normalmente. Espero que me desloquem para outro setor, que cause menos impacto a minha saúde”, comenta.
Doenças
Lesões no ombro e inflamações nas articulações foram as maiores vilãs dos operários das fábricas de Manaus, ano passado. Com 304 casos de afastamento, representaram 66,6% do total de doenças ocupacionais registradas.
As lesões de punho e de síndrome do túnel do carpo - que causa formigamento e dormência nos membros superiores -, anotaram 61 casos e os problemas de coluna e hérnia de disco totalizaram 51 afastamentos. Diminuição da visão e da audição, problemas no quadril, joelhos e até síndrome do pânico também foram registradas em 2012.
Ranking
Com 74 funcionários afastados, conforme o sindicato, a Moto Honda liderou o ranking de doenças ocupacionais no PIM, seguida da Nokia com 48 casos, da Yamaha (44) e da LG Eletronics (39). A Samsung e a Philips também figuraram na lista com 28 e 23 afastamentos, respectivamente.
Outra estatística, desta vez, do Ministério da Previdência Social, apontou que entre 2009 e 2011, 1.475 afastamentos foram verificados no Amazonas, sendo 52,8% do total de pessoas afastadas formado por mulheres. Os números consideraram apenas os registros em CAT. Afastamentos sem registro superam a marca de 2 mil casos.
Causas
Jornadas prolongadas, movimentos repetitivos e a ausência de intervalo para descanso estão, de acordo com o presidente do Sindmetal-AM, Valdemir Santana, entre os principais fatores que causam as doenças no parque fabril de Manaus.
Segundo ele, as empresas precisariam oferecer ginástica laboral, estabelecer intervalos de 15 minutos a cada duas horas, providenciar cadeiras para descanso e rodízio de funções para evitar lesões nos trabalhadores.
Fonte: Amazonas Em Tempo