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Abertura e fechamento de empresas no Amazonas está crescendo no mesmo nível

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26/09/2022

Reportagem: Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori

O saldo de empresas no Amazonas voltou a sofrer abalo em agosto. O Estado totalizou 721 constituições no mês passado e praticamente e avançou 6,97% sobre o patamar de julho (674). O dado também foi 5,72% mais forte do que o de 12 meses atrás (682). A taxa de mortalidade de empresas voltou a crescer, embora em ritmo menor. Ao menos 358 pessoas jurídicas encerraram atividades, quantidade pouco superior (+1,13%) à registrada no levantamento anterior (354). O aumento, contudo, foi bem mais substancial, quando comparado a agosto de 2021 (301), apontando uma diferença de 18,94%.

Em sintonia com um cenário econômico ainda impactado por guerra, ameaça de recessão global, e incertezas generalizadas em ano eleitoral, o saldo de pessoas jurídicas no Amazonas se manteve negativo no acumulado dos oito meses iniciais deste ano. O Estado somou 5.268 novas empresas, 5,49% a menos do que entre janeiro e agosto de 2021 (5.574). A mesma comparação indicou escalada de 25,19% nas baixas, entre os acumulados parciais de 2021 (2.060) e de 2022 (2.579). Os dados são da Jucea (Junta Comercial do Estado do Amazonas), e foram baseados no relatório do SRM (Sistema Mercantil de Registro) – vinculado ao Ministério da Economia.

De acordo com o levantamento mensal, entre as 358 pessoas jurídicas amazonenses que saíram do mercado no mês passado, a maioria (222) estava na categoria de empresário individual, em número muito próximo ao de julho (225) e igual ao de junho (222). As sociedades empresariais limitadas (112) vieram na segunda posição, seguidas pelas empresas individuais de responsabilidade limitada (e de natureza empresarial), com 23 registros – contra 103 e 26, respectivamente, no levantamento anterior. Houve também o encerramento de atividades de uma sociedade anônima fechada.

Pelo nono mês seguido, o movimento em torno da formalização de abertura de novos negócios no Amazonas (721) voltou a priorizar as sociedades empresariais limitadas (474), em detrimento da modalidade de empresário individual (241) – que declinou novamente. Na sequência, vieram duas sociedades anônimas fechadas, duas cooperativas, uma empresa individual de responsabilidade limitada e um consórcio de sociedades. Em julho, os respectivos números foram 423, 248, 1, 1, 1 e zero. A Jucea não informou a segmentação das aberturas encerramentos por CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) e município.

Volatilidade nos MEIs

O levantamento da Jucea não inclui os MEIs (microempreendedores individuais) – constituídos de forma virtual, pelo Portal do Empreendedor, do governo federal. Os dados do SRM sinalizaram alguma estabilidade para o segmento. As aberturas nessa modalidade expandiram 3,08%, entre julho (3.079) e agosto (3.174) de 2022. Mas, a comparação com o dado de 12 meses atrás (3.339) apontou para uma redução de 4,94%. Já as extinções caíram 2,87% na variação mensal (de 1.078 para 1.047), mas ainda decolaram 40,35% diante de agosto de 2021 (746).

A análise do acumulado do ano confirma um panorama ainda pouco amistoso para os microempreendedores individuais amazonenses, com tendência de maior rotatividade de pessoas jurídicas no mercado local. O número de constituição de novos MEIs no Estado voltou a encolher, embora siga comparação de 2022 (25.367) com 2021 (25.714), embora o desnível já apareça menor (-1,35%). O oposto se deu na quantidade de encerramentos, que escalou 56,29%, de 4.654 (2021) para 7.274 (2022).

“Sinal de alerta”

Em virtude da limitação das divulgações estaduais, por força de legislação eleitoral, a Jucea não se pronunciou sobre os números. Já a ex-vice-presidente do Corecon-AM, e professora universitária, Michele Lins Aracaty e Silva, considerou que a “apática alta” no número de constituições de empresas no Amazonas acende um sinal de alerta para o cenário macroeconômico estadual, visto que, após um período de “muitas dificuldades”, em decorrência da pandemia, a abertura de mais empresas contribuiria para reduzir os indicadores de desemprego ainda “muito elevados” no Amazonas. A economista acrescenta ainda que o percentual de mortalidade de empresas voltou a crescer, ainda que em ritmo mais lento, sendo fator de preocupação.

“Há ainda muitas famílias endividadas e com renda familiar inferior aos patamares que antecederam a pandemia. A inflação também impacta na cesta de consumo e afeta o poder de compra dos salários. Acredita-se que a mortalidade empresarial esteja diretamente ligada ao crédito mais caro, em decorrência das elevadas taxas de juros, que dificultam o acesso aos recursos. Como o quadro ainda é de recuperação econômica, inflação e juros elevados, e também de conflito no Leste europeu, acreditamos que o cenário permaneça sem muitas alterações até o final de 2022”, ponderou.

Juros e eleições

O consultor empresarial e professor universitário, Leonardo Marcelo Braule Pinto, reforça que as estatísticas da Jucea confirmam que as dificuldades de sobrevivência no mercado estão levando a substituição de de negócios comandados por apenas um empresário por empresas com dois ou mais sócios. O economista avalia, por outro lado, que os dados ainda mostram um cenário muito negativo para o empreendedorismo no Amazonas, a despeito da relativa melhora.

“Mas, devido a essa pausa no crescimento da taxa Selic, talvez bons ventos venham a soprar. Demos um primeiro passo a um certo aquecimento, para poder alavancar o crédito nos próximos meses. Mas, a ideia é esperar, pois vamos entrar em um cenário de incertezas, e essa pausa propiciada pelas eleições vai causar ainda mais instabilidade no mercado. Toda a conjuntura macroeconômica do país pode mudar. Talvez a gente tenha de aguardar e esperar como vão se desenvolver os próximos capítulos dessa conjuntura. Tanto no país, quanto no Estado, tendo em vista que a eleição para governador também influencia bastante nessa situação”, encerrou.

Fonte: JCAM

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