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A Zona Franca de Manaus e a reindustrialização brasileira

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03/04/2023

Augusto Barreto Rocha

Há uma grande oportunidade pairando sobre Manaus: a de ajudar na reconstrução industrial brasileira. Com a mudança de reflexão com respeito às Cadeias Produtivas globais, após os impactos reais e psicológicos sofridos pelas economias nacionais após a pandemia, ficou evidente que os países maiores precisam possuir uma estrutura industrial sólida.

Desde os argumentos clássicos de David Ricardo, onde as vocações devem ser aproveitadas, até as visões contemporâneas de Christine Lagarde, atual Presidente do Banco Central Europeu, no encontro anual do FMI, onde afirmou que a Europa colheu grandes frutos da globalização, mas os próximos anos serão incertos, a visão frequente é de que o pós-pandemia apresenta uma grande oportunidade para a reindustrialização dos países.

Rana Foroohar, em seu livro “Homecoming: The Path to Prosperity in a Post-Global World” (algo como “De volta para casa: o caminho da prosperidade em um mundo pós-global”), reafirma que toda economia é local e que há um ambiente posterior ao neoliberalismo, onde a grande tendência é que as indústrias sejam locais. A questão que se apresenta neste debate é: quanto destas oportunidades gerarão trabalhos por robôs e quanto deles por humanos, considerando a tendência crescente de adoção da Indústria 4.0?

As cadeias produtivas de Manaus estão fortemente dependentes de uma estrutura de suprimentos global e ainda não temos forte conteúdo de insumos locais. Então, resta-nos uma oportunidade de curto prazo que é a de aumentar a integração das estruturas produtivas já existentes, substituindo a importação de insumos e ampliando a base local de componentes, expandindo e seguindo o exemplo do que é feito na produção de motocicletas ou de televisores para as outras atividades.

A oportunidade seguinte será a de intensificar a produção industrial com insumos locais, que usem a potencialidade da natureza local. Contudo, o grande desafio aqui será constituir um novo tipo de indústria, onde não há expertise ou marcas que tenham esta disposição ou vocação.

Será necessário um esforço titânico, para gerar resultados inicialmente pequenos, mas com alto potencial transformador. Será que estamos dispostos a encarar este desafio e esperar anos para colher os benefícios?

Este debate está na pauta do evento Brasil Export – Fórum Nacional de Logística, Infraestrutura e Transportes, onde serei um dos debatedores no dia 4 de abril, no Hotel Quality. Lá, defenderei que temos uma oportunidade, muito maior do que o risco, desde que estejamos dispostos a ir além dos incentivos tradicionais e identificar as faixas de interesse para novos produtos destinados aos mercados regionais e nacionais, com forte incentivo para a eficiência operacional e aproximação entre universidades e empresas.

Augusto César Barreto Rocha é doutor em Engenharia de Transportes (COPPE/UFRJ), professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), diretor adjunto da FIEAM, onde é responsável pelas Coordenadorias de Infraestrutura, Transporte e Logística.

Os artigos publicados neste espaço são de responsabilidade do autor e nem sempre refletem a linha editorial do AMAZONAS ATUAL.

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